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Adeus, Vecchio Sogno. Onde se comia a melhor lagosta termidor de BH

Se os restaurantes do primeiro time da cidade continuarem fechando, a boa mesa belo-horizontina vai acabar, com esse vírus mortal atacando a todos


23/01/2021 04:00

Camarões do Vecchio Sogno, restaurante do chef Ivo Faria, vão deixar saudades(foto: Pedro David/Esp.EM %u2013 16/10;07)
Camarões do Vecchio Sogno, restaurante do chef Ivo Faria, vão deixar saudades (foto: Pedro David/Esp.EM %u2013 16/10;07)

Fui surpreendida com matéria aqui neste caderno, assinada por Helvécio Carlos, sobre o fechamento do Vecchio Sogno, meu restaurante preferido na cidade. Com isso, perdi meu delivery dominical, quando resolvia, se não tínhamos almoço, reviver os velhos tempos. Conheci Ivo Faria nos seus tempos de estudante do Senac, que promoveu um almoço para que escolhêssemos o aluno mais indicado para fazer um curso de culinária na Suíça. Votei nele de cara, sua criação era ótima, só não me lembro mais qual era.

Quando Ivo voltou e abriu seu restaurante naquele espaço embaixo da Assembleia Legislativa, era tudo o que a cidade não tinha. Com isso, tornou-se meu programa dominical. Eu e meu marido almoçávamos lá todos os domingos, tínhamos mesa reservada e os pedidos eram tão iguais que nem precisávamos usar o cardápio para escolher. Como entrada, pasteizinhos de vento, pão de queijo, cerveja muito gelada, e depois muito camarão ou lagosta.

Éramos clientes tão constantes que, quando não podíamos aparecer, por um motivo ou outro, Ivo costumava mandar nosso almoço-surpresa em casa. Simpaticamente, num gesto de cortesia único e difícil de ser encontrado no meio.

Como era muito amigo de Memmo Biadi, resolveram ser sócios por um tempo. Mas o sentido de Memmo era a comida doméstica, italiana, herdada de mãe. De Ivo, as novidades que havia aprendido e cultivado na Europa, o serviço de restaurante pouco comum por aqui, com entradas criteriosamente calculadas para não atrapalhar o prato principal e as sobremesas divinas.

Foi ele quem apresentou a BH o petit gâteau, aquele bolinho de chocolate servido quente com sorvete e recheio escorrendo, em pouco tempo copiado por várias casas da cidade. Sobremesa que parece bem banal e simples, mas é difícil de fazer na perfeição.

No Vecchio Sogno, comia-se a melhor lagosta termidor da cidade, sonho de sabor que se derretia na boca. Qualquer prato do cardápio era preparado com o maior cuidado, atendia aos paladares mais refinados.

Desde que a pandemia se abateu sobre a cidade não apareci mais por lá. Mesmo sabendo que, fazendo reservas, era possível almoçar aos domingos. Dia em que todos nos conheciam, do porteiro que guardava o carro aos garçons que atendiam nas mesas.

Tempos atrás, Ivo abriu uma pizzaria que seria dirigida por sua filha. Nunca fui lá – nem sei se funcionou muito tempo, ou se já fechou também. Uma coisa é certa: se os restaurantes do primeiro time da cidade continuarem fechando, a boa mesa belo-horizontina vai acabar, com esse vírus mortal atacando todos. Ele só não ameaça o poder político do país, que prefere bater boca como fofoqueira em lugar de resolver, mesmo, os nossos problemas de saúde.

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