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Estado de Minas ANNA MARINA

Contra todos os prognósticos, o Natal foi comemorado por milhares

Depois deste ano tão aziado, estar junto da família, com presente ou sem presente, é uma alegria só


25/12/2020 04:00

(foto: Luiz Cesar Costa/Divulgação)
(foto: Luiz Cesar Costa/Divulgação)

 
 
Se Deus estiver de nosso lado, e acredito que esteja, devemos ter comemorado as festas natalinas com a família reunida e muita felicidade. Difícil passar o Natal sem ter rostos amigos mostrando a alegria da data. E mais difícil ainda é virar esta data sem presentear as pessoas queridas. Como sou muito nataleira, não posso deixar de lado todo o cerimonial da época. Adoro decorar minha casa com muitos arranjos, com uma bela árvore, com um presépio encomendado especialmente, que faz parte da história da minha vida. Sou tão conservadora que o pequeno leito onde fica deitado o Menino Jesus foi feito há anos por minha mãe, que não está mais nesta terra.
 
No último domingo, ao mandar uma panorâmica da casa para meu sobrinho que mora no Canadá, recebi dele esta ressalva gozativa: “O presépio está errado, porque já está com o Menino Jesus, que ainda vai nascer...”. De qualquer forma, acho que uma das utilidades do celular é poder conversar com as pessoas queridas, vendo e mostrando sua realidade. Ele aproveitou para mostrar também sua casa, que fica numa cidade linda, Edmonton, muito parecida com um cenário cinematográfico, de tão certinha e arrumada. A árvore também estava linda, referência ao frio lá de fora, a neve cobre tudo, com vários graus abaixo de zero.
 
Só que de minha infância para os dias atuais, o Natal se transformou em outra coisa. No meu tempo, era possível ser festejado com uma garrafa de guaraná, raridade nas casas não muito abonadas, um livro de histórias, um almanaque do Príncipe Valente (tenho o meu até hoje) e até um par de meias. Valia tudo, porque o dinheiro era pouco e raro – o Natal só chegava com muitos presentes para quem tinha muita grana.
 
No geral, significava uma bela ceia que raramente tinha peru, mas um belo leitão ou pernil, muitas frutas raras na época, como maçãs, uvas e peras, um ou outro pacote de doces, aqueles figos secos que vinham em latas, algumas nozes e, imperdíveis, as castanhas portuguesas, que têm gosto de Natal. A alegria era mesma, sem montes de presentes. A razão era o espírito natalino, que realmente imperava.
 
As crianças de hoje não gostam mais de livros, preferem o celular, não aceitam jogos de brincadeiras, preferem o Lego, alguns dos modelos com tantas peças que podem custar acima de R$ 7 mil. Fico imaginando os tempos em que a alegria dependia de uma bola de futebol, um fogãozinho e panelinhas (nem são fabricados atualmente nem vendidos em lugar nenhum), as simpáticas bonecas feitas em casa, com retalhos, fáceis de carregar e levar para a cama. Até as bonecas que tanto encantavam as meninas estão saindo da moda. O que elas preferem, mesmo, é o kit de maquiagem, uma escova para enrolar os cabelos e outras coisas que os adultos usam.
 
Tenho uma dificuldade danada de aceitar certos progressos – eu que, quando mais nova, era adepta total das novidades. Mas acho que nada substitui um bom livro, um brinquedo que leva as crianças a repetir a ocupação dos adultos e por aí vai. Quem não se lembra do telefone que “funcionava” de um canto para o outro da sala, sem precisar ser ligado? Criança de hoje não usa telefone, usa celular para falar rapidamente ou para digitar o que quer. Aquele contato que ligava tanto as pessoas já não é necessidade dos dias atuais – basta prestar atenção em casais no restaurante. Cada um fala no celular – com outras pessoas, é claro.
 
Espero que quem curtiu a data para reunir a família mantenha uma tradição: aproveitar com mais calma, prazer e menos presenças o que foi a ceia natalina. Afinal de contas, depois deste ano tão aziado, estar junto da família, com presente ou sem presente, é uma alegria só. Natal é festa de amor, amizade e compreensão.

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