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Estado de Minas entrevista/Fernanda Amaral Neves Thibau Betti - 41 anos, empresária

Precioso legado

"A proposta da Alphorria continua a mesma, a marca tem um DNA muito forte desde o seu nascimento"


09/08/2020 04:00

(foto: arquivo pessoal)
(foto: arquivo pessoal)


Fernanda Thibau é um caso típico daquelas crianças que cresceram dentro de uma fábrica de roupas. A Alphorria, empresa familiar fundada pelos pais, Edna e Evaldo Thibau, está no seu sangue.Completando 35 anos de mercado, a marca tem uma trajetória importante na história da moda nacional. Entre os momentos mais relevantes, estão a participação nas principais semanas de moda brasileiras, como o Rio Fashion e o São Paulo Fashion Week, memoráveis desfiles realizados no calendário de lançamentos belo-horizontinos, além dos catálogos dignos de acervo pelo esmero da produção e ficha técnica envolvida.A Alphorria é, antes de tudo, um caso de amor de Edna Thibau, que começou um trabalho pioneiro com a malha construindo shapes por meio da moulage, ainda pouco difundida nos meados dos anos 1980.
 
Coube à Fernanda, filha mais velha do casal, levar à frente o legado de sucesso. Em três décadas e meia, o mercado da moda deu muitas reviravoltas e a presença de profissionais jovens como ela no negócio familiar é fórmula certa para flertar com a contemporaneidade. Com uma fábrica gigante e bem planejada, que ocupa um quarteirão no bairro do Prado, e uma loja conceito, na Cidade Jardim, a Alphorria continua fiel a alguns preceitos: não participa de feiras - embora já tenha tido experiências nesse tipo de evento - e conta com um time de bons representantes que cobre o país e é responsável pela distribuição e venda das coleções. Casada com o advogado Guilherme Betti, mãe de João Victor, de 9 anos, e Bernardo, de 7, Fernanda começou, oficialmente, seu trabalho na marca há uma década e passou por vários setores até chegar ao status atual. Com uma rotina cheia de afazeres, nos momentos de folga a família ganha prioridade total: “Gosto muito de ficar em casa, assistir séries, ir para a fazenda nos fins de semana, enfim curtir marido e filhos”, garante a empresária.
 

"Temos o trabalho de apresentar o conceito para uma determinada coleção totalmente coerente com a nossa proposta e história. Nossa imagem é, para todos nós, o nosso maior legado"

 
 
Você era advogada atuante. Em que momento se tornou CEO da Alphorria? 
Realmente sou formada e pós-graduada em direito. Era advogada e professora universitária. O interesse pelo negócio da família veio após o meu casamento, quando quis participar mais ativamente da Alphorria. Fui começando aos poucos, já que a área da gestão sempre foi do meu interesse.

A marca nasceu com uma proposta anos 1980 inspirada em uma mulher sexy e elegante, estilo Versace. Como isto evoluiu?
A proposta da marca continua a mesma, a Alphorria é uma marca com um DNA muito forte desde o seu nascimento. A evolução é do próprio conceito de elegância da mulher, que busca adequação ao estilo de vida no ano de 2020. Nossa proposta sexy sem a vulgaridade ainda é bem presente nas nossas roupas, pois valorizamos o corpo feminino na mesma medida da elegância. Ser sexy e elegante por natureza.

Quem é essa mulher Alphorria hoje?
A mulher Alphorria é aquela que determina sua própria vida. Extremamente elegante, sofisticada, uma mulher à frente de suas conquistas, capaz de exercer inúmeras tarefas durante seus dias, desde o trabalho, família, amigos, e que não abre mão de seu conforto e sofisticação na medida adequada da ocasião.

Quais os desafios de continuar o trabalho de pessoas tão carismáticas como seus pais, Edna e Evaldo Thibau?
O legado dos meus pais é para todo o mercado da moda nacional. São pessoas extremamente admiradas e respeitadas nesse meio, o que torna o meu desafio ainda mais especial. Porém, o foco de manutenção dos valores que aprendi com eles são ensinamentos de vida dos quais não abro mão. Continuar um trabalho em um mundo bem mais globalizado e rápido, mas apoiados sempre em respeito, ética e honestidade.

A Alphorria tem uma storytelling incrível, que passa por sua mãe catando peninhas de galinha para incrementar as roupas do momento. Qual a história que ela conta para o mercado na atualidade?
A mesma história que nos trouxe até aqui. A Alphorria está completando 35 anos. Durante a nossa caminhada, sempre tivemos na vanguarda dialogando com a contemporaneidade e criando peças para mulheres fortes, decididas, femininas, que buscam conforto aliado ao bem-estar e qualidade nos produtos. Para a atualidade e para os próximos anos vamos continuar escrevendo nosso storytelling prezando pelos nossos princípios e valores. Nossa essência está em propostas atemporais que validam, em todos os tipos de compromissos sociais, a personalidade forte das mulheres que usam a marca.

A marca participou de muitos movimentos nacionais importantes da moda brasileira, como o 
São Paulo Fashion Week e o Fashion Rio. Qual é a estratégia de marketing institucional que 
a norteia no momento?
Minha estratégia sempre foi o relacionamento comercial. Cuidar de cada cliente individualmente, relacionar com os lojistas de forma pessoal e única, criar ferramentas e incentivos para o sucesso do nosso parceiro. Assim, toda nossa estratégia de marketing visa gerar o desejo no consumidor final pela nossa marca, mas sempre fortalecendo e apoiando as multimarcas, que nos representam, em todo o Brasil.

O investimento na imagem da marca também sempre foi notável, com catálogos robustos e lindos, fotógrafos reconhecidos e modelos internacionais. Quem cuida da imagem Alphorria no momento?
A imagem da Alphorria é cuidada por uma equipe multidisciplinar. Os setores de marketing, comercial e de estilo acompanham e aprovam todo o material de comunicação da imagem da marca. Temos todo o trabalho de apresentar o conceito para uma determinada coleção totalmente coerente com a nossa proposta e história. Nossa imagem é, para todos nós, o nosso maior legado. 

Qual é a opinião da Alphorria sobre as influenciadoras que, apesar de não estarem ligadas 
emocionalmente com as empresas, vendem seus produtos?
É necessário que as empresas acompanhem as tendências e inovações do mercado de consumo. Para a Alphorria, o marketing de influência é uma estratégia atual, que utiliza novas maneiras de trabalhar a imagem publicitária da marca de modo a difundir suas mensagens e promover os seus produtos. Acreditamos que, quando se estabelece uma colaboração planejada entre marca x influenciadores, respeitando o posicionamento ético da empresa e relacionando aspectos de diversidade e acessibilidade dos produtos, a parceria se torna um sucesso.

Como é o seu trabalho na empresa? Além de administrá-la, você também coordena o estilo?
Tenho toda uma história de crescimento na Alphorria. Não cheguei e sentei em uma mesa de chefe. Trabalhei em todos os setores, conheci todos os processos, vivenciei toda a logística, métodos, dificuldades e, aos poucos, fui coordenando o trabalho de acordo com o que acreditava. Sempre apoiada em meus pais, que estavam à disposição para tirar todas as minhas dúvidas, ouvir minhas propostas e darem um feedback. Atualmente, coordeno o setor de estilo e produção, marketing e comercial, e administração da loja conceito.

O que aprendeu com sua mãe nesse sentido?
Tudo. Com minha mãe aprendi, primeiramente, a amar a moda e a indústria. Aprendi todos os processos, passos, desafios para a aprovação e liberação da roupa, desde a peça piloto até a produção final. Aprendi a buscar um novo olhar diante das dificuldades e dos problemas e, o mais importante, aprendi o verdadeiro DNA da Alphorria.

Até hoje a Alphorria usa representantes como canal de distribuição e vendas. Essa fórmula ainda funciona?
Sim, no atacado trabalhamos com os representantes comerciais, que recebem os mostruários e atendem os clientes de sua região. Esse modelo de negócio é extremamente funcional para o trabalho no atacado, pois nos permite estar próximos aos lojistas, tanto fisicamente quanto no nosso relacionamento. O representante conhece muito a região, o trabalho do lojista, entende o seu perfil de trabalho e consegue sempre oferecer as melhores ferramentas, seja nas roupas ou nas próprias ações para essa loja.

Por que a empresa desistiu de investir nas franquias? O investimento nesse modelo de negócios não deu certo?
Tivemos três franquias da Alphorria. O que não funcionou foi a distância entre a nossa diretoria e gestão de lojas para a própria gestão das lojas franqueadas. Isto no sentido de compartilhar e ter a mesma visão em termos de estratégia, de planejamento do semestre para a venda da coleção. Sentimos que precisamos estar mais próximos na gestão de lojas Alphorria, como acontece aqui em Belo Horizonte.

Há planos de abrir mais lojas adiante?
Sim, nunca perdemos o foco na abertura de lojas, pois sabemos o quanto o consumidor final quer estar bem próximo da marca. Mas, pela nossa experiência, sabemos que as próximas lojas deverão ser administradas por nós e ainda não tivemos esse tempo de dedicação.

Você é diretora do Instituto AMEM - Associação Mineira das Empresas de Moda. Qual a expressividade desse movimento, que começou abrangendo marcas de todas as regiões da cidade, e, atualmente, é essencialmente ligado ao bairro do Prado?
Sim, sou vice-presidente da AMEM pelo segundo mandato consecutivo. Acredito que a união dos empresários do setor é fundamental para o fortalecimento do mercado como um todo. Nossa associação cresceu muito nos últimos anos e nos tornamos mais forte juntos. Somos reconhecidos por outros setores e esse ecossistema é extremamente importante para nossos negócios.

Qual a participação dos seus pais na empresa?
O meu pai é o diretor financeiro e administrativo, ou seja, toda a questão financeira é gerida diretamente por ele. Minha mãe é a diretora criativa. Compartilhamos todo o nascimento da coleção, estratégia. Após essa definição, continuo o trabalho de gestão da equipe e da coleção.

Qual foi o maior desafio que você já enfrentou até hoje?
Sem sombra de dúvidas, a do momento que estamos vivenciando. A instabilidade, imprevisibilidade e falta de conhecimento de uma situação tão atípica e séria tem sido o maior desafio para todos nós. Estamos focados, serenos, comprometidos e planejando um dia por vez na administração da empresa. Decisões precisam ser tomadas de forma mais intensa e rápida e a incerteza de um planejamento a longo prazo nos deixa mais alertas nesse momento. E o cuidado com a nossa saúde e de todos que estão à nossa volta nos torna ainda mais responsáveis por nossas atitudes e gestão.

Você é tida como “durona” na chefia. É verdade?
Não me considero durona não, me considero uma pessoa séria e determinada. Sou altamente compreensível, disposta a ensinar a todos, ouvir, estimular e motivar. E sei que, para atingir nossos objetivos, precisamos de um time integrado e engajado. Adoro me relacionar com pessoas e todos os colaboradores ao meu lado se sentem motivados. Talvez minha determinação possa ser confundida com ser durona, porque desistir não é algo que está à minha volta. 


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