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Você não consegue deixar de comer à noite? Saiba o que fazer

Psicoterapia, acompanhamento de um nutricionista e indicação medicamentosa podem ajudar a conter impulso


28/08/2020 04:00

 Aprendi há muito tempo (há mais de 30 anos) que quem tem diabetes deve ficar sempre atenta a mil e um efeitos colaterais que não são fáceis, quando não são atendidos a tempo. Um desses problemas é a fome, provocada principalmente em quem toma insulina. E é por isso que os diabéticos são aconselhados a carregar, constantemente, um pacotinho de balas por onde forem. Se a glicemia cai, e é notado um princípio de tonteira, uma bala bem doce pode amenizar o problema.

Outra sugestão que gosto de seguir é comer alguma coisa de três em três horas para rebater a queda de açúcar. Minha companheira inseparável para esse tipo de prevenção é a banana, que tenho sempre na minha sala na redação do EM e em minha fruteira doméstica. E praticamente todas as noites o organismo aponta essa necessidade e sempre estou, às 3h da madrugada, saboreando uma banana. Aqui vale um parágrafo: li esta semana que a Universidade Federal de São Carlos, em São Paulo, está fazendo importante pesquisa entre o diabetes e a síndrome do declínio cognitivo – aquele que leva ao esquecimento – e já fiquei de orelha em pé – fecha parágrafo.

Agora leio também uma informação que tromba com a minha banana da madrugada. Uma psicóloga paulista, Flávia Teixeira, especialista em transtornos alimentares da Universidade de São Paulo (USP), cria uma teoria sobre a síndrome do comer noturno. Segundo ela, essa síndrome do comer noturno é um quadro que se caracteriza pela grande ingestão de alimentos após as 19h e ao longo da noite, durante o sono, sendo a maior parte da alimentação da pessoa: cerca de 25% a 50% do total das refeições do dia. Segundo ela, o fato de a pessoa não conseguir ter o controle sobre comer ou não traz um grande sofrimento, sendo esse um dos critérios que denotam um transtorno alimentar.

“A preocupação do indivíduo está em não se conter diante da vontade de comer, gerando sentimento de impotência e incapacidade. Não existe a preocupação com o corpo e o ganho de peso. Diferentemente da compulsão alimentar, não há culpa ou vergonha após comer, e a pessoa tem plena consciência do que está fazendo. Alguns relatos indicam que é possível o indivíduo se levantar até seis vezes durante o sono. Mesmo sem estar com fome, há o despertar e a necessidade de buscar alimento”, conta a psicóloga.

É claro que esse não é o meu caso, mas pelo que a especialista avalia, o problema existe e ataca muitas pessoas. Esse transtorno já vem sendo estudado há bastante tempo, mas ainda não se tem uma descrição exata do que desencadeia os despertares com busca por alimentos. Estudos apontam alguns distúrbios nos modeladores de sono e de fome como sendo uma das possíveis causas, uma vez que seus níveis estejam reduzidos, levando à necessidade de comer acompanhada de vários despertares noturnos.

Segundo Flávia Teixeira, caso a pessoa acorde para buscar algum alimento, mas não encontre algo que a satisfaça, é capaz de ela não conseguir voltar a dormir. “Acordar várias vezes à noite para comer, interrompendo o ritmo do sono, pode gerar insônia constante, sensação de cansaço no dia seguinte, falta de apetite matinal e um desajuste na alimentação ao longo do dia.”

A psicoterapia e o acompanhamento de um nutricionista podem contribuir, mas, por ser um desajuste neuroquímico, a indicação medicamentosa é a maior ajuda que a pessoa pode ter para conter seus impulsos. De acordo com a psicóloga, na maioria dos casos a resposta é positiva, e a pessoa passa a não ter mais o transtorno do comer noturno. “Não espere muito para buscar ajuda e nem tente controlar esses impulsos sozinho. Por ser um desajuste químico, não é possível conseguir sem auxílio médico. As tentativas só trarão frustração e aumentarão seu sentimento de impotência e incapacidade”, aconselha Flávia Teixeira.

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