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Como os pais devem proceder com as crianças que mentem?

Broncas severas ou castigos não são boas opções. Mostrar os benefícios da verdade é o melhor caminho


25/08/2020 04:00 - atualizado 24/08/2020 23:13

A coluna de hoje usa a experiência da educadora e psicopedagoga paulista Sueli Braví Conte para abordar um assunto que todas as mães não gostam de comentar: as mentiras que os filhos contam. Algumas bem infantis, outras nem tanto. Vamos ao que ela ensina:

“O limite é uma experiência afetiva que atinge tanto os pais quanto os filhos. Ninguém sai ileso e muitas vezes é difícil mesmo dizer um 'não'. Sentimos pena, hesitamos e, às vezes, acabamos cedendo. A criança percebe tudo, inclusive nossa insegurança. Mas nem por isso devemos deixar de impor limites. Frustrar é altamente saudável e, também, necessário para a constituição do ser humano. Ao mesmo tempo, a falta de limite é o pior estado de angústia. Ao estabelecer os limites é preciso sustentá-los com firmeza.

Em meio a tudo isso, há um processo que dificulta o respeito às regras: são as mentiras. Os pais ficam de cabelo em pé quando percebem que o filho está mentindo. A primeira reação é dar bronca, colocar de castigo e depois tentar uma conversa. Mas qual seria a melhor reação dos pais quando descobrem uma mentira contada pelo filho? De início, devemos saber que crianças de até 5 anos não conseguem separar a fantasia do real. A imaginação faz parte do desenvolvimento normal da criança e é base para o pensamento lógico que o adulto tem. Com o passar dos anos, porém, a fantasia dá lugar à noção de realidade, sem desaparecer totalmente.

A partir dos 6 anos, a criança ainda brinca com a sua imaginação e cria situações que não são reais. Nesse período, as invenções já são bem menores. A mentira se torna algo intencional a partir dos 7 anos, quando a criança já adquiriu noções de valores sociais e sabe exatamente a diferença entre a verdade e a mentira e quando ela, a mentira, pode prejudicar o outro. Normalmente, as crianças maiores mentem por temer repreensões e castigos, para fugir das suas responsabilidades ou chamar a atenção dos pais. Ou seja, uma criança vai mentir que está doente para não ir à escola, inventa que tem milhares de amigos no Facebook ou que fez uma viagem maravilhosa com os pais no fim de semana simplesmente para não ficar 'por baixo' dos amiguinhos.

Outro aspecto que precisa ser observado é que o exemplo dos pais pode levar as crianças a mentir. Se os pais mentem pedindo para o filho dizer que não está quando o telefone toca ou são tolerantes quando o pequeno mente, a criança poderá achar natural mentir e fica sujeita a fazê-lo. Se tiver dúvida sobre a história da criança, não insista, peça que conte a história horas mais tarde e compare as versões ou faça perguntas amplas  como 'O que aconteceu na escola?'  em vez de 'Te bateram na escola?', 'A professora gritou mesmo com você?', e 'O que você fez para ser encaminhado à diretoria?'. A criança deve sentir que ao contar a verdade terá a admiração e confiança dos pais, professores e amigos e que a mentira 'tem perna curta' e logo será descoberta e desaprovada por todos.

Broncas severas ou castigos podem levar a criança a mentir mais vezes para não receber novamente esse tipo de punição. Mostrar os benefícios da verdade e os prejuízos que a mentira traz para a própria criança e para as outras pessoas é o melhor caminho. Quando o comportamento mentiroso é muito frequente ou se estende muito além dos 7 anos, uma ajuda profissional deverá ser procurada. Nesse universo, os psicólogos concordam sobre 'as falas dos adultos afetarem a autoimagem, a autoestima da criança e, muitas vezes, determinam o seu caráter, a sua personalidade e até mesmo o seu destino'. Segundo os especialistas, há uma conexão direta entre o modo de as crianças sentirem e o modo de se comportar. Quando elas se sentem bem, se sentem aprovadas, admiradas, respeitadas, se comportam bem.

Alguns profissionais ainda concordam que a capacidade de dizer mentiras a partir dos 2 anos é um sinal do desenvolvimento rápido do cérebro e significa que essas crianças estão propensas a ser manipuladoras e usar as informações que as cercam como vantagem. Essa capacidade está ligada ao desenvolvimento das regiões do cérebro que permitem que as funções executivas aflorem, o que fará dessa criança um grande empresário no futuro ou um indivíduo dinâmico, porém, marginalizado. Portanto, atenção pais para as pequenas mentiras que, com o tempo, poderão ganhar proporções que dificultem uma vida de convivências saudáveis”.

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