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Sustentabilidade está no centro das discussões na indústria da moda

A lucrativa indústria do luxo está atenta. Futuramente, ninguém comprará produtos que não respeitem o meio ambiente


postado em 31/01/2020 04:00

Desfile do belga Walter van Beirendonck (foto: François Guillot/AFP)
Desfile do belga Walter van Beirendonck (foto: François Guillot/AFP)

As marcas de moda multiplicam as tentativas de salvar o planeta em seus desfiles, mas esse gesto corresponde, sobretudo, à limpeza de imagem, denunciam especialistas que pedem a transformação profunda de uma das indústrias mais contaminantes. Sempre atenta às tendências sociais, a moda buscou novamente ser porta-voz da luta contra as mudanças climáticas nos desfiles masculinos realizados na semana passada, em Paris. “Salvemos o planeta Terra”, “Deixem de comprar roupa pronta e barata”, escreveu em seus looks o belga Walter van Beirendonck. Um desfile “totalmente sustentável”, clamou a marca Vetements.

A americana Rhude abriu seu desfile com mensagem apocalíptica sobre o fim da “Mãe Terra”. Mas o estilista Rhuigi Villaseñor disse ter encontrado o texto na internet, na véspera, e revelou desconhecer o autor. “O clima e o meio ambiente se transformaram em slogans do marketing de moda, esquece-se de que se trata de uma das indústrias mais contaminantes”, declarou Christie Miedema, da rede internacional Clean Clothes Campaign, que reúne mais de 200 organizações.

A produção de roupas e calçados é responsável por 8% das emissões mundiais, segundo a ONU. A cada ano, são vendidas cerca de 100 bilhões de peças. A produção duplicou entre 2000 e 2014, de acordo com a organização ambientalista Greenpeace. “A primeira mensagem é reduzir as quantidades, há muitas coleções”, afirmou Catherine Rolin, da ONG France Nature Environnement, em entrevista à AFP.

Nas passarelas, as marcas apresentam uma coleção a cada seis meses, enquanto nas lojas o prazo pode ser mais curto, o que incentiva o consumidor a renovar o guarda-roupa constantemente. Miedema lamenta que algumas iniciativas supostamente ecológicas sofreram distorções, como as de marcas como a H&M, “que oferecem um desconto se você leva (para a loja) a roupa velha... levando você a consumir mais.”

Materiais e tecidos têm impacto ecológico. Microfibras das peças sintéticas acabam contaminando o mar e o algodão precisa de pesticidas e muita água para sua produção, segundo Rolin. Os menos impactantes, afirma, são o linho, o cânhamo e o algodão sustentável. A viscose, alternativa barata para a seda, “é vendida como produto mágico porque não vem da indústria petroquímica, mas abre as portas para o greenwashing, apropriação de virtudes ambientalistas”, afirma Urska Trunk. Ela é autora de  relatório da Fundação Changing Markets que critica a falta de transparência e controle sobre esse material por parte de marcas como Dior, Prada, Versace, Fendi e Dolce & Gabbana.

“O frustrante é que as pessoas pagam mais por um produto de luxo sem a garantia de uma produção mais sustentável. Essas marcas não informam como fabricam sua roupa e nem quem são os fornecedores. Não são transparentes”, lamenta Trunk, lembrando, porém, que há exceções, como a britânica Stella McCartney.

Joël Hazan, diretor associado do Boston Consulting Group, adverte: “Hoje, 80% dos millennials esperam que as marcas desempenhem um papel ambiental e social forte”. O crescimento do mercado de luxo nos próximos cinco anos virá dessa geração. Futuramente, ninguém comprará produtos que não respeitem o meio ambiente.

As gigantes do luxo francesas Kering e Chanel, além de H&M, Inditex, Gap e Nike, lançaram o Fashion Pact, coalizão para estimular ações compatíveis com o aumento da temperatura em 1,5°C, objetivo do Acordo de Paris. “O problema desses compromissos voluntários é que não há controle. Fazem falta rastreabilidade, transparência e a previsão de sanções”, diz Rolin.

A própria organização das semanas de moda, que incluem viagens de avião de milhares de pessoas, montagem de dezenas de cenários efêmeros e o transporte das coleções, também provoca polêmica. A Semana de Moda de Estocolmo foi suspensa no ano passado. Em Paris, a Federação de Alta-costura e Moda prepara medidas para avaliar seu impacto climático. Hazan enfatiza que, na capital mundial da moda, a solução passará por mudanças. Se incluirmos a cosmética na equação, a indústria do luxo é o segundo setor que mais cria empregos na França. “É importante que clientes venham para ver e comprar. Porém, o modelo deve se adaptar. Têm ocorrido abusos e excessos, e a maneira como as semanas de moda se organizam contribui para isso”, adverte. (Com AFP)

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