A paciência que Paulo Guedes tem demonstrado nos intensos meses do governo Bolsonaro surpreendem colegas que conviveram com o ministro da Economia. Um antigo parceiro do mercado financeiro diz que esse não é o Guedes que conhece. “É impressionante como ele tem suportado os desatinos de Brasília, tanto do Planalto quanto do Congresso”, diz o executivo “O Guedes que trabalhou comigo é estourado, não leva desaforo para casa. Esse aí, paz e amor, é outro.” Por mais que o ministro, de fato, evite cair nas provocações e tenha driblado – pelo menos até agora – as armadilhas políticas, cresce no mercado a preocupação com um possível efeito tardio das derrotas que Guedes inegavelmente sofreu, como a suspensão do programa Renda Brasil e o veto do presidente à desindexação de salários e benefícios. “Quando Guedes estourar, vai ser para valer e provavelmente um caminho sem volta”, diz o ex-colega do ministro.
iFood vai ao supermercado
O iFood segue firme com a estratégia de diversificação dos negócios. Ontem, a empresa que surgiu para o delivery de alimentos comprou o SiteMercado, plataforma que faz a intermediação de vendas on-line de supermercados e mercearias. O valor do negócio não foi revelado. Não é um caso único. Recentemente, a B2W, dona de marcas como Americanas, Submarino e Shoptime, assinou uma parceria com o grupo supermercadista BIG para a integração das plataformas de vendas.
Furnas promove leilão de compra de energia renovável
Furnas publica hoje seu primeiro edital para a realização de leilão de compra de energia incentivada de longo prazo. Com as mudanças no setor elétrico, a empresa enxerga oportunidades na revenda de energia renovável, além de incentivar a construção de novos empreendimentos eólicos e solares sem precisar ser dona nem parceira dos projetos. É o primeiro, mas não será o único. A área de comercialização de energia da empresa já prevê a realização de outros certames.
A guerra entre lojistas e shoppings
Muitos lojistas de shoppings que fecharam as portas na crise enfrentam agora desgastantes batalhas jurídicas. Sem faturar, eles são obrigados a entregar o ponto, mas a maioria dos shoppings cobra multas pesadas pelo fim antecipado dos contratos. Os centros comerciais também têm sido duros nas renegociações dos aluguéis. Em São Paulo, o Sindilojas, o sindicato dos empresários do comércio, ajuizou ações contra três shoppings em busca da redução dos valores da locação.
20%
é quanto vão crescer as vendas de carros em 2021, segundo previsão de Carlos Zarlenga, presidente da General Motors no Brasil. O executivo, porém, acha que os níveis pré-pandemia só serão alcançados em 2023
No final do dia, quem manda é o consumidor. Se quiser comprar no on-line e retirar na loja, vai poder. Se quiser comprar on-line e receber rápido, vai ser possível também”
Roberto Fulcherberguer,
presidente da Via Varejo, dona das
marcas Casas Bahia e Ponto Frio
rAPIDINHAS
» A companhia aérea Azul fez as contas e acha que, em outubro, operará 505 decolagens diárias para 89 destinos. Se a meta for realizada, significa que a empresa retomou 60% da operação de um ano atrás. Ou seja: apesar do avanço, ainda há longo caminho para recuperar o que foi perdido durante a pandemia do coronavírus.
» Uma estimativa feita pela Fecomercio/SP comprova o impacto do auxílio emergencial para o comércio. Segundo a projeção, dos R$ 200 bilhões que já foram pagos pelo governo às famílias de baixa renda, R$ 160 bilhões chegaram diretamente ao setor, com destaque para itens como alimentos e utensílios para a casa.
» A pandemia provocou estragos no esporte. Segundo a Fifa, órgão máximo do futebol, a crise gerou perdas de US$ 14 bilhões para os clubes. Na maioria dos países, as partidas foram interrompidas por três meses, o que eliminou receitas com vendas de ingressos, publicidade a transmissão de TV. O futebol retomou aos gramados, mas as finanças dos times continuam ruins.
» A agricultura brasileira está prestes a receber uma avalanche de investimentos por meio de green bonds, como são chamados os títulos emitidos para o financiamento de projetos sustentáveis. Segundo estimativas do mercado, o país tem potencial para captar R$ 200 bilhões em emissões nos próximos cinco anos.