(none) || (none)
Publicidade

Estado de Minas PAIS E FILHOS

Ninho vazio

"Filho é a alegria que vai e volta, sem nunca ter saído" - JCC Barroso


25/03/2023 15:49 - atualizado 25/03/2023 16:04

Ilustração de um casal formado por um homem e uma mulher dentro de um ninho olhando dois ovos com asas voando para longe
"Com certeza você abdicou de atividades que gosta para a criação dos filhos, retome seus projetos, invista em você e se abra para novas experiências". (foto: Reprodução)

O termo, ninho vazio, surgiu para caracterizar os sentimentos de tristeza e solidão associados à saída de um membro da família de casa – geralmente os filhos.

Você prepara o filho para que ele voe, faz tudo certo, dá coragem, educação, tempo, noites em claros de dedicação, conversa e muito amor. Faz tudo para que ele cresça e possa seguir o seu caminho, sair de casa e conquistar o seu mundo.

E ele cumpre sua etapa evolutiva; amadurece e “bate asas”. Voa por diversos motivos: universidade, emprego, casamento ou simplesmente decide que já é hora de sair de casa e morar sozinho.

Um motivo e tanto de orgulho. Mas o que era para ser motivo de realização e sinônimo de liberdade para os pais pode se transformar, para alguns, na síndrome do ninho vazio (SNV).

Essa sensação de vazio geralmente fica mais evidente nas mulheres somando-se ao fator da menopausa. Quando os dois problemas acontecem na mesma época, sintomas como fadiga, alteração no sono e na alimentação, ansiedade, depressão, alterações de humor e diminuição da libido são percebidas com mais intensidade. Assim como o envelhecimento, o declínio da saúde e as modificações na aparência colaboram para a desmotivação e para a baixa autoestima.

O tempo de duração da SNV dependerá de como cada personalidade vai reagir diante de uma situação como essa e, de algumas variáveis como o seu contexto cultural, número de filhos, rede de apoio, entre outras. Em geral dura, no máximo, um ano, e pode ser considerado como uma crise existencial que acompanha o processo de adaptação à reorganização da vida.

Para atravessar este momento, Cyndi Barber, traz quatro lembretes que podem ajudar a amenizar esse processo:

Lembre-se que eles ainda vão precisar de você, os pedidos de conselho nunca acabam, mesmo que sejam somente para sentir a segurança familiar.

O relacionamento entre vocês se fortalece. Na medida em que o tempo passa, os filhos e suas emoções amadurecerem e se estabilizam. Eles começam a compreender melhor algumas das atitudes dos pais tornado mais fácil a troca de experiências.

Eles se lembrarão dos seus ensinamentos. A influência dos pais sobre os filhos é realmente profunda. Eles com certeza adotarão os valores centrais da família, ainda que pareça que não. E pode ser que tropecem um pouco no começo enquanto experimentam sua nova independência, mas vão pousar na base que os pais criaram neles.

Eles vão crescer com seus enganos. Alguns de nossos maiores crescimentos seguem nossos próprios erros. Portanto não tenha medo de recuar e deixar seus filhos falharem, nossos erros costumam ser nossos melhores professores.

E para o senso comum, a vivência desse processo pode ser mais leve com algumas atitudes:

Aceite o momento - É importante que os pais ajudem os filhos no processo de mudança, sendo fundamental que mostrem interesse e que tentem lidar com o momento com leveza, assim como é importante que falem aos filhos como estão se sentindo nesse momento, pois assim poderá ser mais fácil aceitar a saída e sofrer menos com os sintomas da síndrome.

Mantenha contato - Cultivar o contato com os filhos também é essencial para superar a SNV, os pais podem continuar perto dos filhos mesmo morando separados, fazendo visitas, telefonemas de vídeo, ou combinando programas juntos.

Entretanto, os pais precisam compreender que a relação agora é diferente e a dinâmica atual envolve pessoas maduras, que dispensam cuidados e que precisam de sua independência e privacidade respeitadas.

Procure ajuda - Se os pais sentirem dificuldade em superar esta fase, devem procurar ajuda e apoio junto de familiares e amigos, bem como de um terapeuta.

Ressignifique seu olhar. Troque o sentimento de solidão pelo de solitude. (A solitude mesmo tendo significado parecido com a solidão, representa uma escolha positiva de estar bem na própria companhia. É uma sensação de completude, que gera mais autonomia, independência e autossuficiência).

Foque em si mesmo, olhar para a sua própria rotina, os seus afazeres, seus desejos e sonhos serão de grande ajuda para sentir-se melhor, recupere antigos projetos de vida como estudar, cuidar da relação amorosa, viajar, desenvolver um hobby, praticar atividade física, cuidar mais de si e assumir compromissos sociais.

Aproveite o novo momento e o veja como oportunidade de TEMPO. Com certeza você abdicou de atividades que gosta para a criação dos filhos, retome seus projetos, invista em você e se abra para novas experiências.

E para alcançar os objetivos acima, Dr Marco Abud sugere 3 passos:

  1. Listar os papeis atuais (profissional, mãe, esposa, amiga, estudante, esportista, filha)
  2. Pensar em qual ou quais destes papeis da sua vida você quer ampliar. Refletir em quais habilidades  precisarão ser desenvolvidas para alcançar o que deseja.
  3. Definir como irá desenvolver uma dessas habilidade e agir! Tomar esta atitude nos próximos 5 segundos!
Para Abud, a única língua que nossa mente entende para mudar é a língua da AÇÃO. Segundo ele, comportamento é o que muda o cérebro de forma definitiva.

Então aja e lembre-se que, se está passando por tudo isso é porque esse ninho foi construído com muito amor. E por isso mesmo sempre receberá seus passarinhos de volta, que trarão consigo “novos passarinhos” para em seu ninho pousar.

Veja com alegria, orgulho e admiração as asas fortes de seu passarinho que o lançam agora, para um lindo voo.

Dê licença e passagem para que possam voar, cada dia mais alto, com sua bênção.

Finalizando nossa reflexão, lembro da parte de um poema de autoria desconhecida:

“...Filho é um ser que nos foi emprestado para um curso intensivo de como amar alguém além de nós mesmos, de como mudar nossos piores defeitos para darmos os melhores exemplos e de aprendermos a ter coragem. Isto mesmo ! Ser pai ou mãe é o maior ato de coragem que alguém pode ter, porque é se expor a todo tipo de dor, principalmente da incerteza de estar agindo corretamente e do medo de perder algo tão amado.

Perder? Como? Não é nosso, recordam-se? Foi apenas um empréstimo”

*Para comentar, faça seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)