DEZ ANOS DEPOIS

Ambientalista foi um dos primeiros a saber da tragédia de Mariana

"Era mais ou menos 16h40 quando recebi uma mensagem de um colega meu que é engenheiro ambiental e que trabalhava onde houve o rompimento da barragem"

Publicidade
Carregando...

“Era mais ou menos 16h40 quando eu recebi uma mensagem de um colega meu que é engenheiro ambiental e que trabalhava onde houve o rompimento da barragem”. A informação é do ambientalista Eduardo Gomes, ao relembrar, com detalhes, sobre como tornou-se uma das primeiras pessoas ligadas à causa ambiental a tomar conhecimento do rompimento da barragem de rejeitos do Fundão, de propriedade da mineradora Samarco, controlada pelas empresas Vale e BHP Billiton, em Mariana, ocorrido em 5 de novembro de 2015 e que completa 10 anos nesta quarta-feira (5/11).

Fique por dentro das notícias que importam para você!

SIGA O ESTADO DE MINAS NO Google Discover Icon Google Discover SIGA O EM NO Google Discover Icon Google Discover

Imediatamente, ele passou a informação sobre a localização do triste fato ao Estado de Minas, que mobilizou uma equipe de mais 40 profissionais para a apuração dos fatos sobre o desastre, promovendo uma das maiores coberturas da história do jornal. O rompimento da barragem resultou em 19 mortes e despejou cerca de 60 bilhões litros de rejeitos de minério na natureza, considerado a maior tragédia ambiental do país.

Diretor do Instituto Grande Sertão (IGS), de Montes Claros, no Norte de Minas, no dia do desastre de Mariana, há uma década, Eduardo Gomes também foi quem informou sobre a existência de um laudo técnico de especialistas, encomendado pelo Ministério Público Estadual (MPMG) e elaborado desde 2013, que já questionava a estrutura e a possibilidade de ruptura da barragem de rejeitos do Fundão.

“Tomei conhecimento do fato pouco mais de 10 minutos depois do rompimento efetivo (da barragem). Quando ele (o engenheiro) me mandou a mensagem, a notícia não tinha ido ar em nenhum canal (de internet) nem na TV. Foi um susto. Imediatamente ao susto, corri para a internet para ver o local, o ponto exato do rompimento”, recorda Gomes.

Hoje, passada uma década do ocorrido em Mariana, Eduardo Gomes salienta que o desastre da barragem do Fundão foi um “fato emblemático na questão ambiental brasileira” e despertou muitas articulações para mudanças na legislação sobre a segurança na mineração no país, mobilização também reforçada após a tragédia da barragem do Córrego do Feijão, da Vale, em Brumadinho, que provocou as mortes de 272 pessoas.

“Mas, como ambientalista, eu continuo preocupado porque nem tudo foi solucionado. Nós temos muitas barragens ainda do mesmo modelo, na mesma situação de risco. O que melhorou basicamente foi o monitoramento, o acompanhamento dessas estruturas”, observa Gomes.

Ainda sobre as providências para a segurança das barragens de rejeitos de minérios após a tragédia de Mariana, o ambientalista comenta: “De lá para cá, a gente tem observado muita coisa sendo feita, mas ainda existe o risco e essa polêmica em relação ao que fazer com o rejeito dessa mineração de ferro - ela continua ainda muito presente. Nós também apoiamos a mobilização do Ministério Público para alterar a legislação ambiental naquele movimento denominado 'Mar de Lama Nunca Mais'”.

Ele salienta que houve resistência na Assembleia Legislativa de Minas Gerais para a aprovação da Lei Mar de Lama Nunca Mais. “Mesmo com toda a tragédia, a gente via o capital ainda muito forte, presente dentro dos grupos de apoio à indústria, à mineração, sem sensibilidade, sem enxergar a necessidade de uma prática sustentável do ponto de vista também de segurança da população e segurança ambiental. O lucro ainda fala muito alto”, disse.

“Eu acho que Minas Gerais ainda tem que avançar muito nesses conceitos dos impactos ambientais, tanto nas operações e no planejamento quanto nas operações já existentes. E não se pode esquecer desses momentos de tragédia. Não se pode esquecer (das tragédias) porque, quando se esquece, começa novamente a cometer os erros e as falhas na legislação, começa a afrouxar a fiscalização. Aí, novamente, o capital, o dinheiro, começa a prevalecer sobre as decisões”, conclui o ambientalista.

Acesse o Clube do Assinante

Clique aqui para finalizar a ativação.

Acesse sua conta

Se você já possui cadastro no Estado de Minas, informe e-mail/matrícula e senha. Se ainda não tem,

Informe seus dados para criar uma conta:

Digite seu e-mail da conta para enviarmos os passos para a recuperação de senha:

Faça a sua assinatura

Estado de Minas

Estado de Minas

de R$ 9,90 por apenas

R$ 1,90

nos 2 primeiros meses

Aproveite o melhor do Estado de Minas: conteúdos exclusivos, colunistas renomados e muitos benefícios para você

Assine agora
overflay