Os investigadores não têm pistas do paradeiro do empresário. “Temos certeza, porém, que ele não está em Valadares”, informou um investigador da força-tarefa. A construtora dele tem contrato com o Saae para a execução de canais de barragem para captação de água, levantamento de muro de arrimo e recuperação de passeios danificados em razão de obras específicas. O valor anual gira em torno de R$ 400 mil.
Telefonemas monitorados pela Justiça – cujas transcrições o Estado de Minas teve acesso – revelam que Vilmar Rios, um dos acusados de fazer parte da rede de corrupção, pede a um interlocutor que pegue a propina com Thiago. “Entrou mais um negócio ‘pro’ Thiago. Você podia ver com ele, lá pra mim, que eu vou viajar quinta-feira. E vê se ele não adianta pra mim”.
A delação premiada de Jefferson Lima, um dos agentes públicos que desviava dinheiro do Saae, esclareceu aos promotores do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) como a construtora fraudava contratos com ajuda de agentes públicos.
Na prática, um funcionário do Saae elaborava as planilhas dos custos das obras a serem realizadas. De posse das informações, a licitação era publicada e um membro do grupo negociava com a empresa que a organização desejava que saísse vencedora. O integrante do grupo combinava com o empresário que a firma não faria todo o serviço previsto na licitação.
Em razão disso, a firma oferecia um valor menor que as concorrentes. Ao Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco), o delator informou que um agente do Saae “conversava com a empresa que ele queria que ganhasse (a licitação), dizendo que faria um prospecto de, por exemplo, quatro mil serviços de tapa-buraco em um ano, mas, na verdade, só seria demandado dois mil serviços”. E continuou: “O valor que a empresa receberia a mais, ela teria uma margem para abaixar o preço de sua proposta e, ao mesmo tempo, pagar o percentual do pessoal envolvido”. (PHL)
HABEAS CORPUS
O Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) julga hoje o recurso impetrado pelos advogados de Roberto José de Carvalho, dono da Valadarense, empresa acusada de financiar um mensalinho aos vereadores de Governador Valadares. Ele está preso desde maio. Na última semana, uma das filhas dele, Juliana, conseguiu recurso que a deu direito de prisão domiciliar. No caso de Carvalho, porém, o pedido de defesa pode ser indeferido pelos desembargadores, uma vez que novo mandado de prisão foi expedido na terça-feira contra o empresário, acusado de pagar propina ao presidente do Sinttro-GV, o sindicato que representa os trabalhadores do transporte de passageiros na cidade. As imagens do sindicalista recebendo de Carvalho com montes notas de R$ 100 e R$ 50 repercutiram em todo o país.