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Estado de Minas

Delação amplia suspeitas nas investigações da Operação Mar de Lama

Colaboração de um dos acusados revela novos personagens no esquema de pagamento de propina e desvio de dinheiro público que envolve vereadores e empresários em Valadares


postado em 23/06/2016 06:00 / atualizado em 23/06/2016 07:41


Novas empresas e personagens aparecem na Operação Mar de Lama, a força-tarefa que prendeu 16 pessoas, entre políticos e executivos, acusados de corrupção e desvio de dinheiro público em Governador Valadares, no Vale do Rio Doce. Omir Quintino, apontado como um dos cabeças da organização criminosa, agora é suspeito de receber propina em torno de meio milhão de reais da Velp, empresa que atua no ramo de tecnologia e que não figura no inquérito da Polícia Federal nem na denúncia do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG).

O nome da Velp surgiu na delação premiada – à qual o Estado de Minas teve acesso – prestada aos investigadores da força-tarefa por Jefferson Lima, um dos homens de confiança de Omir. Os dois eram diretores do Serviço Autônomo de Água e Esgoto (Saae), autarquia municipal que contratou a Velp, com escritório em Betim, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, para implantar um sistema em substituição à mão de obra dos leituristas da cidade.

O delator disse que teve conhecimento de que Omir, que ocupou o cargo de diretor-geral do Saae até maio último, quando foi preso, recebeu a propina em duas ocasiões. A primeira, no valor de R$ 100 mil, teria sido embolsada há cerca de cinco anos, quando o contrato entre Saae e a Velp foi assinado. Já no primeiro trimestre de 2016, época em que o serviço foi renovado, a quantia teria sido de R$ 300 mil.

A transcrição da delação diz que “o colaborador tem conhecimento de que Omir recebeu, inicialmente para fechar o contrato, o valor de R$ 100 mil, a título de propina”. A licitação, ainda segundo Jefferson, teria sido direcionada: “(...) Outra empresa apresentou proposta, mas fazia parte do esquema e serviu apenas para legitimar o processo”.

Já no primeiro semestre deste ano, quando o contrato foi renovado entre o Saae e a prestadora de serviço, Jefferson afirmou que ouviu de um amigo em comum com o ex-diretor-geral que um representante da “Velp trouxe para Omir o valor aproximado de R$ 300 mil, a título de propina, quando houve o reajuste do contrato, há cerca de dois meses”.

Os valores são elevados para os padrões da maioria das empresas brasileiras, mas, segundo o delator, a firma com escritório em Betim “recebe (do município) cerca de R$ 300 mil por mês, se considerar tão somente a leitura, sem contar os demais serviços, cobrados anualmente”.

A segunda propina, informou o delator, teria sido entregue por um rapaz chamado Marcão. Trata-se de um representante da Velp, que refuta veementemente qualquer pagamento irregular. “Vi o Jefferson uma ou duas vezes apenas. Essa história dele não tem pé nem cabeça”.

CAMPANHA Apenas a título de curiosidade, a empresa aparece na prestação de contas da prefeita Elisa Costa (PT), que este ano não poderá disputar a eleição por estar no segundo mandato. Em 2012, a Velp fez duas contribuições a então candidata à reeleição. A primeira foi uma transferência eletrônica, no valor de R$ 13.627. A outra, um cheque de R$ 30 mil.

As informações são do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Não há irregularidades nos dois financiamentos. A reportagem não conseguiu retorno da prefeitura, mas a assessoria de imprensa da administração já informou que o município já instaurou sindicância para apurar contratos suspeitos.

 

 


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