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Estado de Minas NOVO GOVERNO, VELHOS DESAFIOS

Depois de prometer paz e diálogo, Dilma terá de ter paciência e até mudar estilo pessoal

Se tem problemas políticos a solucionar, o horizonte econômico da presidente não é menos turvo


postado em 02/11/2014 00:12 / atualizado em 02/11/2014 08:29

Brasília – Aliviada após vencer por uma diferença de pouco mais de 3,2 milhões de votos em relação ao candidato do PSDB, Aécio Neves, a presidente Dilma Rousseff prometeu paz, amor e diálogo para conduzir o país pelos próximos quatro anos de mandato. A julgar pela pilha de problemas e obstáculos que terá pela frente, no entanto, a presidente reeleita precisará de paciência e sangue frio para conduzir o país. Por ter ainda que mudar o estilo pessoal de governar para vencer as batalhas que terá pela frente.

“Ela aprendeu com tudo o que passou. Quero dizer, é o que eu, o PT, os aliados, os economistas esperamos que tenha acontecido. Se não, Dilma será engolida nestes quatro anos”, confidenciou um petista com bom trânsito no Planalto. “Dilma tem um personalidade muito forte. Acho difícil que ela consiga mudar tanto assim”, questionou o coordenador de Graduação e Pós-Graduação em Relações Internacionais do Ibmec-RJ, José Niemeyer.


Os questionamentos se multiplicam. E começam pela própria relação que a presidente manterá com o PT e com o ex-presidente Lula. Padrinho e afilhada, que se aproximaram, se complementaram e se estranharam ao longo do primeiro mandato, ambos conseguiram administrar as pressões do PT pelo “volta, Lula”. Petistas históricos ficaram amuados, mas a gerentona bateu o pé e garantiu o direito à reeleição. Lula sempre defendeu, em público, esse direito da pupila. Agora é diferente. Lula é candidatíssimo ao Planalto em 2018. Em entrevista ao jornal do SBT/Alterosa, Dilma afirmou que apoiará Lula “no que ele quiser ser”.

O PMDB também deverá ser um grande pesadelo. A primeira semana já foi tumultuada, com a movimentação de Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN) e do líder Eduardo Cunha (PMDB-RJ) derrotando o governo no projeto dos conselhos populares e ameaçando colocar em votação as chamadas pautas-bombas. “Embora sempre recue na hora H, o PMDB parece disposto a tornar-se uma terceira via em 2018 e lançar candidatura própria ao Planalto”, lembra Niemeyer. A dúvida é se a legenda tem quadros para isso.

Se tem problemas políticos a solucionar, o horizonte econômico da presidente não é menos turvo. A economia cresce a um ritmo pífio, a inflação estoura o limite da meta, as contas públicas apresentam déficit. Os empresários esperam sinais consistentes do Planalto, a começar pela decisão de quem será o titular da Fazenda. “O desafio não é simples. A presidente Dilma precisa fortalecer não apenas o Ministério da Fazenda e o Banco Central, mas também o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior para que o país retome o rumo do crescimento”, disse Niemeyer.

Dilma também tem que recobrar o diálogo com três dos aliados mais tradicionais do PT, que são o sindicalismo, o funcionalismo público e os movimentos sociais. “Dilma precisa corrigir o discurso, implantar as propostas que fez na época dos protestos de rua, em 2013, incluindo a reforma política”, disse um aliado de Dilma.

Não vai ser fácil

Os obstáculos da presidente de 54 milhões de votos


l Lula: O ex-presidente, embora tenha se coçado durante os primeiros quatro anos para concorrer a mais um mandato no Planalto, conteve-se e defendeu publicamente o direito de Dilma a disputar a reeleição.

l PT: A presidente precisou do PT e da militância na reta final para reeleger-se. A legenda deve cobrar essa fatura à altura.

l PMDB: A legenda deve atazanar o governo ao longo dos quatro anos, sobretudo com Eduardo Cunha na Câmara dos Deputados.

l Base aliada: Deputados e senadores apoiaram a reeleição, mas devem tensionar a relação com o Planalto nos próximos quatro anos.

l Indústria: Dilma precisará retomar a confiança e a competitividade do setor, que viu despencar sua participação no PIB.

l Empresários: Reclamam do excesso de intervencionismo na economia e apoiaram, em sua maioria, candidaturas de oposição ao Planalto.

l Setor financeiro: Os banqueiros romperam com Dilma com a redução da taxa de juros dos bancos, feita por decreto. A guerra acentuou-se com a demonização do setor durante a campanha.

l Servidores públicos: Reclamam da falta de reajustes dos vencimentos desde o início do governo Dilma. Com as contas apertadas, os aumentos não devem sair tão cedo.
 
l Sindicatos: Dizem que Dilma não abre espaço na agenda presidencial e faz pouco caso das reivindicações dos trabalhadores.

l Movimentos sociais: Sentiram-se escanteados do poder nos primeiros quatro anos. Há reclamações especialmente na questão agrária.

l Inflação: A inflação extrapolou o limite da meta imposto pelo próprio governo e corroeu a renda, sobretudo dos mais pobres.

l Economia: Crescimento pífio do PIB, balança comercial negativa e déficit nas contas públicas são alguns dos indicativos de que o país vai mal nesta área, travando o desenvolvimento.


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