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Estado de Minas O MISTÉRIO DAS ABSTENÇÕES

Resultado das eleições não seria diferente se 30,1 milhões de ausentes votassem no 2º turno

Nem mesmo os analistas políticos se arriscam a apostar em outro resultado


postado em 02/11/2014 00:12 / atualizado em 02/11/2014 08:03

Na eleição mais disputada da história, a presidente Dilma Rousseff (PT) venceu o senador Aécio Neves (PSDB) por diferença de apenas 3,5 milhões, o equivalente ao eleitorado de Belo Horizonte e Salvador, juntas. Enquanto os candidatos travavam batalha voto a voto, um total de 30,1 milhões de pessoas deixou de comparecer às urnas. O número é quase 10 vezes o contigente que decidiu a corrida pelo Palácio do Planalto e o equivalente ao maior colégio eleitoral do país, São Paulo, com 31,9 milhões de eleitores. E mais: representa 21,1% do eleitorado. Nem a campanha do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) “Vem pra Urna” nem toda a pressão que envolveu um pleito indefinido até os últimos momentos da apuração foram suficientes para reduzir esse percentual, que se manteve dentro da média histórica.


Que rumos tomaria a eleição se esses eleitores tivessem votado é um mistério que nem mesmo cientistas políticos conseguem decifrar. “É possível que, se tivesse um comparecimento maior, o resultado fosse diferente, mas isso demandaria boa análise de quem não foi votar”, afirma o professor do Departamento de Ciências Políticas da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) Manoel Leonardo Santos. “O que importa são os votos válidos. Por isso, as abstenções nem maculam nem tiram a legitimidade das eleições”, completa.

Uma das hipóteses levantadas pelo professor é de que, se os faltosos tivessem comparecido às urnas, Dilma, preferida entre a população mais pobre, teria conseguido vencer com vantagem mais confortável. “Tendo a pensar que pessoas com menos recursos são aquelas que menos vão votar. Pessoas com menor escolaridade participam menos eleitoralmente e politicamente. Têm mais dificuldade de coletar informações sobre as eleições. Se fosse para fazer uma aposta, a diferença entre Dilma e Aécio seria maior. É o mais provável”, diz Manoel Leonardo.

Já o cientista político Wagner Pralon Mancuso, professor da Universidade de São Paulo (USP), é da opinião de que “tudo seria possível”. “A diferença da Dilma poderia ser maior, Aécio poderia ter ganho as eleições. Pela lógica, se as abstenções se distribuíssem de forma homogênea, o resultado deveria ser mantido”, afirma. Ele reforça que há diversos perfis entre os eleitores faltosos: aqueles desinteressados no processo eleitoral, os que não se importam em não comparecer, por saber da punição pequena, eleitores fora do domicílio eleitoral, além de casos de pessoas que já morreram e o título ainda consta no TSE. “Há uma regularidade de um quinto dos eleitores não comparecer para votar”, reforça Wagner.

Memória

Pelo mundo


Na discussão sobre abstenções, o professor Wagner tem uma certeza. “Se o voto fosse optativo, esse percentual aumentaria”, reforça. Em países com o voto facultativo, como o Chile, o índice de abstenção é maior. No segundo turno das últimas eleições presidenciais, em 2013, em que Michelle Bachelet se reelegeu, menos de 40% dos chilenos foram às urnas. Em Portugal, 53,4% da população não votou no último pleito, em 2011, que consagrou a reeleição de Aníbal Cavaco Silva. Já na Argentina, onde o voto é obrigatório, a abstenção foi de 20,6% nas últimas eleições presidenciais, em 2011, quando Cristina Kirchner foi reeleita.

 


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