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Estado de Minas

Duplicação da BR-381 será feita apenas em parte da rodovia

Carros e caminhões vão continuar trafegando em mão dupla


postado em 28/11/2013 06:00 / atualizado em 28/11/2013 07:21

A expectativa sempre foi pela duplicação, mas entre Valadares e Belo Oriente os motoristas que trafegam pela 381 continuarão tendo de enfrentar pistas simples, mesmo depois das obras (foto: BETO NOVAES/EM/D.A PRESS)
A expectativa sempre foi pela duplicação, mas entre Valadares e Belo Oriente os motoristas que trafegam pela 381 continuarão tendo de enfrentar pistas simples, mesmo depois das obras (foto: BETO NOVAES/EM/D.A PRESS)

Governador Valadares – Dos 303 quilômetros da BR-381 – entre Belo Horizonte e Governador Valadares – que o governo federal prometeu duplicar, 72,8 quilômetros vão continuar com a pista simples mesmo depois da tão esperada obra. O trecho entre Valadares e o município de Belo Oriente, próximo a Ipatinga, receberá melhorias, como a revitalização das vias e terceira pista em algumas partes, mas permanecerá sem ser duplicado, com a via compartilhada por veículos que trafegam nos dois sentidos de circulação. Segundo levantamento da Polícia Rodoviária Federal (PRF), até outubro 34 pessoas morreram no trecho e 390 ficaram feridas.

A reportagem do Estado de Minas fez o percurso entre Valadares e Belo Oriente e constatou que, apesar de ser menos perigoso do que a extensão da rodovia entre a capital mineira e João Monlevade, o trecho nesses 72,8 quilômetros também oferece riscos. São, no total, 42 curvas, sendo 19 delas acentuadas. O trânsito é intenso, com muitos caminhões e carretas. Do quilômetro 228, próximo ao acesso a Belo Oriente, até o quilômetro 155, no entroncamento das BRs 116, 259, 451, em Governador Valadares, são vários trechos com alertas para problemas com a visibilidade por causa de nevoeiros e entradas e saídas constantes de caminhões nas vias perpendiculares à 381.

Para melhorar as condições de tráfego na rodovia serão construídos três novos viadutos, três passagens inferiores e duas pontes serão alargadas. A obra faz parte do lote 1 da duplicação da Rodovia da Morte – licitada em 11 lotes – e está dividida em dois segmentos: o primeiro de Governador Valadares até o município de Periquito, com 47,6 quilômetros de extensão; o segundo ligando Periquito até a via que dá acesso ao município de Belo Oriente, com mais 25,2 quilômetros. Avaliada em R$ 210 milhões, a obra será executada pelo consórcio Engevix-Isolux-Corsán.

A decisão de não duplicar o trecho foi tomada com base em levantamentos básicos feitos pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) ainda em 2005 e atualizados em 2008. As estatísticas de tráfego e estudos topográficos mostraram na época que a pista não atingiu os índices mínimos necessários para que ela fosse duplicada. No entanto, novos levantamentos colhidos nos últimos cinco anos indicam um aumento significativo na circulação de veículos e caminhões entre Ipatinga e Valadares, o que justificaria a duplicação. O Dnit foi procurado desde segunda-feira para explicar a decisão de não duplicar integralmente a rodovia, mas não se manifestou sobre o tema.

Alterações

A cobrança pela revisão nos dados sobre o tráfego na rodovia foi feita ao Dnit por técnicos e consultores do movimento empresarial Nova 381, que tem acompanhado os processos de licitação e planejamento da obra. Segundo o consultor Cláudio Veras, uma proposta que tem sido discutida para que a demanda da região seja atendida sem que a obra passe por novos atrasos é negociar com a empresa que venceu a licitação alterações no projeto para que algumas partes sejam duplicadas.

"O Dnit pode definir ajustes ou aditivação em até 25%, usando a justificativa técnica de que a duplicação é necessária na rodovia. A nossa intenção é manter o processo em andamento e buscar a revisão em alguns pontos do lote 1 para atender a demanda", explica Veras. Representantes do Dnit e do Ibama se reunirão nos próximos dias para acertar detalhes sobre a liberação da obra. No dia 11, o Conselho de Política Ambiental de Minas Gerais (Copam) deve se reunir para decidir sobre a concessão da licença ambiental. "A partir dessa autorização as empresas terão 90 para fazer alguns ajustes, se necessário. No trecho no Vale do Aço estamos reivindicando a avaliação para que algumas partes sejam duplicadas, sem atrapalhar o andamento da obra", ressalta o consultor.

Os perigos da pista simples

A falta de acostamentos em que os carros possam parar com segurança – em muitos pontos da estrada os veículos são obrigados a ficar com uma parte dentro da pista – é um dos problemas que as obras de melhoria da BR-381 tentarão amenizar. No entanto, com a manutenção da pista simples, sem uma divisória entre os veículos que trafegam em direções opostas, o trecho entre Governador Valadares e Belo Oriente continuará representando um risco alto para aqueles que precisaram parar em caso de emergência. Segundo levantamento da Polícia Rodoviária Federal, em 2012, 47 pessoas morreram nos 72,8 quilômetros que separam Valadares de Belo Oriente; em 2011 foram 40, seis a mais que este ano.

Os amigos Pedro Souza, Teófilo de Aredes e Eduardo Santos, que na terça-feira iam de Ipatinga para Valadares sentiram na pele a insegurança que a falta de estrutura da pista impõe aos motoristas. Com problemas no motor do carro, eles tiveram que parar no acostamento da pista, logo na saída de Belo Oriente, para aguardar o reboque. Por cerca de 1 hora eles ficaram apreensivos vendo caminhões passar bem próximo do veículo. "Claro que não é uma parada segura, a pista simples e os carros em alta velocidade tornam esse lugar bem perigoso. Mas não tem outra opção, a rodovia só tem esse acostamento apertado", diz Pedro, de 19 anos.

Acostumado a trafegar pela BR-381, o estudante tem acompanhado com otimismo as notícias de que as obras de duplicação estão próximas de começar, mas lamentou ao saber que o trecho no qual mais roda continuará em mão dupla até Governador Valadares. "O trânsito aqui é intenso em quase todas as horas do dia. Uma terceira pista pode até melhorar a segurança, mas o ideal seria uma duplicação completa. A população da região merece", avalia Pedro.

 O comerciante Geraldo Onofre Lopes, 53 anos, que trabalha há 20 em uma mercearia às margens da rodovia, no município de Periquito, também lamentou o fato de que o trecho não será duplicado como o restante da BR. Testemunha de vários acidentes na curva próxima à sua loja, ele ainda espera uma revisão no planejamento da obra. "Já vimos acidentes feios nesse trecho, situações que podiam ser evitadas se os carros não batessem de frente. No pior deles, morreram 12 pessoas que vinham de Valadares em uma van. Neste ano, já foram três mortes só nessa curva. O movimento é grande e os motoristas parecem ter cada vez menos paciência", reclama Geraldo.

Uma das preocupações de quem passa constantemente pelo trecho é o abuso da velocidade. O caminhoneiro Elson da Silva, de 45 anos, alerta para o perigo da pista simples e o movimento intenso da rodovia. "Como a parte anterior até Monlevade tem muitas curvas fechadas, os motoristas tentam recuperar o tempo perdido quando passam por essa região, já que por aqui tem mais retas. Isso faz com que eles acelerem mais, sem levar em conta o perigo da pista", diz Elson.

Perguntado sobre a opção do Dnit de não incluir no edital de licitação a duplicação completa da rodovia, o caminhoneiro diz que faltou ao órgão acompanhar mais de perto a situação da via nos últimos anos. "Basta rodar aqui para perceber como a região tem crescido há alguns anos. São várias grandes empresas próximas à rodovia e o transito de veículos de passageiros também cresceu muito", conta Elson. 

 


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