Boatos virtuais se multiplicam em meio a onda de protestos

Apenas 24 horas depois dos protestos que reuniram mais de 240 mil pessoas em 10 capitais do país, viabilizados principalmente pelo uso das redes sociais, o dia deswsa terça-feira foi dedicado a desmentidos, que disputaram espaço com novas convocações. Durante as passeatas, circularam na rede inúmeros boatos sobre os mais diferentes temas. Até mesmo uma suposta ameaça do presidente da Fifa, Joseph Blatter, de suspensão dos jogos da Copa do Mundo, prevista para acontecer no Brasil no ano que vem, foi compartilhada inúmeras vezes por internautas. O boato dava conta de que a indignação de Blatter foi em razão dos protestos que deixaram marcas de violências em alguns estados escolhidos para receber os jogos. Mas ainda durante as manifestações, o presidente da Fifa já tinha minimizado os protestos, considerando normal que os manifestantes usem a visibilidade trazida pelos grandes eventos no país para protestar. A fala, entretanto, não encontrou eco entre os amigos virtuais.

Os boatos nas redes sociais ganharam tons ainda mais fortes com a informação equivocada de que pelo menos duas pessoas teriam morrido durante a passeata de mais de 20 mil manifestantes em Belo Horizonte. Um post no Facebook do perfil falso do humorista e escritor Jô Soares dizia: “O estado atual das manifestações é muito grave. A polícia fechou o cerco sobre cerca de mil manifestantes que estão sendo atingidos por bombas, tiros, sendo presos indiscriminadamente. Ha vários desaparecidos. Até agora há duas mortes confirmadas e estamos em vigília permanente na Praça Sete!”. No entanto, o saldo final e oficial de toda a mobilização na capital mineira foi de cinco presos e dois feridos. Não houve morte. Em razão da centena de seguidores do perfil falso de Jô Soares, a informação das mortes espalhou também pelo Twitter. A verdade só foi conhecida  já no final da noite, com os esclarecimento da Polícia Militar.

Bandeira

Outra página, também atribuída a Jô Soares, que tem pelo menos 16 perfis falsos, mereceu desmentido do site Revista Juristas. De acordo com o post, os manifestantes deveriam se proteger dos ataques da polícia enrolados em bandeiras do Brasil. Isso porque o ataque aos símbolos nacionais é crime. Muitos se sentiram protegidos e um manifestante em Belo Horizonte declarou, após agressão, que a PM não tinha respeitado o símbolo nacional. Hoje, no entanto, a revista eletrônica explicou que atingir a bandeira nacional com tiros, spray de pimenta, bombas de efeito moral, deixou de ser considerado crime. “Sendo assim, fica o nosso alerta para que os usuários de redes sociais não caiam nessa de sair enrolado em bandeira achando que estarão protegidos. O tal post do Jô Soares está errado. Aliás, como o próprio apresentador faz questão de ratificar em seus programas, ele não faz parte de nenhuma rede social. Enrolar-se na bandeira nacional, no máximo, pode proporcionar um efeito moral, mas não protegerá o manifestante de absolutamente nada!”, diz o texto.