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Estado de Minas

Duas denúncias de estupro espalham preocupação em área central de BH

Casos foram registrados em um intervalo de três dias na Praça da Liberdade e no Barro Preto, que fazem parte da área mais policiada da cidade. Delegada alerta: criminosos agem como oportunistas


postado em 29/03/2017 06:00 / atualizado em 29/03/2017 07:56

Um dos registros ocorreu na Praça da Liberdade, que está entre os pontos mais visitados da região(foto: Túlio Santos/EM/D.A PRESS)
Um dos registros ocorreu na Praça da Liberdade, que está entre os pontos mais visitados da região (foto: Túlio Santos/EM/D.A PRESS)
A prisão de um homem de 30 anos, suspeito de estuprar uma adolescente de 17 na noite de sábado,  na Praça da Liberdade, no Bairro Funcionários, Centro-Sul de Belo Horizonte, aumentou o nível de alerta na área mais movimentada da capital, especialmente entre mulheres.

Em três dias, foi o segundo relato de estupro registrado pela polícia em ruas da região – teoricamente também uma das mais policiadas da cidade. Enquanto o caso envolvendo a jovem já tem um acusado sob investigação, o episódio envolvendo uma mulher de 40 anos, que denunciou ter sido estuprada por dois homens na última quinta-feira, no Bairro Barro Preto, continua sem solução. Os registros de violência contra a mulher no estado mostram que não são casos isolados: 10 ocorrências de estupro são registradas, todos os dias, em Minas, sendo três na Região Metropolitana de BH. Em 2016, foram 3.556 atos de violência sexual no estado, segundo a Secretaria de Estado de Segurança Pública (Sesp).


A delegada Camila Miller, da Delegacia de Combate à Violência Sexual, explica que ataques do tipo ocorrem em qualquer região da capital mineira, inclusive nos bairros com maior fluxo de pessoas, como na Região Centro-Sul. “A violência sexual acontece em todas as regiões da capital mineira e em qualquer horário do dia. Não existe um número maior em um bairro específico. Para os agressores, o estupro depende de oportunidade”, afirma a policial. Ela ainda relata que os estupradores rendem suas vítimas com ameaças, com a força física ou com o uso de arma, e as forçam a ir até um local onde possam consumar o ato. “É mais frequente que agressores abordem mulheres que estão sozinhas na rua, no início da manhã ou no final da noite”, diz.

No episódio da Praça da Liberdade, de acordo com a mãe da jovem de 17 anos, que preferiu o anonimato, a menina estava sozinha esperando amigos, sentada em um dos bancos da praça, quando foi abordada. Segundo o relato da vítima, o acusado, descrito como bem-vestido e de boa aparência, alegou ser universitário e ter sido abandonado pela família, tendo, por isso passado a morar na rua. O ponto indicado como local do ataque foi um corredor escuro da praça, à esquerda de quem sobe a Avenida João Pinheiro.

O homem foi preso e levado para a Central de Flagrantes da Polícia Civil (Ceflan), onde foi feito o flagrante por suspeita e estupro qualificado (pelo fato de a vítima ser menor de 18 anos), cuja pena varia de oito a 12 anos de prisão. Ele continua detido no Centro de Remanejamento de Presos (Ceresp) Gameleira. O teor de seu depoimento à Polícia Civil não foi divulgado.

BARRO PRETO Dois dias antes, uma vítima de 40 anos havia denunciado à Polícia Militar que dois homens “bem-vestidos e de aparência jovem” a estupraram, no início da noite de uma quinta-feira, no Bairro Barro Preto, também na Região Centro-Sul. De acordo com o relato da vítima, ela passava pela Rua dos Goitacazes quando a dupla a abordou, puxando-a com violência para um canto, onde teve parte das roupas rasgada e a violência sexual foi consumada por um dos homens.

A assessoria da Polícia Civil informou que a vítima foi ouvida na segunda-feira, na Delegacia Especializada de Crimes Contra a Mulher, e está muito abalada, tanto que nem sequer conseguiu terminar seu depoimento. A corporação ainda informou que a investigação segue colhendo imagens de circuitos de segurança vizinhos ao local da ocorrência, mas que até ontem ninguém havia sido preso.

Também ainda não foi detido nenhum suspeito da ocorrência de estupro registrada em outubro do ano passado, quando uma mulher de 47 anos relatou ter sido atacada por volta das 5h40, quando seguia para o trabalho no Bairro Funcionários, também na Região Centro-Sul da capital. Segundo informações da PM na época do crime, a auxiliar de serviços gerais foi abordada na Rua Piauí, na altura do número 1.465, esquina com a Rua Cláudio Manuel. Além de sofrer violência sexual, a vítima levou coronhadas na cabeça e foi assaltada. O inquérito corre em segredo de Justiça.

PRIORIDADE Na ocasião, chefe da assessoria de comunicação da PM, major Flávio Santiago, informou que a PM estava tomando todas as providências para prender o responsável e que se tratava de uma situação pontual. Procurado pelo Estado de Minas ontem, o oficial informou não dispor de dados estatísticos sobre os registros de estupro na Região Centro-Sul.

Ele destacou, porém, a atuação da PM diante da modalidade de crime, que classifica como inadmissível, e considerou o combate ao estupro uma prioridade, indiferente em que região da cidade ou do estado tenha ocorrido. E acrescentou; “Cada caso é um específico e muitos deles precisam de um aprofundamento investigativo, inclusive para o resguardo das próprias partes envolvidas. Nenhum homem pode atentar contra a mulher e tampouco agir de forma tal que impere qualquer tipo de machismo.”

A APREENSÃO E A  DENÚNCIA

Para uma das idealizadoras da campanha “Tira a mão: é hora de dar um basta”, a feminista Renata Chamilet, o medo na rua é constante e as denúncias só comprovam a razão disso. “A gente sempre tem medo de sair na rua. Não importa o horário nem o local. O exemplo básico é: se estamos andando sozinhas na rua e percebemos alguém andando atrás, o coração dispara”, afirma. Segundo a ativista, os números envolvendo estupros nunca retratam a realidade – estima-se que somente de 10% a 30% dos crimes sejam denunciados. “Então, quando nos deparamos com notícias assim, pode ser um reflexo da mulher partindo para denunciar. Quero acreditar que faça parte de uma tomada de consciência por parte da mulher que não aceita mais, ou está aceitando menos, que a culpem por atitudes violentas dos homens. Ao mesmo tempo, a mídia está dando mais atenção a esses casos. Ou seja, sendo otimista, talvez seja a sociedade dando voz à mulher”, afirma.

Caso a caso

Praça da Liberdade
(25/3/2017)

Um homem de 30 anos foi preso em flagrante por suspeita de estuprar uma adolescente de 17 na noite de sábado, em um corredor escuro da praça. Segundo o Registro de Eventos de Defesa Social (Reds), a agressão teria ocorrido por volta das 21h do sábado

Barro Preto
(23/03/2017)

Mulher de 40 anos denunciou à Polícia Militar ter sido violentada por dois homens “bem-vestidos e de aparência jovem”. De acordo com o relato à PM, a vítima passava pela Rua dos Goitacazes quando dois homens a abordaram e a puxaram, com violência, para um canto, onde um deles praticou o ato.

Bairro Funcionários
(4/10/2016)

Uma mulher de 47 anos denunciou à PM ter sido estuprada quando seguia para o trabalho. A auxiliar de serviços gerais foi abordada na Rua Piauí, na altura do número 1.465, esquina com a Rua Cláudio Manuel. Além da violência sexual, a vítima levou coronhadas na cabeça e foi assaltada


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