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Estado de Minas

Museu das Minas e Metal expõe riquezas de cidades ribeirinhas do Norte de Minas

Mostra 'Alameda São Francisco: O rio inunda a cidade' fica até 2 de novembro no museu, localizado na Praça da Liberdade


postado em 25/10/2015 06:00 / atualizado em 25/10/2015 08:07

Mostra 'Alameda São Francisco: O rio inunda a cidade' atrai público eclético à praça, interessado em saber mais sobre a vida ribeirinha(foto: Leandro Couri/EM/D.A Press)
Mostra 'Alameda São Francisco: O rio inunda a cidade' atrai público eclético à praça, interessado em saber mais sobre a vida ribeirinha (foto: Leandro Couri/EM/D.A Press)

A alameda da Praça da Liberdade, em Belo Horizonte, se transformou em um braço do Rio São Francisco para contar suas histórias e costumes. As formas de expressão, as danças, ofícios, artesanatos, atividades do sertão e sabores do “Velho Chico” podem ser conferidos na mostra, que vai até 2 de novembro no Museu das Minas e do Metal. Um presente para os belo-horizontinos e para o “Rio Opará”, como o São Francisco é conhecido na linguagem tupi-guarani, que teve a sua foz descoberta em 4 de outubro de 1501 e que completou 514 anos. A exposição é resultado de um inventário elaborado pelo Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (Iepha), que, durante três anos e seis meses, visitou 17 cidades ribeirinhas, entre Pirapora e Manga, no Norte de Minas.

Mesmo com acesso à saúde, a benzeção é uma prática tradicional de cura no Norte de Minas e muitos visitantes da mostra fizeram fila para ser atendidos pela benzedeira e parteira Luíza Rodrigues da Silva, de 94 anos. A barranqueira do Velho Chico se gaba de ter ajudado a colocar no mundo 3.064 crianças. “Aprendi a rezar com meu padrinho e minha sogra me ensinou a fazer parto. Se fosse contar a minha história, seriam quatro dias e quatro noites e eu não daria conta”, diz a parteira, que, além da reza, gosta de uma boa prosa.

O pescador aposentado José de Souza Araújo ensina o modo de fazer redes de pesca. Conta que aprendeu o ofício aos 12 anos com seu pai e que já passou a tradição para seus dois filhos. José lamenta a “morte” do São Francisco e conta que, de uns cinco anos para cá, o nível do rio baixou demais. “As barrancas, que antes não apareciam, estão todas de fora. Onde era canal para embarcação passar, hoje já não passa mais nada. Difícil até para barco pequeno com rabeta”, lamenta o pescador. “Se Deus não mandar chuva, não sei o que vai acontecer. Tem seis meses que não chove lá em Manga, onde moro. O rio secou e não tem mais peixes. Se não fosse aposentado, não teria como viver da pesca”, disse José, enquanto tecia uma rede.

VIOLA O índio Deda Sirêpté, da etnia xacriabá, ensina como extrair tinta do urucum e do jenipapo e fala sobre a pintura corporal indígena. “Você rala o jenipapo com semente e tudo, espreme a massa e sai o caldo. No primeiro momento, a cor é parda, depois fica verde, azul e, por último, preto”, explicava o índio para a estudante Nina Leão, de 8. “Cada desenho corporal tem um significado, como esse, para identificar o meu povo”, mostrava.

Em outro canto da mostra, o fabricante de viola Antônio Raposo, da cidade de São Francisco, contava a história dos instrumentos musicais que acompanham as cantorias e as festas no São Francisco, como a viola, instrumento indispensável nas folias, assim como a rabeca, balaínho, reco-reco e cavaquinho. Antônio conta que a primeira pessoa de que tem notícia que fabricava viola na sua região era Juquinha Bitoca, que morreu há 55 anos. “Ele ensinou a arte para o filho dele, o Joaquim Bitoca, que morreu há 25 anos. Na exposição, temos trabalhos de quatro gerações de fabricantes de violas”, disse o artesão. O lavrador Olímpio Gonçalves da Silva, de 67, fala sobre o roncoio, espécie de tambor feito com tronco de árvore e tocado como cuíca. “O roncoio é a base de todos os batuques, desde o tempo do meu pai”, conta o lavrador.


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