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Estado de Minas

Principal fonte de abastecimento de água de BH tem queda de volume e acende sinal de alerta

Rio das Velhas está prestes a entrar em Estado de Atenção, um aviso sobre o risco de redução obrigatória do consumo. Copasa acelera obra para aumentar oferta


postado em 05/05/2015 06:00 / atualizado em 05/05/2015 07:29

Área de tratamento em Nova Lima: complexo sobrecarregado(foto: Juarez Rodrigues/EM/D.A Press)
Área de tratamento em Nova Lima: complexo sobrecarregado (foto: Juarez Rodrigues/EM/D.A Press)

Alerta na principal fonte de abastecimento de água de Belo Horizonte. Caso o Rio das Velhas, de onde vem 60% da água que chega às torneiras da capital, repita por mais três dias as vazões registradas desde o último dia 1º, o manancial entrará em Estado de Atenção, segundo as especificações da Norma Técnica 49, do Conselho Estadual de Recursos Hídricos. Essa situação ocorre quando o corpo d’água chega a vazões inferiores a 200% do nível mais baixo medido nos últimos 10 anos, em sete dias consecutivos, o chamado índice Q7, 10. Pela regra, se por sete dias seguidos o Velhas ficar abaixo de 22,2m3/s na área de captação da Copasa, no município de Nova Lima, a bacia entra em Estado de Atenção. Essa fase ainda não resulta em restrição de captações de água, mas adverte os usuários para a ameaça de que isso ocorra. Ontem, por exemplo, a medição da Copasa apontou índice de 19,8 metros cúbicos por segundo, o menor dos últimos três meses. Estratégico, o rio tem sido capaz de compensar as manobras da empresa de abastecimento e saneamento, obrigada a retirar menos água do Sistema Paraopeba, que ontem acumulava 38,9% de seu volume total.

A situação só acelera a necessidade de mais intervenções pela Copasa e pela Agência Reguladora de Serviços de Abastecimento de Água e de Esgotamento Sanitário do Estado de Minas Gerais (Arsae-MG), que deve iniciar as consultas públicas para a sobretaxa de consumo na semana que vem. Enquanto a definição da cobrança extra não sai, a empresa de saneamento trabalha para reforçar  a oferta de água no Sistema Rio Manso, em Brumadinho, com obra que permitirá o bombeamento de água do Rio Paraopeba para o reservatório. A previsão é de que as intervenções comecem ainda nesta semana, em área próxima ao Centro de Arte Contemporânea Inhotim.

A intervenção vai injetar até 4 mil litros por segundo no reservatório, que hoje apresenta volume de 52%, quase 40% menor que há um ano, quando acumulava 85,7%. De acordo com ata da reunião do conselho da Copasa que aprovou a obra no dia 23 do mês passado, o valor global investido pelo governo do estado é de R$ 128,4 milhões. A primeira parcela foi paga no dia seguinte, no valor de R$ 30 milhões. A previsão é de que a transposição fique pronta até outubro, data programada para a última parcela de pagamento.

A urgência dessa captação se dá inclusive pela sobrecarga que vem sendo imposta ao Rio das Velhas, que teve sua colaboração no abastecimento da Grande BH ampliada para compensar o fato de a Copasa estar poupando o Sistema Serra Azul. No mês passado, por exemplo, a captação do Serra Azul girou em torno de 18% do normal para a época, cerca de 430 litros por segundo. Para suprir o déficit foi necessário retirar mais água dos rios Manso e das Velhas.

O Estado de Atenção, situação em que o Rio das Velhas pode entrar nos próximos dias, antecede o Estado de Alerta, quando a vazão chega a 100% do índice Q7, 10. Nesse estágio, os outorgados devem se preparar para a iminência de restrição de consumo, etapa disparada quando as medidas de sete dias consecutivas atingem 70% da Q7, 10.

(foto: Arte EM)
(foto: Arte EM)


SOBRETAXA O início das consultas públicas que antecedem a definição de um modelo de sobretaxa para forçar a economia de água em Belo Horizonte e outros 15 municípios atendidos pela Copasa na Grande BH deve ocorrer na semana que vem, o que pode levar à escolha do tipo de taxação para a segunda quinzena deste mês. A informação é do diretor-geral da Arsae-MG, Antônio Abrahão Caram Filho, que disse ainda ser necessário finalizar estudos e analisar dados fornecidos pela empresa de saneamento e por outras fontes. “Somente depois que os interessados se pronunciarem e expuserem suas posições é que poderemos definir qual o melhor modelo de cobrança”, disse Caram. Contudo, o diretor-geral admite que o modelo preferido ainda é o de aplicar a tarifa extra sobre todas as faixas de consumo, o que obrigaria os consumidores a reduzir seus gastos para não pagar mais caro.

Entenda os termos usados na crise de água (clique para ampliar)(foto: Arte EM)
Entenda os termos usados na crise de água (clique para ampliar) (foto: Arte EM)
As consultas públicas são abertas a todos os interessados e são parte obrigatória do processo de definição da tarifa extra. Porém, em vez de audiências, as consultas se restringirão a mensagens eletrônicas pelo site da Arsae-MG, de acordo com a agência. Na semana passada, a Comissão de Defesa do Consumidor da Ordem dos Advogados do Brasil em Minas Gerais (OAB-MG) informou que, se não ocorresse um esclarecimento público sobre as regras definidas pela Arsae-MG, poderia acionar o Ministério Público e até ingressar com ação judicial contra cobranças que considerasse abusivas. O presidente da comissão, Marcelo Barbosa, ainda defende que a Copasa faça economia antes de repassar mais custos aos consumidores. “Até agora, as decisões da Copasa e da Arsae-MG não tiveram o envolvimento dos órgãos de defesa do consumidor. Acho injusto cobrar economia de 30% da população, uma vez que a própria Copasa desperdiça 40% da água captada. A situação é mesmo crítica, mas não podemos tolerar abusos”, afirma.


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