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Estado de Minas

Move tem bom desempenho em pistas exclusivas, mas trava em gargalos de tráfego

Ainda assim, veículos das novas linhas se deslocaram 37% mais rápidos dos que os ônibus convencionais


postado em 11/03/2014 06:00 / atualizado em 11/03/2014 07:09

(foto: Fotos: Sidney Lopes/EM/D.A Press)
(foto: Fotos: Sidney Lopes/EM/D.A Press)

Com poucos passageiros e contando com agentes de trânsito para liberar seu caminho por cruzamentos nos corredores exclusivos, os ônibus articulados do BRT/Move circularam com boa velocidade e eficiência, nessa segunda-feira, em seu primeiro dia útil de funcionamento, mas ainda não ajudaram a melhorar o tráfego de Belo Horizonte. Em comparação feita pela equipe do Estado de Minas, veículos do novo transporte de massa da capital se deslocaram até 37% mais rápido do que os ônibus regulares de trajeto semelhante. Apesar do contraste entre o tráfego livre na pista central e um congestionamento brutal nas pistas comuns das avenidas Cristiano Machado – no que foi considerado pela BHTrans o “primeiro dia útil do ano” –, a operação dos 18 veículos pertencentes a três linhas não transcorreu sem transtornos. Ainda ocorreram problemas na atracagem – quando o ônibus se emparelha com a plataforma –, falta de informação nas estações, longas distâncias nas baldeações, além de engarrafamentos nos cruzamentos e em áreas como a Região Central e viadutos do Complexo da Lagoinha, onde o Move chegou a ficar retido por 68% do seu tempo total de deslocamento.

De acordo com as empresas de monitoramento de cargas e valores parceiras do site de mapas e rotas Maplink, o trânsito de ontem em BH chegou a ser 38% mais intenso das 5h às 7h. O pico foi às 6h, quando as filas de carros atingiram 48 quilômetros, contra o normal de 17, ou seja, uma lentidão 182% maior. A média da segunda-feira é de 26 quilômetros de tráfego ruim durante essas duas horas, mas ontem o indicador atingiu 36 quilômetros. A BHTrans garante que o Move não teve impacto direto no congestionamento e o credita ao “retorno do carnaval e de recessos do início do ano”. Informa ainda que os engarrafamentos fora dos corredores exclusivos tende a se reduzir quando hover extinção de linhas convencionais e que a maioria delas deve deixar de circular quando o sistema estiver totalmente implantado, em maio.

Enquanto isso não ocorre, das janelas dos ônibus comuns do sistema BHBus e dos metropolitanos, passageiros imobilizados pelos engarrafamentos de ontem observavam com admiração enquanto os veículos articulados desenvolviam velocidade de cruzeiro nas faixas exclusivas. A assessora de eventos Ana Carolina Marques Andrade, de 31 anos, pegou o ônibus da linha metropolitana 5884 em Lagoa Santa, na Grande BH, e planejava descer na rodoviária da capital. Porém, quando o veículo se aproximava da Avenida Cristiano Machado, nas imediações da Estação São Gabriel, o congestionamento a fez desembarcar e ir a pé até a plataforma do Move para pegar o BRT e descer na Avenida Paraná, no Centro. “O trânsito estava parado, eu iria me atrasar para um compromisso. Agora, acho que vou chegar na hora”, explicou.

Balanço parcial da BHTrans mostrou que o tempo de viagem do BRT aumentou em comparação com o primeiro dia de operação. A linha 82, que no sábado fez ida e volta o trajeto Estação São Gabriel/Savassi em uma hora e 11 minutos, ontem gastou em média oito minutos a mais. Inicialmente, a empresa não estabeleceu meta para essa linha. Já os outros dois trechos não atingiram o esperado de 15 minutos para a linha direta e 30 minutos na paradora.


PISTA FECHADA
Os grandes obstáculos do Move se encontram ainda nas falhas de sequência dos corredores exclusivos. Nos cruzamentos ao longo da pista central da Avenida Cristiano Machado, os veículos articulados chegaram a ser bloqueados por carros atravessados nas confluências. Por volta das 7h20, um dos coletivos da Linha 83 (São Gabriel/Centro) precisou manobrar para fora da pista exclusiva para desviar de uma fila de veículos no cruzamento com a Rua Jacuí, na Floresta, Região Leste.

Em três viagens feitas pela equipe do EM, o tempo gasto pelo Move quando ingressava no tráfego normal chegou a representar mais do que a metade do total. Na linha 83, dos 25 minutos gastos nos oito quilômetros entre a estação da Região Nordeste e o Centro, 17 minutos (68%) foram necessários para vencer 1,2 quilômetro entre os viadutos do Complexo da Lagoinha e as estações da área central.

Por duas vezes motoristas do Move precisaram buzinar e desviar de veículos que invadiram o corredor exclusivo da Cristiano Machado para tentar escapar dos engarrafamentos. Um deles, de um Gol, obrigou o articulado a reduzir sua velocidade até encontrar espaço para ultrapassagem. O momento mais perigoso foi quando o motorista da Linha 82 (São Gabriel/Savassi via Hospitais) precisou fazer um desvio brusco para não bater em uma Kombi com passageiros, que transitava indevidamente pelo trecho reservado ao BRT. Muitos pedestres também correram perigo ao atravessar o corredor exclusivo fora da faixa ou com o semáforo fechado, principalmente porque os novos veículos desenvolvem velocidades superiores às dos outros coletivos. Dentro das estações, a aproximação dos veículos sanfonados das plataformas ainda tem sido irregular. Em vez dos vãos seguros, com no máximo 15 centímetros, a distância chegou a até o dobro.

   O QUE DEU CERTO

 Conforto, representado principalmente pelo ar-condicionado

 Agilidade, com pouco tempo de espera nas estações

 Rapidez para quem mora perto da Avenida Cristiano Machado

 Segurança nas estações

 Boa circulação dos ônibus articulados na área hospitalar

  O QUE FALHOU

 Falta de informações para embarcar

Falta de sinalização nos pontos de ônibus alterados no entorno dos corredores

Portas para acesso de cadeirantes que não se abriram completamente

Pagamento dobrado de tarifas

Engarrafamento depois do túnel da Lagoinha até a região hospitalar

Dificuldade de fazer a conversão na esquina da Avenida Getúlio Vargas com Rua Professor Moraes


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