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Estado de Minas

Proibição de boné com referência à maconha em escola mineira divide opiniões

Diretora de escola em Carmo da Mata, no Centro-Oeste, impede alunos de usar o acessório, comum em lojas de Belo Horizonte


postado em 24/09/2013 07:23

Dalhane Lima vende bonés e camisas com o símbolo 4:20 no Centro de BH, mas apoia veto em colégio:
Dalhane Lima vende bonés e camisas com o símbolo 4:20 no Centro de BH, mas apoia veto em colégio: "Ambiente escolar não é lugar" (foto: Rodrigo Clemente/EM/D.A Press)
Na tentativa de impedir a propagação do consumo de drogas entre os alunos da Escola Estadual Joaquim Afonso Rodrigues, em Carmo da Mata, no Centro-Oeste de Minas, a diretora da instituição, Júnia Paixão, proibiu o uso pelos alunos de bonés que tenham impresso o código 4:20, considerado por ela uma apologia ao uso da maconha. A determinação foi dada no início do mês, mas a polêmica em torno do assunto só ocorreu ontem, provocando debate entre os alunos e nas redes sociais.

Segundo a diretora, a restrição tem funcionado para conscientizar os estudantes a respeito do uso de drogas no ambiente escolar. “Como todas as escolas, a gente está com problemas de uso de drogas. Eu sou muito preocupada com isso. Tenho três filhos adolescentes”, disse. “Até então eu não sabia o que significava 4:20. Um professor nos alertou que muitos alunos estavam usando esse boné. Vários deles têm a folha da maconha estampada. Fui pesquisar esse 4:20 e descobri que é um código internacional de apologia ao uso da maconha. Achei que a escola não era lugar para usar isso”, acrescentou a educadora.

Júnia Paixão mobilizou os professores e explicou de sala em sala o que significava o código estampado no boné. Segundo ela, alguns alunos tinham noção do que ele representava, principalmente aqueles conhecidos por envolvimento com drogas. No entanto, outros estudantes estavam usando o acessório por causa da moda. De acordo com a diretora, a proibição foi bem recebida pelos pais, mas criou polêmica entre os estudantes. Também houve grande repercussão em uma rede social, em que a diretora postou a proibição do boné.

Na internet, a educadora publicou informações sobre a simbologia do 4:20: “É um código de referência ao consumo de maconha (Cannabis sativa). O significado está relacionado com a data 20 de abril, escolhida para celebrar o Dia da Erva, ou Dia da Maconha. Também é comum ver escrito 4/20 ou 420. Segundo algumas versões, 420 era um código usado por policiais americanos para identificar pessoas que tenham algum tipo de envolvimento com a droga, seja como traficante ou usuário. A versão mais difundida é que o formato 4:20 (16h20) indicava o momento em que, nos anos 1970, um grupo de amigos, estudantes de um determinado colégio na Califórnia, Estados Unidos, habitualmente se reunia para fumar maconha. Era um código usado entre eles para falar sobre o encontro sem despertar suspeitas. Com o passar do tempo, o tal código transformou-se numa referência mundial”.

Alerta Segundo Júnia Paixão, os alunos entenderam o motivo da proibição. Após a validação da nova regra, apenas um estudante tentou entrar em sala de aula com o boné e teve o acessório recolhido. A mãe do adolescente foi chamada à escola e, de acordo com a diretora, ela compreendeu bem a atitude da escola. “Os mais rebeldes falam que o boné não tem nada a ver. Nosso intuito foi alertar os pais. Não sabemos até quando isso pode ser um sinal de quem está usando ou vendendo a droga”, afirma a diretora. Ela acrescentou que o problema do uso de drogas na escola ainda não foi comunicado à Secretaria de Estado de Educação (SEE).

Peça custa até R$ 150


O boné 4:20, que criou polêmica em Carmo da Mata, é facilmente encontrado em vitrines de lojas na Praça Sete, no Centro de Belo Horizonte. “Já esteve mais em alta, em 2011, quando chegou à cidade. Isso é moda. Vem e passa”, garante um vendedor, que pede para não ser identificado para evitar problemas com o patrão. Os preços do 4:20 variam entre R$ 40 e R$ 150. Já na internet, em site de produtos inspirados na erva, compra-se o acessório por R$ 30.

São muitas as marcas que investem na estampa 4:20, em modelos e cores variados. Dalhane Ferreira Lima, de 25, acredita que o sucesso do boné é mais pela beleza do que pelo que ele quer dizer. E o que ele quer dizer, Dalhane? “4:20 é a hora em que a maconha é liberada em Amsterdã. Disseram-me”, arrisca. A decisão da diretora da escola de Carmo da Mata de vetar o modelo divide opiniões em BH. A comerciante Dalhane Lima apoia a medida. “Ambiente escolar não é lugar de usar nenhum tipo de boné”, defende.

Para muita gente, não passa de um enfeite da moda. Rogério Reis, de 26, considera que usar o boné não necessariamente é apologia à droga. “Casa cabeça pensa de um jeito. Vão proibir as blusas e as cores do Bob Marley também? É uma questão de respeito à liberdade”, diz. O que significa 4:20, Rogério? “É a hora em que o Bob Marley fumava o baseado dele.” Em lojas no Hipercentro, as camisas são as mais vendidas. Angelice da Silva, de 18, não vê problemas no símbolo 4:20. “É a hora do chá, a hora da maconha, mas para muita gente isso não tem nada a ver”, afirma. E continua: “Olhe a blusa Jack Daniel’s… Vende muito. E nem todo mundo que usa bebe uísque”. (JFC)

Brigas em vídeo

A Escola Estadual Joaquim Afonso Rodrigues é a única unidade da rede estadual em Carmo da Mata, com turmas do ensino fundamental e médio. As redes sociais e a internet são usadas intensamente pela direção para conscientizar os alunos e promover a integração da comunidade estudantil. Além de uma página no Facebook, a escola mantém um blog. Como contraponto, os alunos costumam publicar no YouTube vídeos de brigas em salas de aula ou na porta do estabelecimento de ensino. Há pelo menos três vídeos com cenas violentas, um deles envolvendo duas adolescentes.


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