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Estado de Minas

Conheça o trabalho de restauradores que resguardam patrimônio cultural de Minas


postado em 06/05/2013 08:03 / atualizado em 06/05/2013 08:08

(foto: Divulgação/Faop)
(foto: Divulgação/Faop)
A tricentenária Ouro Preto, patrimônio cultural da humanidade, é considerada um dos maiores celeiros de profissionais ligados à conservação, restauração e preservação de bens móveis e imóveis do país. A notoriedade do município neste setor começou a ser construída ainda na década de 1970, quando a Fundação de Arte de Ouro Preto (Faop), ligada à Secretaria de Estado de Cultura, inaugurou a primeira experiência na formação de profissionais no Brasil.

Tendo como pano de fundo e inspiração o barroco mineiro, com centenas de casarios históricos, monumentos e peças de arte, a ação pioneira daria origem, na década de 1980, ao único curso técnico formal na América Latina com ênfase em três especificidades: escultura policromada, pintura de cavalete e papel.

“É o único curso técnico com estas três ênfases que ensina realmente a restaurar, diagnosticar e intervir nas peças. Preservamos com consciência, qualidade e expertise o patrimônio de Minas Gerais. Formamos profissionais com capacidade de devolver à comunidade o acervo histórico devidamente restaurado, como imagens sacras, quadros e documentos”, enfatiza a presidente da Faop, Ana Pacheco.

Por meio de convênio com o Programa de Educação Profissional (PEP), da Secretaria de Estado de Educação, desde 2008 são ofertadas 60 vagas gratuitas por ano, o que aproxima e amplia o acesso da comunidade de Ouro Preto, que começou a participar mais do curso. “Democratizamos ainda mais essa capacitação”, frisa Ana Pacheco.

(foto: Divulgação/Faop)
(foto: Divulgação/Faop)
A coordenadora do Núcleo de Conservação e Restauração da Faop, Carla Santana, também destaca o benefício da formação de mão de obra especializada dentro do próprio município. “Os participantes se sentem importantes porque contribuem para a preservação do patrimônio e ajudam a defender sua cidade. Eles demonstram uma grande satisfação pessoal de falar ‘eu moro nessa cidade histórica importante e sou restaurador’”, pontua Carla.

Com o reconhecimento e a aprovação do Ministério da Educação (MEC), em 2002, o Curso Técnico em Conservação e Restauro já formou 195 profissionais. Destes, 83,07% estão inseridos no mercado de trabalho na área da conservação e restauração ou continuam seus estudos em áreas afins, com atuação em museus, arquivos, ateliês particulares, instituições públicas e privadas em todo o país.

Rosângela de Lourdes Domingues, de 50 anos, concluiu o curso em 2012 e já trabalha na área. A desenhista, que se identificou mais com a ênfase em escultura policromada, morou em Ouro Preto durante dois anos para se profissionalizar. “Agora estou trabalhando em Conceição do Mato Dentro, na restauração da matriz da cidade, onde está sendo reformada toda a estrutura, e no santuário de Bom Jesus de Matozinhos, onde está sendo feita a repintura e acabamento dos altares”, conta Rosângela.

O artesão e ouro-pretano, Jorge Luiz da Silva, de 45 anos, é aluno do terceiro módulo. Um dos motivos que o levou a ingressar no curso foi a possibilidade de aprender a cuidar do patrimônio da sua cidade natal. “Poder atuar em Ouro Preto é uma razão especial para fazer o curso. Conheci o trabalho e achei interessante. Depois que concluí-lo, pretendo trabalhar com restauração”, vislumbra Jorge.

O Curso Técnico em Conservação e Restauro da Faop tem duração de dois anos. A grade curricular é distribuída em quatro módulos semestrais, com carga horária total de 1.552 horas, incluindo o estágio curricular, que alia a fundamentação teórico-conceitual à vivência prática. Nesta segunda-feira (06), começam as aulas do primeiro módulo do curso técnico de 2013.

O passo a passo da restauração


Nos primeiros módulos, as restaurações das peças são simuladas. Depois, os alunos contam com peças reais como material didático para trabalhar nos suportes escultura policromada, pintura de cavalete e papel. A restauração é feita com custos mínimos para a comunidade e todo processo é orientado pelos professores do ateliê, que contam com o apoio da equipe técnica e pedagógica do Núcleo de Conservação e Restauração.

A estratégia de ensino oferece aos alunos uma formação consistente, com segurança para atuação no mercado de trabalho, e, às comunidades guardiãs, garante o tratamento necessário e adequado aos seus acervos, propiciando longevidade à preservação dos bens.

“A atividade do restaurador é essencial para resguardar o patrimônio da sociedade, prolongar a vida útil do objeto para que as futuras gerações possam conviver com as peças antigas”, comenta Carla Santana.

O processo de restauração envolve várias etapas, equipamentos especializados e profissionais capacitados. “O restaurador tem alma de artista, precisão de cirurgião e a humildade de operário. Ele não assina a obra, mas entende de história, arte e iconografia”, explica Ana Pacheco.

Divulgação/Faop
Divulgação/Faop
Primeiro é feita a identificação de cada peça, o diagnóstico do estado de conservação e a proposta de tratamento. Em seguida, na fase de tratamento, é necessário fazer a higienização e limpeza química da peça para, somente em seguida, iniciar a restauração em si.

E a intervenção não termina com a restauração. É feita, ainda, a higienização e preparação do local para onde a peça será devolvida, no caso das esculturas, por exemplo. A comunidade também é envolvida no processo e sensibilizada e instruída sobre como conservar a obra restaurada.

A Faop também realiza a prestação de serviços para particulares. Já foram restaurados, por exemplo, bens no Ceará, São Paulo e Rio Grande do Sul. “Em Minas Gerais temos um patrimônio riquíssimo. As restaurações são caras e nem sempre as comunidades podem bancá-las. Este trabalho é muito sério e há muito critério, já que intervimos na obra do outro. É um trabalho científico que mexe no que é sagrado”, acrescenta Carla Santana.

(Com Agência Minas)


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