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Estado de Minas

Vítimas de assalto ficam com sofrimento gravado na memória


postado em 01/05/2013 06:00 / atualizado em 01/05/2013 07:11

A experiência de ficar sob a mira de um revólver, sofrer agressões físicas e a ameaça de que pode morrer se não entregar tudo é uma lembrança que fica gravada na memória e pode traumatizar quem passa por um assalto. Seis meses depois de ficar refém de criminosos por uma hora e presenciar o assassinato da ex-cunhada Cecília Bizzotto durante assalto no Bairro Santa Lúcia, na Região Centro-Sul de BH, Alexandra Montes é capaz de contar com detalhes os momentos de tensão que viveu.

Vários dias depois, Alexandra sofreu com as lembranças do sofrimento passado ao lado de Cecília e do ex-namorado Marcelo Bizzotto. O trauma a impedia de dormir e qualquer barulho era interpretado como ameaça. A reação involuntária de Alexandra depois do assalto é comum entre as vítimas de crimes violentos. Segundo especialistas, os assaltos podem afetar a rotina da pessoa e provocar consequências físicas e psicológicas.

Quando são surpreendidas na saída da garagem, no caminho para o trabalho ou mesmo dentro de casa, as vítimas são retiradas bruscamente de sua rotina e, em muitos casos, ficam sem reação, explica a especialista em psicotraumatologia Ester Eliane Jeunon. A sensação de perda do controle da situação e de morte iminente reflete no funcionamento do cérebro. A desorganização do sistema nervoso impede que a pessoa encontre uma explicação racional para o que acabou de acontecer, e o resultado dessa disfunção é o trauma.

“A pessoa guarda todos os detalhes da ação dos criminosos e tem sensação de impotência e medo, que não desaparece”, explica a psicanalista Andréa Guerra, professora do Departamento de Psicologia da Universidade Federal de Minas Gerais.

Depois do crime, retornar às atividades do dia a dia pode se tornar tarefa complicada. Depois de tomar remédios para taquicardia e tranquilizantes por mais de um mês, Alexandra mantinha a desconfiança. “Até hoje tenho medo de entrar em qualquer garagem, porque foi lá que nos abordaram. Não converso dentro do carro também, por ter medo de que alguém me aborde enquanto estou no trânsito”, conta.

Em alguns casos, Ester alerta que o trauma pode evoluir para síndrome do pânico, provocar enxaquecas, fibromialgia e outras disfunções. Para minimizar, desabafar pode ser uma das melhores soluções. “Falar aos outros é importante, porque a pessoa passa a atribuir sentido ao que aconteceu e pode lidar melhor com as memórias”, explica a psicanalista Andréa.

Buscar tratamento psicológico é fundamental também, principalmente se o medo se tornar doentio, provocar fobia social e o abandono de atividades do cotidiano. Mas Ester tranquiliza quem passou por um episódio violento e afirma que, com ajuda, “é possível se livrar do trauma e reconstruir a vida a partir desse evento”.


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