(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas

Sites oferecem desde comprimidos abortivos a drogas

Na última semana, o Estado de Minas procurou duas substâncias proibidas pela Anvisa em sites especializados na distribuição de suplementos alimentares e páginas de compra. Todos estavam disponíveis, até com preço em oferta.


postado em 22/07/2012 07:05 / atualizado em 22/07/2012 08:08

Quer teclar? Tecla de onde? Essas são perguntas sem respostas precisas na rede mundial de computadores. Atrás do monitor, o internauta pode ser qualquer um – bem-intencionado ou não –, principalmente quando o que está em jogo são produtos ilegais. Em 2011, as vendas do varejo em sites brasileiros movimentaram R$ 19 bilhões, segundo a e-bit Informação, empresa especializada em pesquisas sobre hábitos e tendências do comércio eletrônico no país. À época da CPI da Pedofilia, que investigou a pornografia infantil na internet em 2010, os dados apresentados pelo Conselho Nacional dos Procuradores Gerais davam conta de que o faturamento anual do comércio ilegal na internet chegava a US$ 3 bilhões, valor estimado pelo FBI (departamento americano de investigações).

Na última semana, o Estado de Minas procurou duas substâncias proibidas pela Anvisa em sites especializados na distribuição de suplementos alimentares e páginas de compra. Todos estavam disponíveis, até com preço em oferta. Em um dos endereços eletrônicos, a reportagem colocou no carrinho o Jack3d e o Lipo 6 black e chegou a imprimir o boleto de pagamento. Em outro site, hospedado na Holanda e já denunciado à Interpol pela Delegacia Especializada de Investigação de Crimes Cibernéticos, é possível escolher tipos variados de drogas, desde “cogumelos mágicos” e sementes de maconha até apetrechos como papel de seda, trituradores, balanças e cachimbos.

O texto é todo escrito em português, mas os preços da página aparecem em euros. As encomendas de haxixe a comprimidos de ecstasy escolhidas pela reportagem poderiam ser pagas com cartão de crédito internacional, depósito n uma conta de banco holandês ou por envio do dinheiro em um envelope direto para a loja, neste caso em reais. O site informa que não constará na fatura o nome do estabelecimento nem as palavras semente e maconha. E alerta que não se responsabiliza pelo extravio do envelope com dinheiro nos Correios do Brasil. Com letras em itálico e negrito, a página orienta que as notas sejam envolvidas em papel-alumínio. Há também um link de termos e condições, em que o site se isenta de qualquer responsabilidade e lembra que o usuário deve comprar de um país que não seja a Holanda, consultando as leis sobre adquirir e receber as substâncias fornecidas. No entanto, em outro link, a loja afirma que faz entregas no Brasil.

Por e-mail


A reportagem também negociou produtos proibidos por e-mail. Nas conversas em que demonstra interesse em adquirir comprimidos abortivos, uma pessoa simpática que se diz médica formada por instituição de respeito, com cursos internacionais, cobra R$ 680 por um kit com oito comprimidos de dois medicamentos -– quantidade necessária, segundo ela, para oito semanas de gravidez. Ela oferece o Cytotec, proibido no Brasil, e o Ru 486 (Mifepristona), também suspenso pela Anvisa desde 1998. A vendedora é carinhosa e chama a compradora de Flor, numa tentativa de se aproximar. A troca de e-mails dura três dias e ela tira dúvidas: diz que o remédio vai dentro de um ursinho de pelúcia e que manda por Sedex, numa caixa sem qualquer referência ao método. Ela, inclusive, lista nove códigos de rastreamento de encomendas, para transmitir segurança de que o produto será enviado. A moça também comenta as reações de dor e sangramento e afirma que trabalha por indicação.

Há anúncios diversos que negociam animais silvestres e até componentes de máquinas caça-níqueis. Numa página de compra e venda de todo tipo de produto, também foi possível encontrar arte sacra. Depois do indicativo de compra de uma Nossa Senhora de R$ 1.300, a negociação passou para a troca de e-mails e o anunciante do interior de Minas Gerais cobrou o pagamento. Questionado sobre a existência de certificados que comprovassem a origem de duas imagens ofertadas na rede, ele respondeu que o telefone informado no cadastro era falso, embora fosse um número do próprio jornal, e disse que solicitou ao site a identificação do IP do computador. Numa tentativa de intimidar, disse que o comprador seria descoberto.

Em outra conversa, a reportagem simula o interesse em um anúncio de venda de órgão, com a desculpa do desespero de uma família para conseguir o transplante de um parente. Uma das ofertas comuns nessa categoria é de alguém que se apresenta como um rapaz de 20 anos, de Santa Catarina. Ele cobra R$ 200 mil pelo rim, se compromete a fazer exames médicos e admite que o procedimento é proibido, mas diz que a viagem e a procura por um hospital que faça o transplante ficam por conta do negociador. O EM comunicou à Delegacia Especializada de Investigação de Crimes Cibernéticos todas as negociações e não efetuou nenhum pagamento.


receba nossa newsletter

Comece o dia com as notícias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, faça seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)