Os cinemas de Belo Horizonte terão que cumprir uma nova regra de higienização dos óculos usados para assistir aos filmes 3D. Entrou em vigor na segunda-feira a Lei 10.492 que obriga as empresas a disponibilizar, para cada espectador, óculos apropriados para as sessões. Os objetos devem estar limpos e embalados individualmente em plástico estéril, com fechamento a vácuo. Parte dos cinemas da capital não tem esse serviço completo e terão 60 dias para se adaptar.
Além de garantir a limpeza, o cinemas terão que afixar um cartaz na porta das salas de exibição informando que os óculos são higienizados conforme a nova lei. A placa informativa deve conter telefone e endereço dos órgãos municipais responsáveis pela vigilância sanitária e pela defesa do consumidor, para reclamações em caso de irregularidade. A regra reforça que a devolução dos óculos após a sessão isenta o cliente da cobrança de qualquer taxa por sua utilização. A lei não se aplica quando os óculos oferecidos forem descartáveis.
O vereador Professor Elias Murad (PSDB), autor do projeto de lei, justificou que a higienização é importante para evitar a transmissão de doenças oftalmológicas. Um dos perigos é a conjuntivite infecciosa, uma inflamação na membrana que envolve grande parte do globo ocular. Segundo o presidente do Departamento de Oftalmologia da Associação Médica de Minas Gerais, Luiz Carlos Molinari, os óculos usados por pessoas portadoras da doença se tornam contaminados.
“A falta de cuidado com a higienização e o manuseio dos óculos facilita a contaminação de agentes bacterianos e virais. Os óculos passam de mão em mão, de rosto em rosto. Quando a pessoa não está usando coloca na perna, na boca e assim os óculos vão se contaminando com bactérias. Depois, os óculos são utilizados encostando-se às sobrancelhas e nos cílios, contaminando os olhos”, explica o oftalmologista.
Conforme o médico, o contato com os óculos 3D contaminados por bactérias pode causar também doenças de pele, como as piodermites. Para Molinari, a melhor forma de prevenção é cada indivíduo possuir seus próprios óculos.
Punição
As empresas de cinema que não cumprirem a lei podem receber notificação de advertência da prefeitura, serem multadas ou terem o alvará de funcionamento suspenso. Os recursos oriundos das sanções previstas na lei serão destinados à Fundação Municipal de Cultura.
A Rede Cinemark, gestora do cinemas nos shoppings BH, Diamond e Pátio Savassi, informou que tem processo de higienização dos óculos desde o lançamento das salas 3D. A limpeza é feita por funcionários treinados. Os óculos recebem tratamento em máquina de ozônio – um agente eficaz para exterminar vírus e bactérias – onde os objetos ficam por 30 minutos. Depois, são higienizados com sabão, líquido secante abrilhantador e álcool em gel. Finalizado o procedimento, todos os óculos são lacrados.
A Cinesercla, administradora do cinema Shopping Norte, informou que tem máquina própria para higienização dos óculos e vai tomar providências para se adequar a todos os artigos da lei.
A Cineart, responsável pelas salas dos shoppings Boulevard, Minas, Cidade, Del Rey e Via Shopping, não se manifestou. O em.com tentou contato com a Cinépolis, empresa que vai inaugurar salas de cinema no Shopping Estação BH, mas não teve retorno.