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Estado de Minas PERIGO EM 'CASA'

Interferência de invasores em rodovias compromete a segurança nas pistas

Na BR-381, moradores chegam a fazer obras por conta própria para tentar se proteger


postado em 27/05/2012 07:39 / atualizado em 27/05/2012 07:53

Nova Era – O medo de que parte da BR-381 desabasse sobre sua casa fez o aposentado Alcides Margadida da Mata, de 48 anos, juntar 650 pneus nas borracharias próximas para montar um muro de arrimo de seis metros de altura. Foram quatro dias para encher os pneus de terra e escorar a rodovia federal no trecho que passa em Nova Era, na Região Central. O vizinho do lado, que constrói uma casa, ainda não precisou fazer o mesmo, porque a vegetação ainda protege os alicerces da estrada. No trecho do quilômetro 327, moradias são levantadas em terras da faixa de domínio da rodovia sem qualquer interferência do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transporte (Dnit), comprometendo alguns pontos da rodovia.

O aposentado Alcides da Mata fez uma espécie de muro com pneus e foi notificado para regularizar situação
O aposentado Alcides da Mata fez uma espécie de muro com pneus e foi notificado para regularizar situação

A interferência de invasores nas rodovias, como ocorre no caso da BR-381, é um dos principais problemas da ocupação irregular de faixas de domínio. O Anel Rodoviário de Belo Horizonte chegou a ser interditado no ano passado por conta de invasões. Em 19 de dezembro, a estrutura apresentou rachaduras na pista durante a temporada de chuvas. Só este mês o trecho foi liberado. De acordo com os engenheiros do Dnit, moradores de área invadida da Vila Cachoeirinha, a menos de dois metros do acostamento, bloquearam a drenagem da estrada, o que teria comprometido a sustentação da cabeceira da ponte. Foi preciso remover 15 famílias daquele ponto antes de as obras terminarem.

A falta de fiscalização contribui para o problema. Na BR-381, o Dnit só descobriu a ocupação irregular depois que o aposentado Alcides da Mata apresentou reclamação formal à autarquia sobre a falta de sistema de drenagem no trecho da rodovia sobre sua casa, em Nova Era. “A água das chuvas desce e vai lavando meu terreiro e já está acumulando”, conta, mostrando a altura da cintura. Ele mostra a carta de resposta do Dnit em que o órgão diz que, antes de qualquer providência, os imóveis invadem a faixa de domínio e precisam ter sua situação regularizada na Justiça. “É um absurdo. Não vão arrumar nada e agora dizem que vão me tirar daqui. Moro há 13 anos na casa com minha mulher, a filha, o genro e duas enteadas, e nós pagamos IPTU, energia, iluminação pública, água, esgoto”, reclama Alcides.

Morar no trecho da BR-381 perto de Nova Era é perigoso. Só no ano passado, foram registrados cinco acidentes com oito pessoas feridas. Um desses feridos foi o condutor de um Santana, que não conseguiu fazer a curva e voou por sobre a casa de Alcides. O carro parou no meio da garagem. “Eram umas 4h30. Só escutei a borracha no asfalto e depois aquele barulhão do carro se espatifando do lado da minha janela. Minha mulher e eu levantamos da cama num pulo”, relata.

Na entrada da cidade de Periquito, no Vale do Rio Doce, a 285 quilômetros de Belo Horizonte, as onze barracas que vendem palmitos, mexericas, tapetes coloridos e doces na beira da BR-381 representam risco principalmente quando motoristas de carros e carretas estacionam sobre o acostamento estreito para comprar, deixando a via sem qualquer área de escape.
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Anel Em Belo Horizonte, moradias condenadas e vazias, à espera das obras de ampliação do Anel Rodoviário, continuam sendo invadidas na Favela da Luz, no Bairro Jardim Vitória, Região Nordeste de Belo Horizonte. A vila fica numa bifurcação do anel que, pela esquerda, leva a Sabará; pela direita, segue para João Monlevade e Vitória. Cerca de 2,6 mil famílias vivem em invasões ao longo do Anel, segundo a Prefeitura de Belo Horizonte.

O servente Flávio Soares da Silva diz que o medo é constante. “É barulho de pneu de carreta, ferragem de carro arrastando no asfalto... Um horror”, define. O risco de acidentes é alto. A estudante Larissa Oliveira, de 15, já foi atropelada por uma moto. Ela teve fraturas e o motoqueiro quebrou as duas clavículas. "Não tem um dia em que não me lembro desse acidente. Tive sorte, não era a minha hora.”


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