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Estado de Minas

Saint Patrick's Day será festa para pouca gente

Temendo repetição dos tumultos ocorridos ano passado na Savassi, Polícia Militar pede que pessoas que não têm ingresso evitem entorno do Parque das Mangabeiras


postado em 15/03/2012 06:00 / atualizado em 15/03/2012 07:07

De um lado, quem não tem ingresso para a celebração de Saint Patrick's Day, sábado, no estacionamento do Parque das Mangabeiras, na Região Centro-Sul da capital, e planeja se aproximar da área fechada para pelo menos ouvir as atrações musicais e tomar um chope. Do outro, a Polícia Militar (PM) fazendo um apelo para que essas pessoas não compareçam ao local da festa, para evitar tumultos e aglomerações. Faltando dois dias para a comemoração, esta é a mais nova discussão envolvendo a festa em homenagem ao padroeiro da Irlanda, cercada de questionamentos desde que sua realização foi confirmada.

De acordo com a PM, que fez o pedido nesta quarta-feira em entrevista coletiva para anunciar estratégias para regularizar festas espontâneas convocadas por meio de redes sociais, os chamados flash mobs, só as 7 mil pessoas que têm ingresso terão acesso à área fechada que está sendo montada na área reservada ao evento. O apelo é uma tentativa de evitar problemas como os ocorridos na Savassi no ano passado, quando cerca de 35 mil pessoas foram à celebração e causaram confusão e problemas no trânsito.

Resta saber se a atitude da PM vai surtir efeito, pois os promotores do evento estão fazendo uma grande divulgação e exaltando a qualidade dos artistas que se apresentarão no Saint Patrick's Day, o que vai aumentar o interesse do público.

Serão montados três palcos no estacionamento do parque, para a apresentação de 11 bandas e sete Djs. A exemplo do público sem ingresso, vendedores ambulantes também não serão benvindos nas proximidades do Parque dos Mangabeiras. Segundo os promotores da festa, "será proibida a venda de bebidas alcoólicas no entorno".

Mal entendido

Além da solicitação da PM, há mais um mal entendido relacionado à festa. Duas fontes da PBH informaram ontem ao Estado de Minas que a autorização para o evento poderia ser cancelada se o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) não concordasse com a festa no entorno da Serra do Curral, tombada em 1960. Mas não é competência do órgão autorizar esse tipo de festa, como informou Leonardo Barros, superintendente regional do Iphan em Minas Gerais.

Ele esclareceu que o tombamento da Serra do Curral não contempla impedir festas na área. Entretanto, a concordância do Iphan faz parte das exigências que o Ministério Público (MP) de Minas Gerais apresentou à prefeitura. Provocado pela Associação dos Moradores do Bairro Mangabeiras, que queriam impedir a festa, o MP deu aval ao evento, mas enviou documento à PBH pedindo parecer favorável à realização da celebração do Iphan, Polícia Militar, BHTrans e Corpo de Bombeiros. Na correspondência, é dado prazo até hoje para a obtenção desses pareceres.

Como o Iphan não havia se manifestado até ontem, os representantes da administração municipal ouvidos pelo jornal avaliaram que a falta de comunicação seria uma recusa e que, neste caso, “por se tratar de um órgão federal”, a festa não poderia ser feita no local escolhido pelos organizadores.

ANÁLISE DA NOTÍCIA
Escolha equivocada

O apelo da PM para que as pessoas que não têm ingresso não compareçam ao estacionamento do Parque das Mangabeiras sábado comprova que os moradores do entorno da área verde tinham razão ao protestar contra a realização da festa de Saint Patrick's Day no local e que a PBH cometeu um grande equívoco ao autorizar o evento na região. Se a área não comporta grandes públicos e a polícia teme tumultos, o correto seria a transferência da celebração para outro lugar. Ainda está viva na memória dos belo-horizontinos os problemas que a festa causou ano passado na Savassi. Cercear o direito de ir e vir da população, mesmo que em forma de apelo, para tentar evitar a repetição dos transtornos, não é a solução.



Vigilância nas redes sociais

Os flash mobs, festas espontâneas convocadas pelas redes sociais, vão ter um controle rígido em Belo Horizonte para proteção das crianças e dos adolescentes. Pelo menos este é o objetivo da Polícia Militar de Minas Gerais, conforme anunciou ontem o comandante do Policiamento da Capital, coronel Rogério Andrade. Depois de uma reunião na sede da 1ª Região Integrada de Segurança Pública (Risp), com a participação de representantes das forças estaduais de segurança, o militar confirmou a elaboração de estratégias para enquadrar as manifestações espontâneas organizadas na internet.

O próximo passo nesse sentido será um encontro dos militares com representantes de movimentos estudantis, grupos de jovens e promotores culturais. A ideia é orientar esse público a fazer uma festa de rua “de maneira correta e segura”, esclareceu o comandante, acrescentando que o intuito não é proibir, mas advertir que os limites da lei devem ser respeitados. “Há que se ressaltar que existem regras que precisam ser seguidas, como o direto do cidadão de ir e vir e a Lei do Silêncio”, disse o oficial.

A reunião deve ocorrer semana que vem, com os jovens sendo informados a respeito da legislação para a comercialização de bebidas alcoólicas e punições em casos de descumprimento das leis. O delegado Roberto Soares de Souza disse que a Polícia Civil vai acompanhar de perto as festas marcadas via internet. “A lei permite mobilizações populares, desde que não haja exageros. Neste sentido vamos atuar de maneira rigorosa para evitar infrações como uso e vendas de drogas, consumo de bebidas alcoólicas por menores, atos obscenos e os danos causados ao patrimônio público e ao meio ambiente”, destacou.

TRÊS PROBLEMAS


Neste ano, três eventos marcados pela internet mobilizaram as forças policiais. Em 10 de fevereiro, a Cobre Folia, marcada para a Rua Cobre, em frente à Fumec, no Bairro Cruzeiro, foi proibida. A PM ocupou preventivamente o local e a festa não ocorreu.

O segundo foi o Cidade Love, no Bairro Cidade Nova, Região Nordeste, em 4 de março, e deixou um rastro de vandalismo. Cerca de 10 mil pessoas convocadas para uma festa pós carnaval causaram destruição e foram dispersadas pela PM.

A festa pós carnaval Vou passar a noite com elas, marcada para sábado passado na Praça do Papa, foi proibida e não ocorreu. A PM ocupou o espaço onde aconteceria o evento e impediu a folia. Com o bloqueio, jovens se dirigiram ao Bairro Cidade Nova, mas foram dispersados pela PM e pelo Juizado da Infância e Juventude.


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