No primeiro fim de semana depois da suspensão do serviço de transporte de passageiros dentro do Parque das Mangabeiras, na Região Centro-Sul de Belo Horizonte, visitantes que gostam de usar os coletivos ou realmente dependem deles para transitar na unidade de conservação lamentaram a ausência do sistema. Entre as queixas estão principalmente as de pessoas com mobilidade reduzida, como idosos, cadeirantes e pessoas com necessidades especiais, que têm a circulação prejudicada por uma das principais características do parque: o relevo acidentado. Diferentemente de outros espaços verdes de BH, como o Parque Municipal, no Centro, o Mangabeiras tem áreas íngremes, piso de pedra nas ruas, e não asfalto, além de maior extensão.
A retirada dos quatro micro-ônibus que faziam o traslado ao custo de R$ 1 ocorreu depois que um dos carros bateu em um poste e tombou na tarde de quarta-feira, deixando 20 pessoas com luxações, escoriações e traumas. Nenhum caso grave foi registrado. O veículo, um modelo de 1995, placa GMM 6373, fazia o itinerário que atende os frequentadores do parque. No dia do acidente, o motorista alegou que o veículo perdeu o freio em uma pequena descida e, por isso, ele teria jogado o ônibus contra o poste, na tentativa de evitar um acidente mais grave.
Quem também ficou decepcionada com a interrupção dos coletivos foi a aposentada Carmen Verônica de Lima Ramos, de 59 anos. Na posição de cadeirante, ela afirma que não há como transitar no espaço de cadeira de rodas, o que torna o parque um local público antidemocrático. “Como aqui é muito grande, não dá para ficar empurrando a cadeira, e mesmo que se quisesse, seria impossível, pois são áreas de descidas e subidas muito fortes e o piso não é de asfalto”, afirmou. Carmen estava no Mangabeiras ontem na companhia dos filhos e da nora, que também cobraram a volta do transporte. “Tomara que resolvam isso rápido e que tornem o sistema mais seguro, afinal são vidas que estão em jogo”, ressaltou o músico Andrei Ramos Porto, de 35, filho da aposentada. Sempre que possível, a família vai ao Mangabeiras. Depois do acidente, ficaram surpresos. “Já fizemos uso dos ônibus várias vezes e nem imaginávamos que uma ocorrência dessas poderia acontecer”, acrescentou a aposentada.
SEM RESPOSTA
O ônibus envolvido no acidente está sendo submetido a uma perícia da Polícia Civil e o resultado das investigações só será conhecido no início de outubro. Enquanto isso, as cobranças da população ainda estão sem resposta. De acordo com a Fundação de Parques Municipais, a prefeitura estuda se vai alugar ou comprar novos veículos. De acordo com o presidente da FPM, Luiz Gustavo Fortini, a alternativa mais viável em um primeiro momento é contratar o serviço de aluguel tendo em vista o menor desembolso financeiro inicial. Até que a decisão seja tomada, afirma Fortini, “o ônibus não vai circular”
Saiba mais
Pulmão verde na cidade
Localizado ao pé da Serra do Curral, patrimônio cultural de Belo Horizonte, o Parque das Mangabeiras foi inaugurado em 1984, projetado pelo paisagista Roberto Burle Marx. A unidade de conservação forma um corredor ecológico com o Parque Paredão da Serra (ainda a ser criado) e com o Parque da Mata da Baleia. O Mangabeiras conserva em sua área de 2,8 milhões de metros quadrados, 59 nascentes do Córrego da Serra e várias espécies da fauna e da flora.