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Estado de Minas

PBH sabia das más condições de micro-ônibus que tombou no Parque das Mangabeiras

Condições precárias dos sete micro-ônibus foram denunciadas em setembro de 2009 e em março deste ano. Mas dois continuaram circulando e um quase causou tragédia


09/09/2011 06:00 - atualizado 09/09/2011 06:07

Fabricado em 1995, o único micro-ônibus que sobrou no parque está fora de circulação desde quarta-feira
Fabricado em 1995, o único micro-ônibus que sobrou no parque está fora de circulação desde quarta-feira (foto: BETO MAGALHÃES/EM/D.A PRESS)


Só a sorte pode explicar a tragédia evitada no Parque das Mangabeiras, no feriado de quarta-feira. O mau estado de conservação dos sete micro-ônibus que circulavam na maior área verde da capital, com 2,8 milhões de metros quadrados na Região Centro-Sul, já havia sido denunciado em pelo menos dois ofícios enviados pelo Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Belo Horizonte (Sindibel) à prefeitura. Documentos, um deles enviado há dois anos, atestam falhas no sistema de freios, vazamento de óleo no motor, pneus desgastados e parte elétrica comprometida e pede à prefeitura a retirada deles de circulação. As condições precárias dos veículos levaram a Fundação de Parques Municipais (FPM) a leiloar cinco em junho, mas mantendo dois temporariamente em circulação, enquanto uma licitação para terceirizar o transporte interno no parque não sai do papel.

Mas a providência não foi suficiente para evitar o acidente com um dos micro-ônibus, quando o veículo perdeu o freio, bateu em um poste e tombou. E ainda alertou para outro problema da área verde: não há posto médico nem de enfermagem no parque. Vinte pessoas ficaram feridas na batida, que teve a sorte como principal aliada para não se transformar em desastre. No Dia da Independência, o parque recebeu 12 mil visitantes, público duas vezes maior do que nos domingos.

Área de brinquedos do Mangabeiras fica logo abaixo do local onde o veículo se acidentou
Área de brinquedos do Mangabeiras fica logo abaixo do local onde o veículo se acidentou (foto: BETO MAGALHÃES/EM/D.A PRESS)
O acidente ocorreu próximo às quadras poliesportivas e à pista de skate, numa via sem calçadas, o que obriga pedestres a caminharem na rua. Para piorar, o ônibus, desgovernado e com suspeita de superlotação, parou a apenas 400 metros de uma área de brinquedos. “O parque estava muito cheio e os brinquedos lotados de crianças. Se o ônibus continuasse descendo, seria uma catástrofe”, afirmou o chefe do Departamento de Parques Sudeste da FPM, André Funghi, que gerencia a área verde.

Nessa quinta-feira, o ônibus batido, um Mercedes- Benz, fabricado em 1995, único usado no transporte dos visitantes, estava estacionado na garagem do parque, envolto em uma lona preta e à espera da perícia. A Polícia Civil informa que os laudos com as causas do acidente serão concluídos em 30 dias. A principal suspeita é de falha no sistema de freios, segundo relato do motorista.

A direção do parque também promete investigar o caso, mas afirma que a manutenção do ônibus, de propriedade da prefeitura e que sempre foi usado na área verde, estava em dia. “A última revisão foi em março, mas um mecânico do parque sempre fazia o acompanhamento”, disse André, sem deixar de reconhecer a necessidade de substituição dos veículos. “Cinco ônibus foram a leilão em abril, porque não estavam em boas condições.”

Denúncias

Mas bem antes do leilão, em setembro de 2009, o Sindibel já denunciava o estado dos micro-ônibus. O primeiro ofício pedia a manutenção dos veículos e que a vistoria passasse a ser feita pela BHTrans, empresa que administra o trânsito na capital. Isso porque “os veículos do Parque das Mangabeiras estão em precárias condições, correndo risco de acidentes e à saúde dos motoristas”, dizia o documento.

Em março do ano passado, outro ofício cobrava solução e dava mais detalhes do problema, informando sobre mau funcionamento de freios, motores com vazamento de óleo, pneus desgastados e parte elétrica comprometida. “A tragédia poderia ter sido evitada, pois eles já estavam avisados da situação”, afirma o secretário-geral do Sindibel, Israel Arimar.

De acordo com André Funghi, os dois veículos em uso estavam em condições melhores do que os micro-ônibus leiloados. Um deles era usado para o transporte de funcionários e da brigada de incêndio e o outro para o transporte de turistas. A cada hora, o veículo percorria um trajeto de sete quilômetros ligando diversas partes do parque. André ressalta que a orientação aos motoristas, todos terceirizados, era para trafegar a 20 km/h e ter prudência na direção. Outra recomendação era para levar, no máximo, 24 passageiros, todos assentados. Apesar disso, o Corpo de Bombeiros chamou a atenção para a superlotação do veículo, estimando a presença de 30 a 35 passageiros. “Vamos apurar se havia mais gente que o permitido”, rebate o chefe de departamento.

Ao todo, 20 pessoas ficaram levemente feridas no acidente. Destas, 14 foram levadas pelos bombeiros e pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) a hospitais da capital. Segundo a direção do parque, todas as vítimas receberam alta e passam bem.

 

 


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