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Estado de Minas

Mineiro confessa triplo assassinato nos EUA e choca cidade no Vale do Rio Doce


29/08/2011 06:02 - atualizado 29/08/2011 08:38

Eugênia do Carmo, avó de Valdeir, mostra foto do neto: 'A gente esperava que ele fosse solto'
Eugênia do Carmo, avó de Valdeir, mostra foto do neto: "A gente esperava que ele fosse solto" (foto: Beto Novaes/EM/D.A Press.)
A falta de informações sobre filhos e maridos que trabalham ilegalmente nos Estados Unidos é um drama diário para várias famílias da pequena cidade de Ipaba, a 225 quilômetros de Belo Horizonte, no Vale do Rio Doce. Desde o fim de semana, porém, notícias que chegaram da distante Omaha, no estado norte-americano de Nebraska, aumentaram a angústia e viraram motivo de desconfiança e vergonha entre moradores. Acusado nos Estados Unidos de ter assassinado um casal de catarinenses radicado naquele país e o filho deles, de 7 anos, o operário ipabano Valdeir Gonçalves dos Santos, de 30 anos, fez acordo com a promotoria e confessou o crime em troca da garantia de não ser condenado à morte. Ele deve pegar 20 anos de prisão. Além disso, disse que outros dois trabalhadores de Ipaba, José Carlos Coutinho, de 37, e Elias Lourenço Batista, de 29, participaram dos assassinatos.

A confissão ocorreu durante julgamento de Valdeir, iniciado há duas semanas na Corte de Douglas (EUA), depois que a mulher dele, Wanderlúcia Oliveira de Paiva, de 32, prestou depoimento e afirmou que seu marido admitiu ter assassinado o patrão, o empresário Vanderlei Szczepanik, a mulher dele, Jaqueline, ambos de 43 anos, e o filho do casal, Cristopher. Na versão de Wanderlúcia, Valdeir teria dito que torturou o patrão até a morte, o esquartejou e jogou no rio juntamente com os outros corpos. O motivo seria um descontentamento com os salários pagos pelo empresário.

Em Ipaba, a confissão surpreendeu famílias. A expectativa dos parentes e amigos do trio era de que Valdeir fosse inocentado da acusação, uma vez que os corpos até hoje não foram encontrados. A possibilidade de que José Carlos Coutinho, que também está preso nos Estados Unidos, e Elias, que foi deportado para o Brasil, sejam condenados abalou a amizade antiga dos vizinhos da rua Pastor Geraldo Sales. Parentes dos três acusados vivem muito próximos, numa parte humilde da cidade. “Nossa vida virou toda. Tem gente que acha que meu irmão matou essas pessoas, que ele não presta. Ainda mais agora que o outro (Valdeir) confessou”, desabafou a dona de casa Cleonice Oliveira, 35 anos, irmã de José Carlos Coutinho.

Quatro casas acima, a família de Elias Batista também enfrenta um clima de acusação na comunidade. “Acham que ele tem envolvimento nas mortes. Por ter sido solto e estar aqui, acham isso injustiça. Só que ele é um trabalhador”, diz o primo dele, Ezequias de Araújo, de 30. Ontem, Elias não foi encontrado na sua casa. Parentes disseram que ele tinha ido para uma pescaria e não teria dia para voltar. Perto da esquina, na casa de Valdeir, os parentes ficaram perplexos com a confissão. De olhos molhados e trêmula, a avó do pedreiro, Eugênia Gonçalves do Carmo, 73, conta que preparam uma festa para o seu retorno. “O advogado dele nos EUA disse que logo ele seria solto. A gente estava esperando ele ligar dizendo que tinha sido solto e, de repente, soubemos que ele confessou. Alguma coisa fizeram com ele lá”, acredita a avó. Os parentes dos réus no processo de assassinato são unânimes em acusar as mulheres de Valdeir, Wanderlúcia Oliveira, e de José Carlos, Patrícia Oliveira Coutinho, de terem sido levadas aos Estados Unidos para prejudicar os dois.

À espera de Justiça

Nos Estados Unidos, a enteada do empresário catarinense Vanderlei Szczepanik, diz esperar por justiça. Na manhã da quinta-feira, Tatiane Costa Klein de 28 anos, foi chamada às pressas na Corte do Condado de Douglas para dar seu consentimento em acordo de redução da pena de Valdeir em troca de uma confissão. “Concordei, pois espero que a justiça seja feita”, justificou. Tatiane sentou-se na primeira fila da sala de audiências e ouviu a confissão do operário Valdeir perante o juiz da corte, de que juntamente com José Carlos e Elias Batista assassinaram o patrão. Segundo ela, Valdeir, chorando, teve que ser interrompido pelo juiz para não contar os detalhes de como cometeu o crime. “Fiquei chocada. Senti-me mal, pois havia ainda uma esperança de que eles estariam vivos. Só quis sair dali o mais rápido possível”. Momentos antes da confissão, Tatiana havia sido convencida pelo promotor Don Kleine de que o acordo era a única forma de fazer justiça.

Saiba mais - Nebraska tem 11 no corredor da morte

Atualmente, 11 condenados estão no corredor da morte no estado de Nebraska, nos Estados Unidos. Um homem que matou dois taxistas em 1979 seria o primeiro sentenciado em Omaha a ser executado, em 2007, na cadeira elétrica, banida no começo do ano seguinte. Porém, a punição foi suspensa. Em 2009, os legisladores de Nebraska decidiram pela adoção da injeção letal para substituir a cadeira elétrica. O procedimento consiste na aplicação de três doses de medicamentos, em seringas separadas: pentotal (Tiopental) de sódio, como anestésico; o pancurônio bromide, como bloqueador de sensações nos nervos e paralisante muscular; e o clorido de potássio, que paralisa o coração. De acordo com dados da Anistia Internacional, desde 1976, quando foi retomada a pena capital nos Estados Unidos, 1.234 condenados foram executados, dos quais 46 no ano passado.


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