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Estado de Minas

Pedreiro pode ser o primeiro mineiro a enfrentar corredor da morte nos EUA

Depois que pedreiro confessou triplo assassinato nos Estados Unidos, promotor americano admite que poderá pedir execução de outro operário de Ipaba acusado de ordenar o crime


postado em 01/09/2011 06:00 / atualizado em 01/09/2011 06:11

Em Ipaba, Cleonice de Oliveira não acredita que o irmão, José Carlos Coutinho, tenha culpa na morte de família catarinense nos Estados Unidos(foto: Beto Novaes/EM/D.A Press)
Em Ipaba, Cleonice de Oliveira não acredita que o irmão, José Carlos Coutinho, tenha culpa na morte de família catarinense nos Estados Unidos (foto: Beto Novaes/EM/D.A Press)

 

O operário José Carlos Coutinho, 37 anos, natural de Ipaba, no Vale do Rio Doce, poderá ser o primeiro mineiro a enfrentar o corredor da morte nos Estados Unidos. A informação é do promotor Donald Kleine, que representa o condado de Douglas, no estado de Nebraska, onde Coutinho será acusado de ser o mandante do assassinato de uma família de três brasileiros de Santa Catarina, que eram seus patrões, em 2009, na cidade de Omaha, naquele estado. O início do julgamento ainda não foi marcado.

Coutinho e outros dois conterrâneos, Valdeir Gonçalves dos Santos, de 30, e Elias Lourenço Batista, de 29, são suspeitos da morte do empreiteiro Vanderlei Szczepanik, da mulher dele, Jaqueline, ambos de 43 anos, e do filho do casal Cristopher, de 7 anos.

Na semana passada, o operário Valdeir dos Santos resolveu confessar o crime quando todos esperavam que ele fosse inocentado por falta de provas, já que não foram encontrados os corpos das vítimas, resquícios de DNA e não há testemunhas oculares do crime. Ele fez um acordo com a promotoria e, em troca de seu testemunho contra os dois outros acusados, receberia uma pena de 20 anos de cadeia, que pode ser reduzida a 10 por bom comportamento e da qual ele já cumpriu quase dois.

Em sua confissão, o pedreiro disse que os corpos foram esquartejados e atirados dentro de sacolas no Rio Missouri, que corta o estado de Nebraska. Elias Batista foi deportado pela emigração norte-americana antes que a promotoria conseguisse reunir provas suficientes para condená-lo. Ele voltou para Ipaba e nega o crime.

Na prisão

Preso na penitenciária de Omaha, Valdeir respondeu por meio de seu advogado, Kevin Ryan, a perguntas feitas pelo Estado de Minas. Ele está numa cela comum, numa instituição onde ninguém fala português. Ele se comunica apenas com pessoas que falam espanhol. Mal consegue saber notícias do exterior por jornais e sites da internet por ser analfabeto.

Coutinho, que ele acusa de ser o mandante do crime, está numa prisão a 30 minutos de lá. O promotor do condado ainda não havia se decidido entre formar um caso pedindo a prisão perpétua ou a pena capital, que é a morte por injeção letal.

“Nós três participamos do crime. Mas foi José Carlos que queria isso. Ele fez com que Elias e eu fizéssemos isso (assassinato da família). Nós devíamos ao José Carlos por estarmos lá. Não tínhamos nada aqui, então fazíamos o que ele nos mandava fazer. Quase como escravos”, disse Valdeir ao advogado.

Perguntado se pudesse voltar atrás e não fazer algo, ele se disse arrependido, que não queria ter participado das mortes e preferia ter ficado em Ipaba. “Mais do que qualquer coisa, queria desfazer o que ajudei a fazer com a família Szczepanek, especialmente com Jaqueline e Cristopher”, afirma. “Era feliz em Ipaba. Vim para os EUA mesmo assim e tudo se tornou um pesadelo. Queria não ter ido e largado minha família. Sinto falta da minha mãe, da minha avó e das minhas duas filhas.”

Segundo seu advogado, Valdeir está ajudando a polícia a recuperar os corpos, mas há ainda uma possibilidade de que os restos mortais nunca sejam encontrados. “Espero que encontrem logo. Para que a família tenha um desfecho para o caso”, disse Ryan.

Em Ipaba, a irmã de José Carlos Coutinho, Cleonice Oliveira, 32 anos, diz que não acredita que o irmão seja o mandante do crime. “Ele tem uma filha de 7 anos, a mesma idade do menino que morreu. Nunca ia mandar matar eles. Meu irmão nunca teve problemas com a polícia”, afirma.

Dezembro de 2009

Empresário catarinense radicado nos Estados Unidos Vanderlei Szczepanik, a mulher dele, Jaqueline, ambos de 43 anos, e o filho do casal, Cristopher, de 7, desaparecem na cidade de Omaha, no estado de Nebraska.

Confissão deixa parentes preocupados

15 de agosto de 2011

Começam as audiências do desaparecimento na Corte de Douglas e a mulher do operário mineiro Valdeir Gonçalves dos Santos, de 30 anos, empregado do empresário, Wanderlúcia Oliveira de Paiva, de 32, presta depoimento e admite que o marido assassinou o patrão, a mulher e o filho,
tendo esquartejado os corpos e jogado num rio.

25 de agosto de 2011

A vendedora Tatiana Costa Klein, de 28 anos, enteada do empresário, é chamada às pressas à corte para aprovar a redução de pena de Valdeir, em troca de confissão. Valdeir faz acordo com a promotoria e confessa o crime para evitar a pena de morte. Ele aponta como cúmplices os colegas brasileiros José Carlos Coutinho, de 37, e Elias Lourenço Batista, de 29, este já deportado para o Brasil.


29 de agosto de 2011

A confissão do crime surpreende as famílias dos três operários em Ipaba, no Vale do Rio Doce, que esperavam a absolvição de Valdeir por falta de provas.



30 de agosto de 2011

Em Ipaba, um dos acusados de cumplicidade no crime, o pedreiro Elias Lourenço Batista nega o crime e afirma não temer a repatriação e condenação nos Estados Unidos, mas se dispõe a colaborar com as investigações. Especialista em direito diz que ele pode ser julgado no Brasil, a pedido da Justiça norte-americana.

31 de agosto de 2011

Promotoria informa que poderá pedir a pena de morte ou a prisão perpétuca para o operário José Carlos Coutinho, apontado como mandante dos assassinatos.


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