Festas e mais festas marcam viagem de formatura de jovens mineiros na Bahia

Porto Seguro – Uma semana sem regras. É essa a recompensa que milhares de adolescentes mineiros esperam para o mês de julho do seu ano de formatura no ensino médio. Em meio a aulas, cursinho pré-vestibular e provas todo fim de semana, eles aguardam meses para ir a Porto Seguro e curtir – sem se preocupar com pais, professores ou o dia de amanhã – o que consideram ser a última chance de “aproveitar a vida” com os amigos do colégio.

A viagem de formatura pode ser novidade para quem se formou há mais de 10 anos, mas já ganhou status de tradição entre quem ainda está na escola. Para descobrir o que acontece na cidade baiana, que recebe cerca de 10 mil estudantes de todo o país somente em julho, a reportagem acompanhou parte da viagem de alunos de colégios como Loyola, Santo Agostinho, Santo Tomás de Aquino, Santa Dorotéia e Bernoulli no último fim de semana.

A preparação para a balada começa no início do ano, quando as comissões de formatura ou as próprias escolas fazem o primeiro contato com empresas especializadas em acompanhar os formandos na cidade. As turmas ficam sete dias em Porto Seguro, em hotéis que são completamente reservados para os adolescentes. Durante o dia, podem conhecer a região em passeios de escuna ou curtir um luau havaiano ou churrasco com pagode. À noite vão a baladas na areia da praia ou em ilhas próximas, sempre regadas a álcool (leia mais na página 23).

Como grande parte dos formandos já tem 18 anos, cabe à agência de turismo tentar evitar excessos, como passar o dia inteiro bebendo no hotel. “Adolescente com tempo livre é problema, principalmente por causa da bebida. Então a gente os mantém ocupados e, assim, eles dão menos dor de cabeça”, admite o coordenador-geral da Forma Turismo em Porto Seguro. A empresa, que fez sua primeira viagem com alunos paulistanos em 1997, leva estudantes mineiros para a cidade baiana desde 2006. O ritmo acelerado é, de fato, uma das características que marcam a viagem. Com a agenda apertada, quem participa de todas as atividades propostas passa uma semana sem dormir mais de cinco horas por noite, sempre correndo para ver a próxima atração.

A cada semana a empresa fica responsável por mais de mil adolescentes de Minas Gerais, São Paulo e Santa Catarina. Para controlar onde cada um está, eles cadastram os estudantes com uma pulseira, com código de barras, de uso obrigatório. Toda vez que um deles sai do hotel, da festa ou do passeio tem seu código de barras computado no palm top da organização. Basta fazer a leitura do código para saber a que festas o dono foi, a que horas chegou, a que horas saiu, além de ter acesso aos dados médicos.

Os adolescentes também têm que seguir a agenda da excursão. Quem não quiser acompanhar a turma pode ficar no hotel, que tem área comum, salão de jogos e piscina, mas não pode pegar um táxi e ir a uma boate ou outra festa. Dessa maneira, a empresa reúne as centenas de jovens sob a sua responsabilidade em um único local, onde eles têm acesso a atendimento médico e supervisão de monitores. “Antigamente, vendíamos uma viagem mais voltada para a diversão, hoje vendemos duas viagens: uma de curtição para os meninos e outra de segurança para os pais. Você tem aqui uma liberdade controlada”, diz Fábio Medrado.

*A repórter viajou a convite da Forma Turismo