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Estado de Minas

Lei não coíbe saidinha de banco em BH


postado em 16/05/2011 06:11 / atualizado em 16/05/2011 06:52

Cinco meses depois de o governo estadual ter sancionado lei para combater a saidinha de banco, esse crime continua desafiando as autoridades e deixando a população assustada. Somente em dois dias da semana passada foram registradas oito ocorrências desse tipo, mostrando que a proibição de uso de celular nas agências bancárias e a instalação de divisórias nos caixas não surtiram efeito. Os criminosos não se intimidaram e quem é obrigado a retirar dinheiro nos bancos se sente à mercê das quadrilhas que agem principalmente na Região Centro-Sul de Belo Horizonte, mas também atacam em outras áreas da cidade e em alguns municípios da Região Metropolitana.

Para os especialistas em segurança pública, a principal razão para a continuidade dos assaltos nas proximidades das agências bancárias são falhas na investigação da polícia para identificar e desarticular as quadrilhas. A delegacia especializada do Departamento de Investigação de Crimes Contra o Patrimônio só investiga situações onde o valor roubado ultrapassa R$ 65.400, o equivalente a 120 salários mínimos. Os outros casos ficam sob responsabilidade das delegacias distritais.

“A lei que proíbe o uso de celular nas agências não ajudou muito. A única forma de se evitar a saidinha de banco é fazer uma investigação minuciosa para descobrir e desmontar essas quadrilhas especializadas, o que não tem sido bem feito. Esse não é um crime de oportunidade e aventura. Envolve uma forma específica de preparação e abordagem. E até agora não foram investigadas as técnicas dos criminosos para identificar as potenciais vítimas. Se o celular era o grande determinante, eles já mudaram de tática”, afirma o ex-secretário de Defesa Social e secretário-executivo do Instituto Minas Pela Paz, o sociólogo Luís Flávio Sapori.

Não existe levantamento específico desse tipo de crime. A polícia considera a saidinha crime contra o patrimônio e os dados são compilados junto com ocorrências de furtos, roubos e outras modalidades criminosas. A Polícia Civil estima uma média de 70 saidinhas por mês. A polícia também sabe onde os criminosos agem com maior frequência: o Hipercentro e a Região Centro-Sul.

Preocupação e medo

A designer de interiores Camila Fidélis, de 27 anos, costuma fazer movimentações bancárias na Região Centro-Sul e diz que apesar da proibição do uso de celular nas agências, muitos clientes continuam a usar o telefone. Para se precaver, ela conta que observa bem o ambiente e as pessoas antes de entrar ou sair de um banco. “É fato: a lei não pegou. Vejo muita gente falando ao celular e mesmo quando o guarda chama a atenção, a pessoa não desliga. É uma situação que foge ao controle das agências, não se tem muito o que fazer. Vejo as notícias sobre esse crime e, normalmente, tomo cuidado na hora de entrar e sair do banco. Se noto alguém suspeito, dou um tempo. O que ocorre é que a gente é muito confiante e nunca acha que vai acontecer nada de ruim”, avalia Camila.

A Polícia Militar faz patrulhamento específico para áreas bancárias, em locais com grandes concentrações de agências, levando em conta dias de pagamento e vésperas de datas comemorativas, o que já teria resultado em uma queda de 45% nas ocorrências. Policiais à paisana reforçam a segurança, de olho em suspeitos de moto. Na sexta-feira anterior ao Dia das Mães, 6 mil PMs foram às ruas combater esse crime.

Para o coordenador do Centro de Estudos de Criminalidade e Segurança Pública da Universidade Federal de Minas Gerais (Crisp-UFMG), Robson Sávio, a saidinha é um crime difícil de ser resolvido com ações paliativas. Ele sugere que o cidadão adote medidas individuais de proteção e diz que a segurança pública, de uma maneira geral, precisa de melhorias.

“É uma ilusão achar que iniciativas pontuais vão resolver o problema. A lei dificulta uma das formas de comunicação da quadrilha, que acaba usando outros recursos para identificar alvos fáceis e vigiar as vítimas. Essa é a dinâmica do crime nas grandes cidades. A polícia não tem como estar o tempo todo em todos os lugares e o que ela pode fazer de melhor é identificar os elementos, a forma que atuam e onde praticam crimes, para posicionar os policiais e prender os criminosos. É preciso usar boas técnicas de investigação”, diz ele.

Últimos ataques

As oito saidinhas de banco da semana passada foram registradas na quarta-feira (quatro casos) e na sexta-feira (mais quatro casos.) No primeiro dia, foram três ataques na capital – no Bairro Gutierrez, Região Oeste, na Região da Pampulha, e na Avenida do Contorno. O outro crime foi em Contagem, Região Metropolitana de Belo Horizonte. Segundo a Polícia Militar, os bandidos roubaram mais de R$ 32 mil das vítimas. Na sexta, ladrões levaram R$ 55 mil de um homem que havia sacado dinheiro no Bairro Barro Preto, Região Centro-Sul, e mais R$ 21 mil de vítimas no Bairro Betânia, Zona Oeste, em Lourdes e Funcionários, na Região Centro-Sul , e na Região Leste da cidade, na Avenida do Contorno.

Como se proteger

Evite andar com grandes quantias pelas ruas

Não comente com ninguém que pretende fazer saques

Escolha estabelecimentos que ofereçam segurança na localização dos caixas

Procure quebrar a rotina de saques, retirando dinheiro em horários e agências diferentes

Prefira movimentações online para valores altos

Se for idoso, procure ir à agência com alguém de confiança

Fonte: Polícia Militar


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