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Estado de Minas MINEIROS E A RIO+20

Paradigma ambiental

Especialistas, autoridades e ambientalistas do estado expõem opiniões sobre o evento e não escondem temor de que conferência não promova resultados


postado em 10/06/2012 06:00 / atualizado em 07/06/2012 12:38

Parques Estaduais, como o do Ibitipoca, guardam belezas que podem desaparecer com a degradação(foto: Evandro Rodney/Divulgação)
Parques Estaduais, como o do Ibitipoca, guardam belezas que podem desaparecer com a degradação (foto: Evandro Rodney/Divulgação)

A realidade ambiental, econômica e social atual pede que dirigentes, ambientalistas e sociedade civil organizada deem outro enfoque às discussões da conferência da Organização das Nações Unidas (ONU) que começa quarta-feira no Rio de Janeiro, a Rio+20. Para especialistas mineiros, não poderão faltar nos debates temas como inclusão social, desenvolvimento humano sustentável, conservação da natureza e crescimento econômico pautado pela responsabilidade e pela coerência. Embora muitos acreditem que possa haver um diálogo de qualidade rumo a decisões globais mais harmônicas, parte deles está descrente de uma discussão nesse nível de entendimento para o futuro do planeta. Crescer pensando só no presente, sem garantir o mínimo de qualidade de vida para as futuras gerações – que é traduzido na palavra mais usada nos últimos tempos, a tal da sustentabilidade –, é o que eles mais temem.

“Em 1992, o meio ambiente aflorou. Precisávamos disso para restaurar o equilíbrio. Passados 20 anos, precisamos fazer crescer a economia, mas com visão de sustentabilidade. O que não pode é haver um desequilíbrio que rompa todo o sistema”, afirma o gerente de Meio Ambiente da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), Wagner Soares Costa. A entidade levará para o Rio a experiência mineira dos setores sucroalcooleiro, florestal, têxtil, siderúrgico e de mineração na implementação de suas políticas de gestão ambiental.

Carvoaria no Alto Paranaíba: pobreza ainda é um dos grandes vilões do meio ambiente(foto: Beto Novaes/EM/DA Press)
Carvoaria no Alto Paranaíba: pobreza ainda é um dos grandes vilões do meio ambiente (foto: Beto Novaes/EM/DA Press)
Para o secretário de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, Adriano Magalhães, há uma grande diferença entre a Rio92 e a Rio 20: “A deste ano está centrada na busca de solução para a causa dos problemas ambientais; enquanto a de 92 atacava os seus efeitos”, afirma Magalhães. Ele espera que a conferência produza novos paradigmas na junção da alavancagem econômica com a inclusão social e a defesa ambiental. “É um encontro para se discutir uma nova maneira de pensar o desenvolvimento.”

Belo Horizonte também se fará presente na Rio 20. A cidade recebe, de 14 a 17 de junho, o 8º Congresso Mundial do International Council for Local Environmental Initiatives (Iclei), ONG que reúne governos locais e organizações que assumiram compromisso com o desenvolvimento sustentável. O encontro integra programação paralela à da conferência oficial, e, ao seu fim, será produzido um documento a ser levado ao Rio de Janeiro. Alguns projetos implantados em BH serão apresentados no Iclei, como a lei que proibiu as sacolas plásticas no comércio e os programas de gestão de águas urbanas da capital. Outro evento que ocorre em BH é a palestra da Brahma Kumaris – entidade não governamental criada na Índia em 1937, com o objetivo de promover valores humanos, morais e espirituais universais – no dia 13, com o tema “O futuro que queremos”, ministrada pela professora Jayanti Kirpalani. Principal representante da Brahma Kumaris na ONU, Jayanti desenvolveu pesquisa no campo dos valores humanos para a mudança mundial e defende que o sucesso de um sistema político, econômico, social ou ambiental depende dos valores das pessoas. O evento será realizado no salão de festas do Minas Tênis Clube (unidade 2), com entrada franca.

Ocorrência de Orquídeas e plantas endêmicas em MG: ameaça da pressão humana(foto: Beto Novaes/EM/DA Press)
Ocorrência de Orquídeas e plantas endêmicas em MG: ameaça da pressão humana (foto: Beto Novaes/EM/DA Press)
O comitê mineiro da Cúpula dos Povos estará presente no Rio, onde participa da organização de vários eventos, como a mesa-redonda sobre o estatuto da cidade como instrumento de reforma urbana. O médico e ambientalista Apolo Heringer Lisboa, um dos fundadores do Projeto Manuelzão, da Faculdade de Medicina da UFMG, que trabalha com a conservação da bacia hidrográfica do Rio das Velhas, lançará o movimento Pelos Rios e pela Paz. Ele defende que as bacias hidrográficas sejam o principal instrumento de planejamento ambiental, mas não se mostra otimista quanto à conferência. “A Rio+20 está dando prioridade a temas como a economia verde, que pouco tem a ver com a defesa do meio ambiente. Estamos vivendo uma mistificação, uma camuflagem da destruição do planeta”, afirma Heringer.

A superintendente-executiva da Associação Mineira de Defesa do Ambiente (Amda), Maria Dalce Ricas, também se considera cética em relação à Rio+20. Ela lembra que em 1992 foram aprovados tratados importantes, cujos resultados, entretanto, não chegaram a se transformar em realidade. “Este ano, não temos indicativos de que vá ser diferente”, afirma.

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