Maior incorporadora do país no segmento de imóveis residenciais populares, a MRV Engenharia conseguiu atravessar a crise de 2016 com o segundo melhor desempenho de sua história pelo critério das vendas líquidas. O balanço prévio operacional da empresa, divulgado ontem, mostra que no ano passado a companhia alcançou seu segundo maior volume da venda líquida, num total de R$ 4,017 bilhões. O resultado só fica atrás do se 2014, quando atingiu R$ 4,5 bilhões.
De acordo com o diretor-executivo de finanças e relações com investidores da MRV, Leonardo Guimarães Corrêa, a boa performance está relacionada, principalmente, à demanda de mercado, formada por público com necessidade mais premente. A construtora se especializou no segmento de imóveis para a classe média e média baixa, com ênfase no programa federal Minha casa, minha vida, de subsídio à moradia popular. “Nosso imóvel é de necessidade imediata. Como é acessível, geralmente é o primeiro imóvel.”
Corrêa ressalta que a diversificação de lançamentos em várias cidades impulsionou as vendas. “O volume potencial de público aumenta com essa diversificação”, explica. No ano passado, a MRV vendeu 34.082 unidades, sendo todos os lançamentos elegíveis ao Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS). O financiamento pelo FGTS representou 94% do total.
De acordo com o balanço, a empresa registrou aumento de 4,2% nas vendas líquidas em relação a 2015 (R$ 3,8 bilhões). O resultado ocorreu em decorrência da queda de 25% dos distratos, quando o contrato é desfeito antes da contratação do financiamento. “O volume de distratos vem caindo, porque pedimos ao cliente para verificar o financiamento junto ao banco antes de fazer o contrato da venda”, afirma o diretor de finanças da MRV. Se consideradas as vendas brutas, houve queda no desempenho da construtora de 4,5% em 2016, em relação ao ano anterior, de R$ 5,496 bilhões para R$ 5,249 bilhões.
EM CAIXA O balanço da MRV também indica que, no último trimestre do ano, a empresa conseguiu gerar R$ 140 milhões de caixa, recuperando o repasse de unidades do trimestre anterior, quando o setor imobiliário foi afetado pela greve dos bancos. O relatório destaca que, ainda que positiva, a geração de caixa foi impactada por fatores como a alteração na análise de crédito pelo Banco do Brasil, bem como o investimento em grandes lançamentos. No acumulado do ano, a geração de caixa chega a R$ 505 milhões.
Com estratégia de expansão nos grandes centros urbanos, a MRV lançou 50% das unidades no quarto trimestre em capitais e 17% em regiões metropolitanas. Este ano, planeja lançamentos em São Paulo, Salvador e Betim, na região metropolitana de BH. No quarto trimestre, o resultado das vendas líquidas foi 1,6% menor em relação ao mesmo período de 2015. De outubro a dezembro, a produção alcançou 8.886 imóveis, ante 9.791 no terceiro trimestre. A empresa atribui a queda ao período de chuvas e de férias.
No quarto trimestre, a Urbamais, subsidiária do grupo especializada em loteamentos, lançou seu quinto empreendimento, o Jardim dos Girassóis, em Feira de Santana (BA). Considerando-se todo o ano passado, a empresa obteve crescimento no Valor Geral de Vendas (VGV) de 5,8% na comparação com o ano anterior. As vendas contratadas na VGV somaram R$ 80,8 milhões.