Apesar da corrida pela previdência privada, ela está longe de ser a única opção para quem quer guardar dinheiro pensado no futuro. “A previdência privada é um sistema de poupança, em que você repassa a sua renda para um investidor e ele vai aplicá-la nas opções disponíveis. Para isso, ele cobra taxas. Hoje, investimentos no Tesouro Direto corresponderiam a uma previdência privada, mas é muito mais barato e mais seguro”, afirma a economista e doutora em demografia Eli Iola Gurgel Andrade, professora da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
A recomendação do consultor financeiro Erasmo Vieira é que todos também contribuam com o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), mas que se planejem para garantir uma aposentadoria complementar, seja ao investir no Tesouro Direto ou em outro modelo, como a previdência privada. “Um plano a longo prazo, de juros sobre juros, por menor que seja, vale muito a pena. A ideia é por o dinheiro para trabalhar para você”, reforça.
A especialista em previdência privada e seguro de vida Maria Inês Prazeres aponta como uma das vantagens dos planos privados o fato de o contribuinte ter mais domínio sobre seu próprio dinheiro em relação à Previdência social, além de ter um regime de capitalização. “Na Previdência social, você paga uma parcela para alguém que está se aposentando hoje”, afirma. Ela destaca que a previdência deixa de ser vantagem para quem sabe lidar com o mercado financeiro. “Se a pessoa tem o perfil de investir e olha todos os dias a movimentação ou quem já tem um patrimônio, deixa de ser tão interessante”, diz.
Mesmo quem optou pela previdência privada deve acompanhar o desempenho do investimento, alerta a corretora. “A partir do momento em que a pessoa alcança determinado volume, tem como exigir taxas melhores”, afirma Maria Inês. Ela reforça também que essas modalidades valem a pena para investimentos de longo prazo, sobretudo a partir de 15 anos. Operações que envolvam menor prazo devem ser analisadas caso a caso, de preferência, com a ajuda de um especialista.
A professora Eli reforça que não basta contratar um plano de previdência ou aplicar em um fundo. Segundo ela, um futuro tranquilo passa pela luta para a reestruturação da Previdência social. “É necessário reparar a confiança da população na previdência, de modo que possa, inclusive, fornecer uma carteira de benefícios”, diz.
Eli defende que a mudança da Previdência social passe também por uma reforma da dívida da instituição. “Há uma cultura de leniência de empregadores com a previdência. Além disso, entidades filantrópicas e outras têm perdão da contribuição previdenciária. Isso vai acumulando uma dívida monstro”, diz. “As reformas que querem restringir a previdência pública tem interesse de ampliar o mercado da previdência privada”, completa a economista.