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Estado de Minas

Famílias fazem dívidas para fechar as contas, revela pesquisa

Pesquisa da Fecomércio MG mostra que 42,1% das famílias de BH buscam algum financiamento, em razão do descompasso entre receita e despesas. Só 51% mantêm o orçamento sem buracos


postado em 28/06/2016 06:00 / atualizado em 28/06/2016 07:59

Depois de enfrentar o desemprego, a auxiliar de serviços gerais Josimeire de Oliveira caiu no endividamento e só deve sair dele no fim do ano(foto: Rodrigo Clemente/EM/D.A Press)
Depois de enfrentar o desemprego, a auxiliar de serviços gerais Josimeire de Oliveira caiu no endividamento e só deve sair dele no fim do ano (foto: Rodrigo Clemente/EM/D.A Press)

Diante do custo de vida bem mais alto do que o poder de compra pode alcançar, a vida de muitos belo-horizontinos virou uma bola de neve. Sem conseguir elaborar um planejamento financeiro, boa parte dos consumidores de BH não tem conseguido pagar suas contas em dia e, cada vez mais, vem recorrendo a empréstimos. A realidade preocupante principalmente para o comércio é retratada na Pesquisa Orçamento Doméstico, feita neste mês pela área de Estudos Econômicos da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo de Minas (Fecomércio MG), divulgada ontem. De acordo com o estudo, subiu de 0,6% em 2015 para os atuais 42,1% o universo dos entrevistados que estão endividados ou buscam algum tipo de financiamento para suprir as despesas rotineiras.

Em junho do ano passado, 96,7% conseguiam honrar seus compromissos financeiros e, neste ano, o percentual desceu a 51,3%. A Fecomércio MG ouviu 398 pessoas entre 13 e 16 deste mês. De acordo com a pesquisa, no atual cenário de crise econômica, que mescla inflação elevada com aumento do índice de desemprego (taxas de 9,28% e de 10,9%, respectivamente, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística- IBGE), elaborar um planejamento financeiro e cumprí-lo virou missão complicada em BH. Atualmente, 73,3% das famílias programam os gastos mensais. Em junho do ano passado, esse índice era de 76,7%. Além disso, entre aqueles que elaboram o orçamento doméstico, apenas 30% conseguem efetivamente segui-lo, como mostrou a pesquisa.

Para a analista de pesquisa da entidade, Elisa Castro, o recuo no indicador é resultado, em linhas gerais, da deterioração da situação financeira das famílias. “Os dados mostram que o rendimento mensal não está sendo suficiente para cobrir as despesas básicas. Assim, com dívidas acumuladas e precisando de outros recursos para complementar a renda, fica difícil para o consumidor se planejar”, avalia. Porém, o dado mais preocupante, segundo Elisa, é o endividamento.

A pesquisa começou a ser feita em 2013 com frequência bimestral e agora semestral. Nas avaliações anteriores, recorda Elisa, o percentual de mais de 40% ficava com aqueles que conseguiam pagar suas contas, não entre os endividados. “A situação está virando uma bola de neve”, diz. Disso a auxiliar de serviços gerais Josimeire de Oliveira, de 27 anos, não duvida. Com três filhos, ela espera que, somente no fim do ano, consiga quitar as dívidas que tem e, quem sabe, ter um planejamento financeiro.

“Cheguei a ficar desempregada neste ano. Eu e meu marido, hoje, ganhamos um salário mínimo cada um e tenho de pagar a escola dos meus filhos maiores, de 9 e 11 anos, já que não consegui o ensino público para eles”, conta. Ela sonha em ter a casa própria e uma carteira de habilitação. Para economizar, decidiu abandonar o cartão de crédito e no ano que vem pretende mandar os filhos para a casa da avó no interior de Minas Gerais.

RESERVA FINANCEIRA O dinheiro de plástico, aliás, é a dor de cabeça de muita gente. A pesquisa da Fecomércio MG mostrou que os principais compromissos do orçamento são: 57,8% para o cartão de crédito; 11,6%, cartões de loja; e 4,5% com dívidas contraídas junto a terceiros e família. A reserva financeira ficou para segundo plano. “Nas pesquisas anteriores, o principal destino do dinheiro que sobrava, após o pagamento dos compromissos correntes, era a poupança. Agora, ele vai para o lazer”, comenta Elisa. Em junho deste ano, 27,6% dos entrevistados usam as economias para essa finalidade, ante 26,1% que optaram pelo investimento. Em seguida, estão gastos com turismo (12,35) e compras/consumo (11,1%).

A família do analista Vanderli Jacinto Santos, de 42 anos, entra nessa estatística. Sem dívidas, mas sentindo o orçamento apertado, ele conseguiu comprar um pacote de viagens para Maceió (AL) para passar as férias com a esposa. “Tudo ficou caro demais, mas para viajar, fizemos questão de juntar uma quantia e pagar por esse lazer. Dividimos o valor e vamos embarcar em julho”, conta, dizendo que o único financiamento que teve foi de um carro, mas as parcelas estão prestes a ser quitadas.

A mãe de Vanderli, Jaci Pinto dos Santos, de 74 anos, que considera estar no controle das finanças, teve que optar por um tratamento de saúde e adiar a viagem para Caldas Novas. A pesquisa da Fecomércio MG também revelou que o grupo de produtos mais adquirido na capital mineira é o de gêneros alimentícios (67,6%). No entanto, o maior peso no orçamento é dado pela energia elétrica, indicada por 50,3% das famílias. Aparecem, ainda, a conta de água (37,7%) e a alimentação (25,1%).


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