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Estado de Minas

Idosos são vítimas preferenciais de golpistas

Falta de intimidade com a tecnologia, saúde vulnerável, visão fraca e solidão impulsionam golpes aplicados em pessoas da terceira idade


postado em 27/06/2016 06:00 / atualizado em 27/06/2016 07:57

Sem ter autorizado movimentação da conta que mantém no banco, Leny Paiva foi prejudica por aplicações de todo o seu dinheiro e a transferência de agência (foto: Paulo Filgueiras/EM/D.A Press)
Sem ter autorizado movimentação da conta que mantém no banco, Leny Paiva foi prejudica por aplicações de todo o seu dinheiro e a transferência de agência (foto: Paulo Filgueiras/EM/D.A Press)

A visão já está turva, as pernas pesadas e as obrigações de uma vida inteira começam a pressionar o bolso com a necessidade de tomar remédios, pagar consultas médicas e ajudar familiares, tudo cabendo na parca aposentadoria. Não bastasse isso, em uma fase da vida considerada de alta vulnerabilidade, os idosos se tornaram alvo fácil de espertalhões, da oferta de dinheiro fácil e até mesmo da venda da promessa de saúde, que encobrem empréstimos consignados.


A cada dia, surge um golpe. De acordo com o assessor jurídico do Procon-MG, Ricardo Amorim, agora não se pode confiar nem mesmo naquelas pessoas que ficam nos bancos com camisetas de “posso ajudar”. A falta de intimidade com a tecnologia e a vista fraca faz com que idosos entreguem seus cartões e, somente dias depois, eles descobrem que contraíram empréstimos, aderiram a planos de capitalização, o que corrói ainda mais seu poder de compra.


Uma nova modalidade de golpe que vem ganhando volume, ao lado de outros formas batidas de abuso como a venda de colchões e travesseiros, mantas prometem a cura de diabetes, artrose e hipertensão. “Isso é uma propaganda enganosa, na qual a venda se transverte de tratamento, que é o maior apelo para a terceira idade: a saúde de volta”, diz Amorim. Ele também lembra que esse “milagre” é extremamente oneroso para os idosos, que chegam a pagar R$ 6 mil por um colchão ou travesseiros.


Os golpistas, diz Amorim, chegam de vários estados e com alvos certos. Estacionam até três carros em uma região e partem para o ataque já com contratos de empréstimos consignados prontos. Quando dão por si, os idosos contraíram dívidas entre R$ 1 mil até R$ 6 mil, para pagamento no período de 48 a 60 meses por produtos superfaturados e que prometem ser milagrosos. “Para evitar isso, os idosos precisam buscar informação nos órgãos de proteção ao consumidor, antes de assinar qualquer contrato ou fazer uma compra que pode parecer vantajosa.

Dizer não
O chefe do Procon da Assembleia Legislativa de Minas, Marcelo Barbosa, lembra ainda que o abuso aos idosos muitas vezes parte da própria família. Para não experimentar o abandono, muitas vezes os idosos emprestam aos parentes seu cartão e senha. Com isso, o familiar fica com o dinheiro e deixa o pagamento nas costas do aposentado. “O idoso na busca de companhia compra o carinho de alguns parentes com empréstimos, celulares modernos e outras despesas, mas essa é uma esfera privada, que não podemos invadir”, diz Barbosa. Ele afirma que pelo menos 20% das queixas que chegam ao Procon são de idosos superendividados e vítimas de diversos golpes.


Uma dica de Barbosa para os idosos é nunca entregar a terceiros seu cartão de banco e sua senha. “A informação bancária pertence a ele, e só em caso de necessidade, deve pedir ajuda”, diz. Além disso, garante, que se deve consultar o Procon e Banco Central, antes da compra de um serviço. Para evitar o golpe, outra coisa importante, segundo Barbosa, é não adquirir nada de que a pessoa não esteja precisando. “Se você não foi buscar pelo produto, descarte as ofertas por telefone, visita ou e-mail. É preciso dizer não”, recomenda.

Sorteio duvidoso Nancy Soares Ribeiro, de 68 anos, que na semana passada participou do Ciclo de palestras: Armadilhas do consumo na terceira idade realizado pelo Procon-MG, órgão integrante do Ministério Público de Minas Gerais, conta que já se cansou de desligar ligações que, à primeira vista, parecem vantajosas. “Recebi duas ligações perguntando se o meu aparelho era da Vivo, porque havia uma promoção pré-aprovada para me beneficiar. Atendi também uma ligação informando que eu tinha ganhado um prêmio, dois aparelhos, mas, antes mesmo de saber mais detalhes, desliguei. Sempre corto o assunto”, ensina a aposentada. Celina Lopes Lovise diz que também teve a sorte de ser premiada com R$ 10 mil, mas teria que digitar uma senha usada no banco. Fazendo valer o ditado de que o santo desconfia quando a esmola é demais, ela optou por desligar a ligação.


No entanto, Leny Paiva de Oliveira não teve a mesma sorte. Ele se viu obrigada a passar um mês sem um centavo porque o banco fez uma aplicação com o dinheiro dela sem autorização. E mais, ainda comprou um título de capitalização em nome dela por três anos no valor de R$ 3 mil. “Moro sozinha e ajudo no que passo a família, portanto, a partir disso tive dias muitos difíceis!”, conta. Os dessabores de Leny com o banco não ficaram só nisso. Ela teve sua conta transferida da avenida Antônio Carlos, na Pampulha, para a Cidade Administrativa, em Vespasiano, sem qualquer aviso-prévio. “Há anos eu recebo a pensão de meu marido e meu salário na agência próxima de minha casa e o banco mudou sem me avisar. Eu tenho o direito de escolher”, diz Leny, que já pediu socorro ao Procon-MG.

COMO SE PROTEGER


» O cartão, a senha e todas as informações bancárias pertencem ao titular da conta. Não forneça a ninguém esses dados
» Nunca aceite oferta de produtos que não tenham sido demandados por você por meio de telefone, visita ou e-mail
» Antes de contrair um empréstimo consignado procure informação sobre a instituição financeira escolhida e as condições do contrato junto aos órgãos de defesa do consumidor
» Antes de fazer novos empréstimos, procure informação sobre as pendências já existentes também junto às operadoras de cartão de crédito

Fonte: Procon-MG


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