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Estado de Minas

Nova promessa do governo Temer, exportação enfrenta barreiras históricas

Valorização das vendas externas do país no discurso de arrumação da economia ainda requer medidas para ajudar empresas a vencer gargalos nas fábricas e na infraestrutura


postado em 05/06/2016 06:00 / atualizado em 05/06/2016 07:38

Com a mudança de comando no Palácio do Planalto, as exportações voltaram a ganhar espaço no discurso político em favor da recuperação da economia, tomando ares, inclusive, de salvação nacional, mas ainda há mais perguntas do que respostas aos desafios históricos enfrentados pelas empresas para cruzar as fronteiras do país. Desde que assumiu o Itamaraty, há pouco mais de três semanas, o ex-senador tucano José Serra, ministro das Relações Exteriores do presidente em exercício Michel Temer, tem destacado a importância de acordos comerciais com os Estados Unidos e a Europa como foco da política externa. Os entraves, no entanto, passam por uma série de problemas que esbarram num conjunto de políticas públicas envolvendo desde a tributação aos gargalos de infraestrutura, logística e a capacidade do setor privado de competir no mercado internacional.


A aposta na exportação não é fortuita. Que o digam os exportadores envolvidos na difícil tarefa de embarcar produtos de alto valor, os manufaturados, em meio à pauta tradicional brasileira de comércio com o exterior, concentrada nas chamadas commodities, bens agrícolas e minerais cotados no exterior. A queda de 0,3% do PIB no 1º trimestre do ano, em relação ao 4º trimestre de 2015, só não foi pior por causa das exportações, favorecidas pelo câmbio e que vêm sendo reforçadas desde o ano passado pelo Plano Nacional de Exportações (PNE).


Se considerados os números da balança comercial, divulgados na quarta-feira pelo Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (antigo MDIC), que contabiliza os embarques de produtos, o cenário perde longe em otimismo para o discurso político. No acumulado de janeiro a maio, houve retração de 1,6% nas exportações em relação ao mesmo período do ano passado. A receita caiu de US$ 74,7 bilhões para US$ 73,5 bilhões. Na comparação com 2012, portanto há cinco anos, a retração alcança 24,8%.


Quando considerada também a balança de serviços do Brasil com o exterior, os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) indicam quadro mais favorável. Nessa análise, as exportações cresceram 6,5% nesse período. “Em termos de valor, as exportações estão caindo, mas em quantidade estão aumentando”, esclarece o presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de Castro. Segundo ele, a curto prazo não há como resolver entraves à exportação, já que a questão não se reduz à taxa de câmbio.


“É preciso fazer o que não fizemos até agora, uma reforma tributária, diminuindo a carga de impostos, uma reforma trabalhista e previdenciária. É preciso investir em infraestrutura, por meio de concessões ou mesmo privatizações”, afirma Castro, que acredita que essas medidas poderão tornar os produtos brasileiros mais competitivos no mercado internacional. O maior desafio, na avaliação de Castro, é impulsionar o mercado de produtos manufaturados, com mais valor agregado do que commodities.


Embora produtos industrializados venham ganhando espaço aos poucos, as commodities continuam a manter, de longe, o título de campeãs entre os principais produtos exportados pelo Brasil. Soja, minério de ferro, óleos brutos de petróleo, açúcar de cana e carne de frango ocuparam o topo do ranking no acumulado das vendas externas do país de janeiro a maio.

“As commodities não dependem de ação do Brasil, é o mercado internacional que manda. Nos manufaturados, precisamos de preços competitivos para exportar. Mas, hoje, mesmo com abertura de mercado, não temos preço para competir com China, Estados Unidos e Europa. Ter acordo comercial é uma coisa, mas ter preço competitivo é outra. É o mercado que manda”, diz Castro.


MUITO CARO
A falta de competitividade é um dos obstáculos enfrentados por empresárias como Junia Gomes, proprietária da fábrica de calçados e bolsas que leva o seu sobrenome. Ela já exportou produtos para Angola e Japão, mas agora só tem enviado coleções para o país africano. “Não competimos com outros países na matéria-prima, transporte, encargos de mão de obra. Isso é muito caro”, observa. “A possibilidade de abrir outros mercados é importante demais, estamos precisando de tudo que ajude a indústria a volta a produzir”, diz a empresária, que também sofre com os efeitos da crise na produção e nas vendas. A dificuldade de identificar novos mercados tem se apresentado com um desafio também para os empresários Kléber e Bárbara Ribeiro, proprietários da Bonfim Sports, indústria mineira de equipamentos esportivos, que tentam ainda sem sucesso voltar a exportar.


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