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Estado de Minas

Serra tem desafio de fazer das exportações um dos motores da recuperação econômica

O ministro das Relações Exteriores, que passa a semana em Paris, tentará destravar negociações comerciais


postado em 29/05/2016 06:00 / atualizado em 29/05/2016 07:56

Crítico da política do governo da presidente afastada, Serra terá primeiros encontros diplomáticos com representantes da França e dos Estados Unidos(foto: Evaristo Sá/AFP Photo)
Crítico da política do governo da presidente afastada, Serra terá primeiros encontros diplomáticos com representantes da França e dos Estados Unidos (foto: Evaristo Sá/AFP Photo)

O ministro das Relações Exteriores, José Serra, terá esta semana em Paris um grande desafio na tarefa de cumprir o plano de fazer das exportações um dos motores da recuperação econômica do país a curto prazo. Ele participa da reunião da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE), com  extensa agenda de contatos bilaterais para tentar destravar negociações comerciais. A principal delas é o acordo entre o Mercosul e a União Europeia (UE). “Ao contrário do que se imagina, o obstáculo a esse acordo não é o Mercosul”, disse Serra, que sempre foi crítico do fato de o Brasil depender de seus sócios no bloco para avançar nas negociações. “É a União Europeia, que não quer abrir mercado aos produtos agrícolas.”


Outra afirmação dá mostras do que deve ser o tom da negociação. “A União Europeia está em falta conosco, porque ficou de apresentar oferta para alguns produtos e não apresentou”, disse o ministro. Serra disse ainda que o governo brasileiro só admitirá concessões se o país receber algo em troca. “Não gosto de concessões unilaterais”, afirmou.


No último dia 11, enquanto o Senado discutia se admitiria ou não o processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff, Mercosul e UE trocaram ofertas com vistas a fechar acordo comercial, colocando fim a mais de uma década de paralisia.Segundo fontes envolvidas no tema, a proposta europeia frustrou por ser, basicamente, a mesma que estava sobre a mesa desde 2004, embora o bloco tivesse indicado que traria algo melhor. As principais ausências observadas na proposta, a que o ministro se referiu, foram as da carne e do etanol.


Nesta semana, Serra vai se encontrar com a comissária de Comércio da União Europeia, Cecilia Malmström. O ministro vai dialogar também com autoridades da França, um dos países que mais resistem ao acordo por causa de sua produção agrícola.Em outra frente, o ministro terá encontro com a secretária de Comércio dos EUA, Penny Pritzker, e com o representante de comércio americano, Michael Froman. Com eles, a conversa será sobre uma estratégia de cooperação em diferentes áreas. “A indicação do (embaixador) Sérgio Amaral para Washington expressa a prioridade que daremos à nossa relação”, disse o ministro. Na pauta comercial, estarão a carne e as barreiras não tarifárias.

 

Grandes Acordos

Para especialistas em política externa, a aproximação com os EUA tem outro benefício: colocar pressão sobre os europeus para que melhorem suas ofertas para o Mercosul. É a repetição de uma estratégia que funcionou nos anos 1990, quando as negociações com a União Europeia andavam pari passu com os entendimentos para a formação da Área de Livre Comércio das Américas (Alca). A competição resultava em ofertas melhores para o bloco sul-americano.


No entanto, a pressão não existe só do lado de lá. “Esse acordo é importante por uma questão geopolítica, porque a União Europeia já negocia com os Estados Unidos um acordo”, explicou o embaixador Rubens Barbosa, presidente do Conselho de Comércio Exterior da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp). Outro grande acordo comercial que está no radar do Brasil é o Transpacífico (TPP, na sigla em inglês), que envolve os Estados Unidos, a Ásia, mas não a China; além de México, Peru e Chile. A ideia brasileira é buscar uma aproximação, por meio dos países da América Latina que o integram.


O avanço de mega-acordos mostra um erro de avaliação do governo brasileiro nos últimos anos, de acordo com o gerente-executivo de Comércio Exterior da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Diego Bonomo. A aposta era de que eles não prosperariam, dada a complexidade das economias envolvidas. O outro erro, avaliou Bonomo, foi achar que as negociações comerciais não voltariam ao topo das prioridades do mundo após a crise de 2008. Não só voltaram, como foram parte da solução dela Com isso, sobrou um imenso atraso a ser recuperado em termos de negociações comerciais.


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