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Estado de Minas

Atrás das mães, comércio usa até o velho apelo por telefone

Lojistas correm para atrair os clientes sumidos, na segunda melhor data comemorativa do ano, investindo em ações que estavam esquecidas junto a tradicionais sorteios de brindes


postado em 02/05/2016 06:00 / atualizado em 02/05/2016 07:46

A cliente Karla Delfim, recebida pela gerente Fernanda Lopes, preferiu gastar menos na compra do presente, diante da instabilidade na economia e na política do país(foto: Alexandre Guzanshe/EM/D.A Press)
A cliente Karla Delfim, recebida pela gerente Fernanda Lopes, preferiu gastar menos na compra do presente, diante da instabilidade na economia e na política do país (foto: Alexandre Guzanshe/EM/D.A Press)

A menos de uma semana do Dia das Mães, segunda melhor data do ano para o varejo, as vendas ainda não engrenaram nas lojas. O comércio se lança numa corrida contra o relógio para atrair os consumidores sumidos e assim tentar fazer valer os negócios tradicionais do “segundo Natal” do setor. Promoções, sorteios e muita propaganda têm sido as estratégias mais usadas para acelerar as vendas, mas não será fácil recuperar o tempo perdido em razão do escasso movimento. As boas expectativas, característica nata dos vendedores, se contrapõem à dura realidade da crise econômica, que fez o cliente desaparecer. Em boa parte das empresas ouvidas pelo Estado de Minas a perspectiva é de vendas piores em relação ao ano passado.

As campanhas em nome das mães envolvem sorteios de brindes e de vale-presentes a partir de R$ 10 mil. A antiga prática de colocar vendedores e gerentes em contato, por telefone, com os clientes voltou a ser usada, junto ao recurso moderno de envio de mensagens virtuais para estimular consumidores antes assíduos.

As projeções de vendas também não ajudam. A Câmara dos Dirigentes Lojistas em Belo Horizonte (CDL-BH) prevê aumento de apenas 0,5% dos negócios em relação ao ano passado, com crescimento da receita de R$ 2,12 bilhões para R$ 2,13 bilhões. A mesma pesquisa aponta que 54,4% dos lojistas acredita em desempenho inferior ao alcançado em 2015. Se considerado o cenário nacional, o quadro é ainda pior. Estimativa feita pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) para o Dia das Mães aponta retração de 4,1% no faturamento, ante os números observados no ano passado (veja o quadro abaixo).

O comércio de calçados Simone Gomes, instalado no Centro de Belo Horizonte, a gerente Cibely Batista está tratando de reforçar as ações de marketing para levar clientes à loja. “Ainda não tivemos movimento motivado pelo Dia das Mães. Ninguém entrou na loja pra comprar presentes para a data. Estamos mandando e-mails com dicas sobre as opções disponíveis, vamos investir na vitrine e ligar para as clientes”, conta.

A gerente da loja de roupas femininas Pimenta Verde, na Savassi, zona nobre de BH, Gabriela Lima, diz estranhar o baixo fluxo de consumidores nas lojas num período tão próximo do Dia das Mães. “Essa data era considerada o segundo Natal. Agora está como uma data normal”, diz. A expectativa dela é de que as vendas melhorem na última hora, depois de os clientes receberem o salário. “Além da crise, houve o feriado e já é fim de mês. O pessoal ainda não recebeu”, observa.

A administradora da loja de roupas e acessórios femininos Complemento Nominal, na Savassi, Fernanda Lopes, está estudando ações de venda para o Dia das Mães, mas botou o pé no freio nas contratações de trabalhadores por tempo determinado. Ela, normalmente, contava com mais duas vendedoras no período em torno da data. Desta vez, diferentemente, enxugou o quadro de funcionárias. A empresa não é um caso isolado. Pesquisa da CNC mostra que a contratação para a data caiu 5,6% em relação a 2015. “Sou muito otimista, tenho produto e tenho preço, mas as vendas do mês de abril foram horrorosas. Por causa do cenário político-econômico, não há nada para acontecer”, afirma Fernanda.

Segundo a administradora, o faturamento da loja despencou 50% em abril e a situação é a mais delicada em 15 anos de portas abertas. “Vamos ver se fazemos alguma ação para o Dia das Mães”, diz, sem detalhar o planejamento. A relações- públicas Karla Delfim, de 44 anos, procurava presentes, na semana passada, em loja da qual é cliente habitual e acabou gastando menos do que costumava para marcar a data. “Os preços aqui estão até bem razoáveis. A gente fica é com receio do que vem por aí e acaba não gastando”, ressalta.

Reforço nos centros de compra


Os shoppings centers também estão investindo em ações para tentar fisgar os consumidores. No Diamond Mall, a cada R$ 450 em compras o cliente ganha um bracelete e concorre a vale-presentes de R$ 10 mil. O Boulevard Shopping concede a quem desembolsar R$ 300 um par de ingressos para o cinema e participa de sorteio de vale-compras de R$ 15 mil.

O Minas Shopping, por sua vez, premia os clientes, por sorteio, a cada R$ 150 gastos em compras. Os centros de compras da BRMALLS – shoppings Contagem, Del Rey, Estação BH e Sete Lagoas, este último na cidade da Região Central de Minas Gerais – apostam em sorteio de brindes, também com base em tíquetes definidos de compras.

Na expectativa dos lojistas, o consumidor deve gastar, em média, R$ 133,30 com o presente das mães (veja o quadro). A cifra foi estimada por meio de pesquisa da CDL/BH, feita com 230 empresários da capital e região metropolitana. A consulta feita pela instituição junto aos consumidores, no entanto, indicou gasto médio de R$ 104,10 e a preferência pelo pagamento à vista. O vice-presidente do CDL-BH, Marco Antônio Gaspar, diz que o resultado não surpreende. “A renda do trabalhador caiu de 10% a 15%. Todos os produtos básicos de uma família tiveram grandes aumentos, com isso acaba sobrando menos para o comércio”, afirma Gaspar.


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