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Estado de Minas

'Ainda vai piorar muito antes de melhorar', alerta economista

Aporte de empresas em projetos despenca 11,9% no segundo trimestre sobre igual período de 2014. Nessa comparação, gastos das famílias caem 2,7%, o maior tombo desde 1997


postado em 29/08/2015 06:00 / atualizado em 29/08/2015 07:19

Rio de Janeiro e Brasília – A queda no Produto Interno Bruto (PIB) no segundo trimestre foi puxada pela retração de 11,9% nos investimentos frente a igual período do ano passado e pela queda no consumo das famílias. Com peso na geração de riquezas, o consumo das famílias recuou 2,7% em relação ao segundo trimestre do ano passado, no pior resultado desde 1997. Na comparação com o primeiro trimestre, o tombo foi de 2,1%. A queda de abril a junho foi a segunda consecutiva, o que não ocorria há 12 anos. “Nem na época da crise mundial o consumo das famílias caiu tanto. Até em 2009, um ano ruim para a economia, o consumo das famílias cresceu”, disse o economista Fábio Bentes, da Confederação Nacional do Comércio (CNC).

“Ainda vai piorar muito mais antes de melhorar. Vamos ver o PIB indo mais para baixo no terceiro trimestre porque há um processo de efeito tanto do aumento dos juros ainda em curso e da queda da renda e do emprego. Isso tudo vai surtir efeito no terceiro trimestre”, alertou Alex Agostini, economista chefe da Austin Rating. Em relação ao segundo trimestre de 2014, o tombo do PIB foi maior ainda, de 2,6%, e é a quinta queda trimestral consecutiva nesse tipo de comparação. Esse resultado é um dos três piores entre 35 países que divulgaram seus balanços, conforme dados da Austin Rating. O Brasil está à frente apenas da Rússia e da Ucrânia, que tiveram retração de 4,6% e 14,7%, respectivamente.

“Os dados do segundo trimestre mostram que vai ser mais difícil para o país sair dessa recessão e isso vai contaminar o ano que vem porque temos um dado de perda de confiança constante do governo”. A coordenadora de Contas Nacionais do IBGE, Rebeca Palis, evita usar o termo recessão, mas ela reconhece que essa retração é generalizada. “Isso representa uma conjuntura econômica de indicadores que estão com desempenhos negativos e estão influenciando praticamente todas as atividades econômicas. A gente não trabalha com o conceito de recessão, mas a queda existe”, disse. De acordo com ela, há um problema na demanda interna e, por conta disso, os investimentos registraram queda expressiva no segundo trimestre. “Olhando pela parte da demanda, a gente vê que os investimentos estão em queda há algum tempo”, explicou.

No campo e nas fábricas
O PIB do setor agropecuário – atividade que sempre foi responsável por ajudar no crescimento do país – caiu 2,7% no segundo trimestre na comparação com o anterior, embora ainda tenha crescido na comparação com o mesmo período do ano passado, de 1,8%. “O que acontece é que o setor continua crescendo, mas o avanço foi mais baixo do que no ano passado. O destaque foi que a safra de soja é concentrada mais no primeiro trimestre, mas ainda restam 38% para serem exportados”, explicou a coordenadora de Contas Nacionais do IBGE, Rebeca Palis. “Nessa comparação, a agropecuária continua com desempenho positivo, puxada muito por conta da boa safra de soja, com crescimento de produção e de produtividade”, completou.

Já a indústria chegou ao fundo do poço. Descrentes com a economia, os empresários colocaram o pé no freio nos investimentos e reduziram a produção, agravando o cenário de ociosidade e até desligamento de parques fabris. Aliado ao cenário de queda no consumo das famílias, que provoca menos apetite do empresariado dos setores de comércio e serviços por produtos industriais, o PIB da atividade no segundo trimestre deste ano encolheu 4,3% em relação ao acumulado nos três primeiros meses, segundo o IBGE.

Na comparação com o mesmo período do ano passado, o tombo foi ainda maior, de 5,2% – o pior resultado desde terceiro trimestre de 2009. Especialistas, no entanto, acreditam que, apesar de o ambiente não ser tão grave quanto a crise daquele ano, as incertezas quanto à retomada do crescimento do país farão o setor permanecer por mais tempo no atoleiro.


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