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Estado de Minas

Esforço para baixar endividamento da Petrobras congela fábrica no Triângulo Mineiro

Estatal reduz investimentos entre 2015 e 2019 para US$ 130,3 bilhões e eleva valor da venda de ativos


postado em 30/06/2015 06:00 / atualizado em 30/06/2015 07:30

O presidente da estatal, Aldemir Bendine , ao lado da diretoria, anuncia novo plano de negócios da companhia nos próximos quatro anos (foto: AFP PHOTO/YASUYOSHI CHIBA )
O presidente da estatal, Aldemir Bendine , ao lado da diretoria, anuncia novo plano de negócios da companhia nos próximos quatro anos (foto: AFP PHOTO/YASUYOSHI CHIBA )

Empresa de petróleo e gás com o maior endividamento do mundo, a Petrobras anunciou ontem o novo plano de negócios justamente focado em reduzir a alavancagem até 2018. Para isso, a companhia vai reduzir 37% nos investimentos entre 2015 e 2019 (em relação ao plano de 2014 a 2018) e colocar em prática um programa ousado de venda de ativos, que pretende recuperar ao caixa da empresa US$ 15,1 bilhões até 2016 e mais US$ 42 bilhões entre 2017 e 2018. Para alcançar o objetivo, o plano foi todo construído em cima de novos parâmetros de mercado, mais realistas, e com foco específico no setor de produção e exploração de óleo e gás.

O plano de investimento da companhia foi reduzido para US$ 130,3 bilhões, sendo que 83% do total previsto, ou US$ 108,6 bilhões, serão investidos em Exploração e Produção. O presidente da Petrobras, Aldemir Bendine, ressaltou que as premissas acompanham a nova realidade. O plano anterior previa preço do barril de brent em US$ 120. Hoje está em US$ 60. “Também estamos diante de uma taxa cambial diferente. Tudo foi revisto para colocar a empresa num rumo gerencial correto. Nós queremos reduzir o endividamento e focar a rentabilidade da empresa”, afirmou.

Em Minas Gerais, uma das expectativas quanto ao plano de desenvestimento da Petrobras está relacionado à continuidade das obras da fábrica de amônia em Uberaba, no Triângulo Mineiro. Em coletiva à imprensa, Bendine citou a planta como parte dos projetos que estariam hibernados, ou paralisados pela estatal, por gerar produto, atualmente, com baixa demanda no mercado. O tempo de paralisação não foi detalhado. No entanto, segundo publicou em sua página no facebook o prefeito de Uberaba, Paulo Piau, a companhia já teria investido na planta, no Triângulo Mineiro R$ 1,2 bilhão. Segundo o prefeito a Petrobras está dependendo das obras do gasoduto entre o interior de São Paulo e o Triângulo, que vai garantir seu funcionamento após o término das obras.

“Fui informado de que tudo depende de o governo de Minas decidir sobre a construção do gasoduto. Esta semana vou fazer marcação cerrada em Belo Horizonte, na Cemig, na Gasmig. Não se trata apenas de Uberaba. A fábrica da Petrobras, e o próprio gasoduto, por si só, são empreendimentos importantes para Minas e para o Brasil”, publicou o prefeito. Com investimento previsto de R$ 1,95 bilhão, a expectativa é que a fábrica entre em funcionamento em 2017.

Meta é reduzir endividamento

A Petrobras, que hoje tem uma alavancagem cinco vezes maior que sua geração de caixa, pretende reduzir o endividamento líquido para menos de 40% até 2018 (o equivalente a três vezes a geração de caixa) e para menos de 35% a partir de 2020 (2,5 vezes o caixa). Para isso, diminuiu também a previsão de produção, que antes era de 4,8 milhões de barris diários em 2020, para 2,8 milhões de barris diários. “Não podemos comemorar que a maior empresa do Brasil vai cortar quase 40% de investimentos e reduzir sua expectativa de produção pela metade. Por outro lado, o plano é positivo porque, pela primeira vez em 10 anos, é um projeto realista diante do mercado de óleo e gás”, avaliou o diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), Adriano Pires.

O foco na atividade-fim, de produção e exploração de óleo e gás, ficou evidente no plano, que deixou de lado projetos em outros segmentos, como petroquímicos e fertilizantes. Do total de US$ 108,6 bilhões, 86% serão alocados para desenvolvimento de produção; 11% para exploração; e 3% para suporte operacional. Serão destinados US$ 64,4 bilhões a novos sistemas de produção no Brasil, dos quais 91% no pré-sal. As diretrizes mostram que a estatal decidiu se concentrar, sobretudo, na produção do pré-sal, deixando a área de exploração apenas com obrigações previstas nos contratos.

No plano de investimentos total, apenas uma parcela de 10% dos recursos será destinada a abastecimento, cerca de US$ 12,8 bilhões. “Isso é preocupante. Pode significar que o país ficará mais dependente das importações de derivados de petróleo”, ressaltou Pires. O diretor de Abastecimento da Petrobras, Jorge Celestino Ramos, afirmou que, atualmente, o Brasil importa cerca de 300 mil barris de derivados por dia. “Com as obras para completar as unidades de refino da Rnest e Comperj, a previsão é que a importação caia para 250 mil barris por dia até 2018”, explicou.


Sem reajuste da gasolina


A Petrobras não prevê aumento de combustíveis no curto prazo, garantiu ontem o presidente da empresa, Aldemir Bendine, ao anunciar o novo plano de negócios da companhia. “Fazemos a medição de preço todo o dia, para avaliar a paridade com o mercado internacional. Hoje, a margem é positiva e não há, a curto prazo, necessidade de aumento. Mas isso é um exercício diário. Se houver necessidade a empresa vai praticar aquele preço que a remunere”, disse. Bendine lembrou, ainda, que o atual cenário no país é de queda na demanda por combustíveis.

O presidente da petroleira também descartou a possibilidade de capitalização da Petrobras, com aporte do Tesouro Nacional ou nova emissão de ações, e assegurou ainda que não haverá leilões do pré-sal tão cedo, o que poderia exigir da companhia mais capacidade financeira, uma vez que ela é obrigada a participar com 30% em todos os novos investimentos. “Nova capitalização não passa pelo horizonte da empresa. E também não há previsão de leilão de pré-sal tão cedo. Ainda estamos discutindo o modelo de cessão onerosa”, destacou.

Para o diretor do Centro Brasileiro de Infraaestrutura (CBIE), Adriano Pires, é lamentável que o Brasil fique à espera da Petrobras para fazer novos leilões do pré-sal. “O país é muito maior do que a empresa”, comentou. Pires também desconfia que o plano de vender US$ 15,1 bilhões em ativos em dois anos e mais US$ 42 bilhões até 2018 tenha sido superdimensionado. “Os montantes são muito altos, quem disse que o mercado vai pagar por eles. Os US$ 42 bilhões são quase o valor de mercado da companhia hoje”, destacou.

Para o presidente da companhia, contudo, a expectativa é de que os valores de venda de ativos possam até superar as previsões feitas no plano de negócios. “Tenho a expectativa de ser surpreendido de forma positiva pelo valor de alguns ativos. Mas o mercado é que vai dizer”, argumentou Bendine. O mercado não recebeu bem a notícia. No início do pregão, quando se assumiu que o plano foi feito em cima de premissas mais realistas, as ações da petroleira até subiram. Mas assim que os números dos cortes foram anunciados, os papéis voltaram a cair. Os preferenciais, que atingiram R$ 13,59 no início da manhã, fecharam com queda de 3,48% cotados em R$ 12,75. As ações ordinárias, que bateram em R$ 15,05 na máxima do dia, registrara queda de 4,09% ao fim do dia, precificadas em R$ 14,04.


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