
Hoje, pelo menos 40 municípios do estado já cultivam a espécie para extração do azeite. São cerca de 60 produtores concentrados principalmente no Sul de Minas, na região de Maria da Fé e Aiuroca, na Serra da Mantiqueira, e nas proximidades de Barbacena, na Região Central do estado. Como a oliveira pede terrenos de altitude e baixas temperaturas, as cultivares desenvolvidas pela Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig) estão prosperando com excelente adaptação nessas regiões. Elogiado por especialistas europeus, o azeite mineiro alcança preços que no varejo chegam a R$ 140 por litro.
Colhido a partir de azeitonas sadias, o azeite feito no Brasil, além da excelência na qualidade, leva uma vantagem em relação ao concorrente importado: pode ser consumido fresquinho, sem passar por longo período de armazenagem. “É um produto de ótima qualidade, extravirgem e que chega rapidamente ao consumidor. O ideal é que o azeite seja consumido dentro do seu ano de produção. Depois disso, ele já começa a perder algumas características”, explica Nilton Caetano de Oliveira, consultor e ex-presidente da Associação dos Olivicultores dos Contrafortes da Mantiqueira (Assoolive).
Aposta
A possibilidade de retorno diante dos bons preços alcançados no mercado tem atraído produtores, mesmo que os investimentos iniciais sejam altos e o retorno, de médio prazo. Segundo Nilton Oliveira, nos primeiros quatro anos, são necessários R$ 30 mil por hectare, sendo que 50% desse recurso é gasto logo nos primeiros 12 meses. Em média, as propriedades de Minas têm de 10 a 15 hectares com oliveiras. O volume de investimentos ainda tem sido feito, em sua maioria, sem financiamentos. Na região de Aiuroca, as produtoras Ângela Duvivier e Isabel Carneiro trocaram o Rio de Janeiro pela Reserva do Sauá. Além de trabalhar para preservar a natureza, elas incluíram as oliveiras na vida nova. A primeira colheita foi de 300 quilos. Neste ano, a segunda safra, colhida 100% manualmente, já saltou para 12 toneladas, transformadas em 1,2 mil litros de azeite. “O produto é tão bom que mais parece um suco de oliva”, descreve Ângela, que vai vender garrafas de 250ml por R$ 40, preço que é reduzido na venda por atacado. “Estamos gostando muito da experiência. O clima aqui é próprio, é frio e as chuvas do verão têm boa drenagem. Buscávamos uma atividade que pudesse contribuir para sustentar a reserva”, explica a produtora.

Desde que o primeiro azeite de oliva brasileiro foi extraído em Maria da Fé, em 2008, a produção mineira só cresceu. No ano passado, foram 10 mil litros. Para este ano, a expectativa é que o resultado mais que dobre. Luiz Fernando de Oliveira, pesquisador da Epamig, explica que tem aumentado o interesse de produtores, buscando a empresa para informações técnicas sobre a cultura. Hoje, são 700 mil oliveiras plantadas na Serra da Mantiqueira e o potencial do estado é para atingir até 3,5 milhões de litros de azeite na próxima década.
As oliveiras brasileiras ainda são jovens e não atingiram sua plena produção, isso sem contar as nova florestas que se iniciam. Estudos europeus mostram que a partir do quarto ano de vida a produção é crescente, estabilizando perto do 12º aniversário. E não é porque o ramo da oliveira sinalizou para Noé que depois do dilúvio ainda havia vida na terra que a árvore é conhecia como a espécie da vida. “Na europa, existem registros de oliveiras com 200 anos em plena produção”, lembra o pesquisador.