Depois de destinar investimentos da ordem de R$ 350 milhões a uma unidade hospitalar em Belo Horizonte, implantada na Avenida do Contorno em área do antigo Mercado Distrital da Barroca, a Rede Mater Dei de Saúde anuncia novo aporte de R$ 150 milhões na construção de um hospital em Betim, na Grande BH. A fase de projetos está em andamento e a expectativa é de que o Mater Dei Betim opere com 250 leitos em terreno de 260 mil metros quadrados, localizado na Via Expressa, a 12 quilômetros de Centro de Contagem. A expansão da rede hospitalar atende ao crescimento da demanda de usuários de planos de saúde.
Só na capital mineira, onde mais de 50% da população tem convênio médico, o número de beneficiários avançou 40% nos últimos 10 anos, atingindo 1,3 milhão, número que salta para 2,2 milhões na Região Metropolitana. Construída em área de 65 mil metros quadrados a unidade Contorno do Mater Dei, inaugurada em junho do ano passado, propõe modelo inovador em pronto-socorro, um dos gargalos do sistema em todo o país. Atendendo à média de 350 pacientes por dia, a urgência e emergência já estão sendo testadas pelos usuários e têm capacidade para, de imediato, atender o dobro de pacientes, contribuindo para desafogar o sistema de saúde de BH.
Além de 314 leitos entre internação e Centro de Terapia Intensiva (CTI), centro de diagnóstico e oncologia, a unidade Contorno opera com o pronto-socorro que é uma síntese de iniciativas de sucesso desenvolvidas na Europa, Estados Unidos e Austrália, avaliadas durante estudo que durou dois anos até a consolidação do modelo. O hospital tem capacidade para receber até 2 mil pacientes ao dia, entre adultos e crianças, usuários de mais de 80 convênios médicos.
Diferentemente das estruturas tradicionais, o Pronto Atendimento (PA) obedece a um fluxo inteligente para otimizar o tempo (veja quadro). Ao dar entrada no hospital, o usuário trilha um fluxo determinado, com agilidade e atendimento individualizado e não concorre com pacientes de maior risco. O usuário que recebe a cor verde, menos grave, pode ser atendido em menos de uma hora, quando esse tempo no país pode variar de três a quatro horas de espera, prazo que é apontado como um dos principais motivos de insatisfação nas urgências. Casos graves, que envolvem risco de morte, já chegaram a ser atendidos no pronto-socorro em 10 minutos, quando a literatura médica prevê uma média segura de 60 minutos.
“O projeto e a construção da unidade Contorno nasceram para suportar a demanda de nossos clientes e da nossa cidade. Não poupamos investimentos”, diz Márcia Salvador Geo, médica e vice-presidente assistencial e operacional da rede Mater Dei de Saúde. Ela explica que em uma unidade de urgência o tempo é essencial para que o usuário obtenha o melhor resultado da tecnologia e corpo clínico disponíveis. O tempo de entrada no PA da nova unidade até o encontro com o médico é menor para todos as modalidades.
Operando há oito meses o serviço alcançou a aprovação do usuário, segundo o diretor técnico da rede, Sandro Chaves. O executivo reforça que o PA é capaz de atender 114 pacientes ao mesmo tempo sem a sensação de congestionamento e observa que pesquisa recente apontou 84% de satisfação do usuário, acima da média mundial. “Os resultados mundiais apontam para um índice de 75% de satisfação.” Professor de urgência e emergência na Faculdade de Medicina da UFMG, Renato Couto explica que neste modelo de atendimento o resultado está ligado à capacidade de organização do Pronto Socorro, de estabelecer fluxos em tempos corretos, o que envolve exames, diagnóstico e procedimentos.