(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas

Com onda de demissões em montadoras de SP, mineiros querem retornar

Trabalhadores que saíram de Minas Gerais nas décadas de 1970 e 1980 em busca de trabalho acreditam que o ciclo de empregos no setor chegou ao fim


postado em 25/01/2015 00:12 / atualizado em 25/01/2015 07:38

Paulo Henrique Lobato - Enviado especial

São Bernardo do Campo – Ao longo das últimas décadas, as montadoras de automóveis reduziram drasticamente seus quadros de funcionários. “A montadora em que eu trabalhava contava com 42 mil empregados. Hoje, são em torno de 13 mil”, recorda Waldomiro Ferreira dos Santos, de 67. Natural de Brasília de Minas, no Norte do estado, ele chegou a São Bernardo do Campo em 1969, aos 22 anos. “Se fosse hoje, ficaria em minha cidade, pois a região está mais desenvolvida. Naquela época, não havia empregos. Hoje há”, justifica. Ele se refere ao polo industrial no entorno de Montes Claros.

Waldomiro se aposentou na Volkswagen. Tanto ele quanto vários outros metalúrgicos aposentados nas fábricas do ABC planejam voltar para Minas: “Minha ideia é retornar assim que meu caçula se formar em engenharia”. Ele foi um dos cerca de 60 mil grevistas na famosa paralisação do setor no ABC em 1980: “Começou em 1º de abril e durou 41 dias. Lembro-me que houve confronto com a polícia”. O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, uma das lideranças do movimento à época, foi preso por agentes do Dops.

Retorno José Emílio de Souza, de 59, também quer voltar para Minas. Nascido em Braúnas, no Vale do Rio Doce, deseja morar no sítio em que cria um campolina bom de cela, como garante. “Cheguei ao ABC em 1974, quando minha região não oferecia muito emprego. Consegui uma vaga na Arteb, que produz autopeças. Se fosse hoje, ficaria por lá, pois tudo mudou muito.” Hoje, ele ganha a vida na Associação dos Metalúrgicos Aposentados do ABC, onde também trabalha Dimas Aleixo Filho, natural de Timóteo, no Vale do Aço.

Seu Dimas, de 66, chegou a São Bernardo do Campo em 1972. “Tinha 24 anos. Vim em busca de emprego.” Ele conseguiu trabalho na Borg Warner, fabricante de embreagem e, mais tarde, na Rolls Royce. Conheceu a mulher na cidade e tem um filho, que é formado em educação física. “A região está bem diferente de quando eu cheguei. Hoje, se eu tivesse a mesma idade, ficaria no Vale do Aço, porque agora há emprego lá. O ciclo mineiro, de gente que nasce em Minas e vem para cá em busca de emprego nas montadoras, praticamente acabou”, garante.

OUTROS TEMPOS

A força dos operários

Das empresas de metalurgia do Grande ABC, surgiu o sindicato da categoria, uma entidade cuja organização e força política criaram duas situações. De um lado, projetaram diretores a cargos importantes na política nacional. De outro, afastaram investimentos. O ex-presidente Lula, por exemplo, é ex-sindicalista mais famoso do ABC. Luiz Marinho, ex-funcionário da Volkswagen e atual prefeito de São Bernardo do Campo, foi presidente do sindicato e da CUT, além de ministro do Trabalho no governo Lula. O deputado federal Vicentinho também ocupou a presidência de ambas entidades. Por outro lado, algumas empresas deixaram de aportar por aquelas bandas para evitar a força do sindicato. (PHL)


receba nossa newsletter

Comece o dia com as notícias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, faça seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)