Os reajustes de energia elétrica, que começaram a comprometer o orçamento dos brasileiros neste ano, serão ainda maiores em 2015, e podem passar de 30%. Mas, além de preparar o bolso, os consumidores precisam aprender a economizar. A cada dois anos, o Brasil desperdiça, em eletricidade, o equivalente à produção anual de uma usina do porte de Itaipu — são R$ 11 bilhões por ano jogados fora. Com a atual escassez de água e a conta de luz nas alturas, o país não deveria se dar a esse luxo. Bastaria recorrer a medidas simples de racionalização do consumo, sobretudo entre as famílias, responsáveis pelo maior desperdício — quase um terço do total —, para conter um bem cada vez mais precioso.
A adoção das bandeiras tarifárias, novo sistema que vai aumentar a conta de luz mensalmente quando as condições de geração forem desfavoráveis a partir de 1º de janeiro de 2015, vai alertar o consumidor sobre o maior custo da energia e pode provocar uma maior racionalização do consumo de forma espontânea, esperam os especialistas. Com bandeira vermelha, no caso de acionamento de termelétricas que geram a energia mais cara do mercado, a fatura será acrescida de R$ 3 a cada 100 quilowatt-hora (kWh) consumidos. A bandeira amarela acrescenta R$ 1,50 a cada 100kWh.
Para o presidente da Abresco, Rodrigo Aguiar, é preciso estar atento ao fato de que a alta da tarifa será três vezes maior do que a inflação em 2015 porque a sinalização da bandeira deve permanecer vermelha o ano todo. "Não dá mais para desperdiçar. A energia gasta desnecessariamente no país em seis anos poderia ter sido poupada caso as empresas e as residências brasileiras tivessem tomado medidas de eficiência energética", alerta. Ele observa que o brasileiro não tem a cultura de se preocupar com o desperdício. "Isso representa prejuízo de R$ 11 bilhões por ano com energia", avalia.
LIÇÃO DE CASA Com o rombo do setor elétrico, que alcançou mais de R$ 70 bilhões e, infelizmente, vai ser coberto pelo consumidor a partir de 2015, e ainda a adoção das bandeiras tarifárias, não há saída senão a economia. "Para não pagar caro é preciso fazer a lição de casa. É possível economizar entre 30% e 50% sem fazer sacrifício, sem se privar de nada", ensina Aguiar. Trocar equipamentos obsoletos por novos, com mais eficiência energética, desligar aparelhos que ficam em modo stand by, afastar a geladeira da parede para que a maior ventilação exija menos esforço do motor e tomar banhos mais rápidos são algumas dicas importantes.
Daniela Santos, funcionária da Defensoria Pública, já começou a adotar algumas medidas depois que a conta de luz, que costumava ficar entre R$ 160 e R$ 170, saltou para R$ 250. "Sabemos que, no ano que vem, vai ser pior. Por isso, mudamos as lâmpadas de toda a casa pelas que consomem menos. Desligo o forno elétrico e vou colocar sensores nas luzes que precisam ficar acesas à noite", enumera. Os computadores, que ficavam ligados 24 horas por dia, agora são desligados quando não estão em uso. O filho dela, o publicitário Leandro Freitas Reis, 27 anos, dá outra dica: "Ao sair para viajar, tiramos tudo das tomadas e esvaziamos a geladeira para poder desligá-la", conta.