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Estado de Minas CONJUNTURA

Déficit nas contas externas deve chegar a US$ 86,1 bi; o maior da história

Se o número for confirmado, o saldo negativo acumulado em quatro anos de governo Dilma Rousseff chegará a assustadores US$ 274 bilhões


postado em 20/12/2014 06:00 / atualizado em 20/12/2014 07:23

Brasília – Em meio ao quadro de grandes incertezas na economia global, o Brasil vai amargar rombos históricos nas contas externas neste ano e no próximo. Ontem, o Banco Central (BC) revisou para cima a previsão do déficit nas transações com o exterior em 2014, passando a prever um buraco de US$ 86,1 bilhões, o maior da história. Confirmado esse número, o saldo negativo acumulado nos quatro anos do primeiro governo da presidente Dilma Rousseff chegará a assustadores US$ 274 bilhões — cinco vezes mais do que os US$ 54,7 bilhões registrados em oito anos da administração do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

É uma situação que deixa a economia fragilizada. Nos últimos 12 meses, a diferença entre o que o país pagou e o que recebeu nas transações de comércio, serviços e rendas com o exterior, chegou a US$ 88,6 bilhões. O valor representa 4,05% do Produto Interno Bruto (PIB), o índice mais elevado desde 2001. É um nível observado normalmente em economias em crise. Não é a toa que o Brasil, ao lado de Índia, África do Sul, Turquia e Indonésia, figura na lista das nações, conhecidas como “cinco frágeis”, com maiores desequilíbrios nas contas correntes, de acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI). Entre elas, o Brasil registrou a deterioração mais acentuada nos últimos anos.

O diretor do Departamento Econômico do BC, Túlio Maciel, explicou que a piora nas estimativa do BC, que previa, até agora, um déficit de US$ 80 bilhões em 2014, ocorreu porque, mesmo com a atividade econômica estagnada, o Brasil deverá fechar o ano com um saldo negativo de US$ 2,5 bilhões na balança comercial, que contabiliza as exportações e as importações. A previsão é superior à dos analistas de mercado, para os quais a conta no vermelho será de US$ 1,6 bilhão. O desequilíbrio comercial, o primeiro que o país amarga desde 2000, se deve, segundo Maciel, à “desvalorização de commodities com peso importante nas exportações brasileiras, como minério de ferro, além do saldo negativo na conta petróleo”.

Em novembro, especificamente, as contas externas tiveram o pior resultado para o mês em toda a série história do BC, iniciada em 1995: um déficit de US$ 9,33 bilhões. Em dezembro, deverão ser mais US$ 6,2 bilhões. O problema seria um pouco menos grave se o país estivesse recebendo investimentos diretos do exterior (IED), recursos de longo prazo, em volume suficiente para cobrir o rombo anual. Pelas projeções da autoridade monetária, contudo, entrarão na economia este ano US$ 63 bilhões em IED. Será preciso contar com US$ 23 bilhões em capitais especulativos aplicados no mercado financeiro, que podem deixar o país em situação de crise.

Em novembro, investidores estrangeiros retiraram US$ 389 milhões de títulos de renda fixa brasileiros. Neste mês, até o dia 17, a saída atingiu US$ 3,352 bilhões. Ou seja, o país está vulnerável, num momento em que a crise na Rússia, a desaceleração da China e a perspectiva de aumento de juros nos EUA criam um cenário desfavorável aos emergentes. “É natural o movimento de fuga de capitais. Está todo mundo em compasso de espera para os próximos meses”, afirmou Samy Dana, professor de finanças da Fundação Getulio Vargas de São Paulo. “Se houver maior aversão ao risco, isso poderá afetar fluxos financeiros e, em última análise, a entrada de investimento estrangeiro direto no país, que ainda enfrenta todos os problemas da Petrobras”, avaliou o economista Silvio Campos Neto, da Tendências Consultoria.

Dólar caro faz turista colocar o pé no freio

A forte alta do dólar nos últimos meses começa a frear os gastos dos brasileiros no exterior. De acordo com o Banco Central, as despesas somaram US$ 1,72 bilhão em novembro. Foi o menor volume para o mês desde 2011, quando a conta ficou em US$ 1,57 bilhão. É também o segundo período consecutivo de redução. Em 2013, os turistas nacionais gastaram 17% mais que no ano anterior. A previsão é que este ano o crescimento fique em 2,6%, com o total somando US$ 18,3 bilhões.

“O recado é que essa conta, que subiu muito nos últimos anos, pare de crescer”, avaliou Silvio Campos Neto, economista da Tendências. Segundo ele, “a escalada do câmbio não reverteu totalmente o movimento porque muita gente já tinha contratado viagens, e não tem mais como cancelar”, considerou. Daqui por diante, porém, a redução deve se acelerar.

Campos Neto alerta para o fato que “com um cenário de renda menor, as pessoas já estão com medo de perder emprego, e tudo isso pesa na decisão de viajar ou não”. Além disso, o dólar mais elevado encarece o preço de hotéis e passagens, cotados em moeda estrangeira, além dos produtos comprados lá fora.

Desde setembro, a moeda norte-americana já registrou valorização de 11%, passando de R$ 2,39 para R$ 2,65. E a divisa não dá sinais que vá cair tão cedo, mesmo com o anúncio da nova equipe econômica. Todas as sinalizações do mercado, por ora, apontam para uma alta maior neste ano e no próximo. (CP)


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