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Estado de Minas PETRÓLEO

Corrupção corrói força da Petrobras e afeta economia nacional

Sozinha, estatal responde por 13% do PIB e agrega R$ 3 a cada R$ 1 que aplica, mas investimentos estão em queda


postado em 23/11/2014 07:29 / atualizado em 23/11/2014 07:48

Brasília - Mais do que abalos políticos, os escândalos de corrupção na Petrobras podem afetar diretamente a economia nacional. Maior empresa brasileira, a estatal responde por 13% do Produto Interno Bruto (PIB) do país. Para se ter uma ideia da sua importância, para cada R$ 1 que investe são gerados outros R$ 3 na atividade econômica. Um corte de 10% no plano de negócios da petroleira poderia, por sua vez, tirar de 0,1 a 0,5 ponto percentual do PIB. Se considerar a estimativa do mercado, uma expansão de só 0,8% em 2015, a redução poderia pôr o Brasil rapidamente na recessão.

Desde o ano passado, quando investiu R$ 104,4 bilhões, a Petrobras vem colocando o pé no freio dos seus projetos. Para este ano, a previsão é investir R$ 84,5 bilhões e, para o próximo ano, R$ 83,4 bilhões. Sem a publicação do balanço financeiro do último trimestre, que deverá apresentar baixas contábeis de até US$ 10 bilhões, cerca de R$ 25 bilhões, a companhia está praticamente impedida de aumentar sua dívida em títulos e, por tabela, levar adiante o seu bilionário programa de investimentos.

Para o diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), Adriano Pires, tudo conspirou contra a Petrobras. "Além das denúncias, da prisão de diretores e do endividamento astronômico, a empresa não consegue cumprir a meta de produção e, para piorar, o preço do barril de petróleo caiu no mercado internacional", lista. Se os desdobramentos da atual crise levarem à perda do grau de investimento da empresa, ele acredita que a estatal pode ficar inadimplente em 2015.

"Com toda a desconfiança que a cerca, os investidores vão exigir um prêmio maior nos seus títulos. Se for rebaixada, a coisa vai ficar insustentável e a empresa não terá como se refinanciar. Se quebrar, vai levar a economia junto", destaca. Ele lembra que o ramo de petróleo e gás equivale a 13% do PIB. "Como o governo optou pelo modelo monopolista, 99% do setor é Petrobras. Além de vendedora quase exclusiva, quem oferece bens e serviços ao setor depende da estatal", sublinha. Pires alerta, ainda, para contenções de gastos já feitas pela petroleira, como os contratos com a IESA, no Rio Grande do Sul.

Impacto Cálculos de especialistas dimensionam o peso da Petrobras no PIB. A Tendência Consultoria estima que cada R$ 1 em investimento da petroleira gera R$ 1,9 na economia. Para a LCA Consultores, o mesmo R$ 1 se multiplica em R$ 3. "Não são só as denúncias que estão tirando o poder de investimento da empresa. Os cálculos do plano da Petrobras projetavam o barril de petróleo a mais de US$ 100. Está cotado a US$ 80. O dólar foi projetado em torno de R$ 2,23 e está em mais de R$ 2,50. Tudo isso alterou a capacidade de investimento dela, que tem dívidas superiores a R$ 300 bilhões", ponderou Pires.

Para Francisco Petros, economista e ex-presidente da Associação Brasileira dos Analistas e Profissionais de Investimento do Mercado de Capitais (Apimec-SP), o impacto de uma redução de investimentos da Petrobras será enorme porque ela investe cerca de 4% do PIB, praticamente um quarto de toda a formação bruta de capital fixo realizada no Brasil, calculada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 16,5% do PIB no segundo trimestre. "É muita coisa. A empresa precisa refinanciar a dívida para manter o plano de negócios e, no curto prazo, os escândalos afetam sua capacidade de emitir títulos para rolar a dívida e continuar investindo, com efeito em toda a economia", destaca.

Petros lembrou que o problema pode não estar apenas no balanço do terceiro trimestre, ainda não publicado. "Acredita-se, inclusive com base em conferências públicas da área de relações com os investidores da petroleira, que as demonstrações financeiras entre 2006 e 2014 podem estar erradas. Todos os relatórios de auditoria produzidos por empresas de auditoria independente que atuavam na Petrobrás não continham ressalvas sobre aspectos relevantes que pudessem afetar as demonstrações financeiras da empresa", lembra. Com isso, a indução ao erro pode ter sido generalizada, afetando o rating da companhia pelas agências de classificação de risco. "A petroleira pode perder contratos e financiamentos", resume.

Melhora Pelos cálculos de Robson Pacheco de Souza, analista de investimentos e consultor, houve uma melhora na participação da Petrobras em relação ao PIB na comparação entre o primeiro semestre de 2014 e o mesmo período do ano anterior. "Tanto devido ao crescimento das vendas do ano corrente, de R$ 163,8 bilhões contra R$ 146,1 bilhões em 2013, como também por conta da retração do PIB de 0,9% no mesmo período. Isso representou uma maior participação da Petrobras, que subiu de 11,6% em 2013 para 12,89% em 2014. Ou seja, a Petrobras aumentou a importância na economia nacional", afirma.

Pacheco não é tão pessimista, embora admita que o impacto da Petrobras no PIB é grande. "A empresa é a primeira na pauta de importações e exportações. Qualquer abalo reflete também na arrecadação. Mas acredito que, no longo prazo, a empresa ainda é uma boa opção e a limpeza que está sendo realizada agora vai ser positiva. Quando passar esta turbulência política, ela vai sair com um novo modelo de governança corporativa, com mais transparência, e isso vai valorizar a empresa", estima. Para o consultor, a Petrobras deve ajustar investimentos entre os próximos quatro e seis meses. "Ela não tem como parar de investir. A redução ocorreu por conta do atraso em obras de refinarias e por problemas políticos. Vai acelerar depois que passar a turbulência", projeta.

O plano de negócios da petroleira mantém a projeção de investimentos para 2014-2018, de US$ 220,6 bilhões, a mesma tendência de sua média estimada no último triênio 2011-2014, de US$ 224,5 bilhões, calculou Pacheco. "Se no triênio anterior os planos de investimentos estavam concentrados na ampliação da capacidade produtiva de óleo e gás, em especial nas bacias de Campos e Santos, equivalentes a 82% dos recursos, o atual mantém uma relação próxima, destinando 70% do total em exploração e o restante em infraestrutura e logística. Porém, os resultados devem ser sentidos somente após 2020, por isso, no longo prazo as ações da empresa são recomendáveis", diz.

CUIDADO COM O NATAL

Não raro, os excessos no fim de ano resultam numa temporada de dívidas a partir de janeiro, conta o educador financeiro Mauro Calil. “Não adianta ter um Natal bom e o resto do ano terrível. É melhor se sacrificar um pouquinho agora para não ficar com a corda no pescoço em 2015”, diz. Por isso, recomenda Calil, o mais adequado nesta época é evitar gastos extras e fugir do cheque especial e do cartão de crédito. “Uma boa dica é usar o 13º para quitar as dívidas ou tentar reduzi-las ao máximo”, ensina.

Não bastassem as tentações de fim de ano, os brasileiros também terão que se preocupar com os movimentos da política monetária, que poderão tornar a fatura com o banco ainda mais salgada. Em geral, a cada alteração na taxa Selic as instituições financeiras também passam a pagar mais caro para tomar dinheiro emprestado. “Significa dizer o seguinte: a qualquer momento, se houver aumento da Selic, como está tendo agora, este reajuste tende a ser imediatamente repassado para o consumidor, que terá de arcar com um encargo financeiro bem maior para a mesma dívida contraída”, assinalou o economista Luiz Rabi.


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