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Estado de Minas

Banco deve segurar repasse de taxas ao consumidor

Executivo do Bradesco avalia que concorrência impede elevação automática das tarifas bancárias. Expectativa é que mesmo com juros elevados volume de crédito pode crescer


postado em 31/10/2014 06:00 / atualizado em 31/10/2014 07:45

Com taxas do cheque especial batendo recorde, instituições financeiras dizem que decisão do Copom terá pouco impacto para os consumidores(foto: Edesio Ferreira/EM/D.A Press)
Com taxas do cheque especial batendo recorde, instituições financeiras dizem que decisão do Copom terá pouco impacto para os consumidores (foto: Edesio Ferreira/EM/D.A Press)
Os consumidores, sobretudo aqueles que vão à compras nesse período de fim de ano, vão sentir no bolso o peso dos juros mais altos, mas os bancos não devem engrossar esse aumento de custos. Apesar do pequeno repique da inadimplência e de o Banco Central (BC) ter elevado a taxa básica de juros (Selic), em 0,25 ponto percentual (para 11,25% ao ano), os bancos não deverão repassar a alta às tarifas. A análise foi feita ontem pelo diretor executivo adjunto do Bradesco, Moacir Nachbar, ao anunciar o resultado do terceiro trimestre da instituição financeira. “Não acredito que a elevação da Selic vá ter impacto para o consumidor. A princípio, não vai haver repasse. A concorrência impede um reajuste alto”, destacou.

As contradições não acabam por aí. Ele reforçou, inclusive que, após o frustrante período da Copa do Mundo - que não movimentou a economia como se esperava - , seguido da tensa campanha eleitoral, o volume de concessão de crédito, no curto prazo, deve crescer. “Passada a Copa e as eleições, esperamos um crescimento maior do crédito, no último trimestre de 2014”, disse Nachbar. A conjuntura, no entanto, não é de todo salutar. O executivo admitiu que, no ano, a liberação de dinheiro emprestado irá encolher, quando comparada a 2013.

O banco está mais comedido e revisou a previsão de crescimento da carteira de crédito em 2014, de 10% a 14% para algo entre 7% e 11%. As operações de crédito totais do Bradesco, no terceiro trimestre, somaram R$ 444,2 bilhões, superiores em 2,1%, em relação ao segundo trimestre e avanço de 7,7%, em 12 meses. O destaque, mais uma vez, ficou por conta das linhas consideradas mais seguras: o crédito imobiliário (R$ 16,7 bilhões), com alta de 7,5%, e o crédito consignado (R$ 28,73 bilhões), que cresceu 18,5%, ambos na comparação com 2013.

Mas foi justamente nessas linhas que a inadimplência acima de 90 dias teve uma pequena alta para 3,6% ante os 3,5% do trimestre anterior. A justificativa, segundo Nachbar, foi que o calote ocorreu em casos pontuais, em operações com clientes corporativos, no segundo trimestre. “Não vemos riscos sistêmicos de aumento da inadimplência”, afirmou, embora o banco tenha registrado aumento da despesa com provisões para perdas com inadimplência, que teve uma avanço de 16,2%, em relação ao terceiro trimestre do ano passado, subindo para R$ 3,348 bilhões.

Balanço O Bradesco, segundo maior banco privado do país, anunciou ontem lucro líquido de R$ 3,875 bilhões no terceiro trimestre de 2014. Uma alta de 2,6% frente ao trimestre anterior e incremento de 26,5% no confronto com o terceiro trimestre de 2013. Nos nove meses de 2014, o banco teve lucro total de R$ 11,227 bilhões, alta de 24,7% em relação ao ano anterior. As receitas com tarifas e serviços foram de R$ 5,639 bilhões de reais, no trimestre, 5,8% acima do trimestre anterior, e 11,6% maior que o mesmo período do ano anterior.

De acordo com o diretor executivo adjunto do Bradesco, o resultado dos serviços se deu mais por conta da oferta de novos produtos aos clientes, que pelo aumento das tarifas. Por fim, Nachbar reforçou que está otimista em relação ao quarto trimestre de 2014, após o Banco Central ter dado sinais de maior preocupação com o controle da inflação. "Parte do mercado não esperava a alta dos juros. A medida foi bem pensada e demonstra o interesse pelo equilíbrio da inflação", destacou.

Poupança ganha de alguns fundos

Com a decisão do Banco Central de aumentar a taxa Selic para 11,25% ao ano ontem, os fundos de renda fixa perdem da poupança na maioria dos cenários previstos pela Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac).

A caderneta perde para fundos de renda fixa com taxa de administração de até 1%, independentemente de quanto tempo os recursos ficarem guardados. No caso dos fundo com taxa de 1,5%, o investidor ganha se o dinheiro for mantido por mais de um ano na aplicação. Há empate se os recursos ficarem aplicados entre seis meses e um ano e a caderneta ganha quando o montante é guardado por até seis meses

Os fundos com taxa de administração de 2% só ganham da poupança se o valor investidor ficar mais de dois anos na aplicação. Em todos os demais prazos a caderneta é vantajosa. Nos fundos com taxa de administração de 2,5% ou mais, a caderneta rende mais do que os fundos em qualquer prazo de resgate.

Isso ocorre porque o rendimento dos fundos de renda fixa sobe junto com a Selic. Já o rendimento das cadernetas, quando a taxa de juros está acima de 8,5%, é fixo em 6,17% ao ano mais a variação da TR. A entidade avaliou que as cadernetas vão continuar se destacando frente aos fundos de renda fixa cujas taxas de administração forem superiores a 2,5% ao ano, normalmente aplicações de valores menores pelo fato que não pagam imposto de renda nem taxas de administração. “Este fato deverá provocar em reduções nos custos das taxas de administração dos bancos para não perderem clientes”, acrescentou a entidade no levantamento.

Considerando uma aplicação em CDB, a Anefac avaliou que o investidor teria que obter uma taxa de juros de cerca de 85% do CDI para atingir o mesmo ganho obtido pela poupança, já que as aplicações em CDBs pagam igualmente IR de acordo com o prazo de resgate da aplicação.

Reforço Mas se em algumas situações a poupança se torna vantajosa, a alta dos juros vai reforçar a rentabilidade dos fundos em que os ganhos superam a caderneta. Para Miguel José Ribeiro de Oliveira, diretor executivo da Anefac, esse ganho de competitividade da renda fixa tende a se consolidar nos próximos meses. “Com essa alta da Selic, que leva em consideração a pressão do câmbio e as tarifas públicas represadas, se abre uma janela e outras elevações devem vir”.

Aval para segurar preços

Apesar do fraco desempenho das vendas de veículos desde o início do ano, o presidente da Anfavea, associação que reúne as montadoras no país, Luiz Moan, disse ontem que o aumento da taxa básica de juros pelo Banco Central, de 11% para 11,25%, foi uma medida necessária para controlar a inflação, e não surpreendeu a indústria que esperava que os juros reais voltassem ao patamar de 5 pontos percentuais. Moan lembrou, no entanto, que a Caixa anunciou nesta quarta-feira um acordo com a Federação Nacional das Distribuidoras de Veículos Automotores (Fenabrave) para oferecer linhas de crédito para compra de automóveis com juros subsidiados.

“É uma maneira (o aumento dos juros) de o governo controlar a inflação, o que é algo extremamente necessário e está em linha com o caminho traçado pelo governo. Dentro do possível o governo e o Banco Central estão atuando. Recentemente foram realizadas duas liberações de empréstimo compulsório, o que ajudou a movimentar o mercado. De agosto para setembro, a liberação de crédito aumentou 11% em relação a agosto. A tendência de alta se manteve em outubro. Estamos voltando ao eixo”, disse Moan, logo após a abertura oficial para o público do Salão do Automóvel de São Paulo.

Rogelio Golfarb, vice-presidente de assuntos institucionais da Ford para a América do Sul, também apoiou a decisão do BC de ajustar para cima os juros. Segundo o executivo, apesar dificultar ainda mais as vendas de veículos no curto prazo, a medida trará equilíbrio para a economia. “Obviamente que o aumento de juros sempre traz desafios a curto prazo. Por outro lado, é fundamental para o setor automotivo ter equilíbrio macroeconômico. Essa medida vem à favor desse equilíbrio, que é fundamental para o país. Sabemos das dificuldades (em vender carros), mas entendemos a necessidade”, disse Golfarb.

Nas gôndolas Para a Associação Paulista de Supermercados (Apas), a alta dos juros evidencia preocupação com uma inflação mais elevada e persistente no cenário econômico atual. A preocupação da entidade é que esta alta dos juros traga um recuo da inflação, “mas sob a pena de um crescimento por mais um ano abaixo do esperado”. “A elevação dos juros vem no sentido de sinalizar a busca pelo controle da inflação, mas não é possível prever até que ponto este processo desinflacionário trará impacto no crescimento econômico brasileiro para 2015”.


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