Há quem estime que a carestia possa alcançar 8% ao ano. O limite estipulado pelo governo para este ano é de 6,5%. “Não tem espaço. A previsão do mercado é de que ficaremos acima da meta até novembro e, em dezembro, contamos com uma desaceleração”, explica a economista e sócia da Tendências Consultoria Integrada Alessandra Ribeiro. Como no último mês do ano passado o governo reajustou o combustível, a base de comparação é muito alta. O IPCA de dezembro de 2013 avançou 0,93% puxado pelo aumento.
Dessa forma, o mercado estima que a inflação fique entre 6,30% e 6,44% no acumulado do ano. “Sem o aumento da gasolina, já estamos muito próximos do teto da meta. Se esse reajuste acontecer na magnitude necessária – dada a situação atual da Petrobras —, vamos estourar esse limite, sem dúvida”, aponta o economista da consultoria LCA Étore Sanchez. Hoje, o custo para produzir gasolina é maior do que o permitido à Petrobras de cobrar dos clientes.
Para uma corrente de economistas, a possível correção no preço do combustível está intimamente ligada ao resultado das eleições, que serão decididas dia 26. “Esse aumento já deveria ter acontecido há algum tempo, mas o cenário político interfere. Existe uma corrente de pensamento que acredita que, caso o atual governo permaneça, é racional darem esse aumento este ano, dado que já têm garantido outro ciclo de quatro anos no poder. Se não, não faz sentido dar esse alívio ao próximo presidente”, analisou um especialista. Para Alessandra, a única manobra possível para que um aumento no combustível não afete o desempenho previsto para o IPCA deste ano é anunciar a correção no último dia de dezembro. “Assim, o impacto viria em janeiro de 2015.”
CARESTIA
Mesmo que o reajuste não ocorra, contudo, os especialistas são unânimes em analisar que o índice de inflação vai fechar o ano em um patamar alto diante do cenário de baixo crescimento. Na quarta-feira, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou o resultado do IPCA para setembro. O indicador acelerou de 0,25% em agosto para 0,57%.
O principal vilão, para a economista da Tendências, é a carestia no setor de serviços, que persiste alta mesmo com o declínio das projeções para o Produto Interno Bruto (PIB), que está hoje abaixo de 1% na estimativa oficial. Em setembro, o índice de serviços avançou 0,77%. Em 12 meses, o aumento acumulado é de 8,58%. O indicador foi impactado, sobretudo, pelas passagens de ônibus, que subiram 17,85%.